Saúde: Hospital de Bauru aprimora atendimento para casos de possível ataque cardíaco

Rápida intervenção médica em pacientes com dor no tórax pode fazer a diferença entre a vida e a morte

ter, 09/01/2007 - 12h35 | Do Portal do Governo

Dores na região torácica têm várias origens e podem indicar tanto doenças leves como mortais. Como esse diagnóstico nos serviços de emergência ou em ambulatórios não é fácil, o Hospital Estadual Bauru criou serviço especializado para receber pacientes que chegam aos prontos-socorros de Bauru queixando-se de dor no tórax. Assim, pessoas com sintomas de possível ataque do coração são rapidamente transferidas para o hospital, que dispõe de cardiologistas em plantão de 24 horas.

Chamado de Unidade de Dor Torácica, o serviço permite o encaminhamento ágil e adequado do doente. A nova unidade não é uma estrutura física nem um prédio, mas sim uma logística de atendimento, com protocolos de conduta e rotinas para que se esclareça o mais rápido possível se a dor é decorrente ou não de problema coronariano, esclarece o diretor-clínico do hospital, o cardiologista Christiano Barros.

“O novo atendimento permite que o paciente chegue ao local a tempo de receber medicamentos e tratamento que diminuem o risco de morte. Pela rotina anterior, a pessoa ficava aguardando até 48 horas por uma vaga na internação. Com a criação da unidade, o tempo foi reduzido para três a quatro horas”, explica o cardiologista.Agilidade – O pronto atendimento e a rápida intervenção do cardiologista podem “fazer toda a diferença entre a vida e a morte”, acrescenta Barros. “O paciente com doença do coração deve ser atendido em até 12 horas a partir do surgimento da dor. Quanto antes, melhor. A intervenção imediata evita a progressão das lesões no músculo cardíaco e uma possível necrose (morte do tecido), e diminui custos hospitalares.” Treinamentos específicos dos funcionários de toda a rede de saúde do município ensinaram como fazer a triagem dos pacientes, a hipótese do diagnóstico e o encaminhamento para tratamento no hospital. Em funcionamento desde maio, o sistema inédito na região recebe em média 70 pacientes por mês.

Do total de pessoas encaminhadas, 30% são internadas para tratamento de problemas cardíacos. Os 70% restantes, após atendimento e avaliação, recebem alta, pois apresentam outros problemas de saúde, entre os quais dor muscular ou abdominal, distúrbio de ansiedade ou crise hipertensiva (pressão alta). “Essa nova rotina evita que quem precisa de pronto atendimento e internação fique na fila, o que pode ser fatal, e apressa o atendimento dos que necessitam de tratamento via ambulatorial”, reforça o diretor clínico.Segunda causa de morte – As doenças do coração, como o infarto do miocárdio e a angina do peito, manifestam-se pela dor torácica, e os sintomas são semelhantes. Indisposição gástrica, dor na “boca do estômago”, formigamento no braço, falta de ar e tontura, mal-estar indefinido no peito são algumas das queixas desses pacientes. Mas, diferentemente de outras dores em que há tempo para diagnosticar a sua origem, no caso da dor coronariana é preciso urgência.

De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia, o infarto do miocárdio mata no Brasil, anualmente, quase 60 mil pessoas. A doença é a segunda principal causa de óbito entre os brasileiros; só perde para acidente vascular cerebral. O índice de mortalidade hospitalar por infarto no País ainda é alto, entre 10% e 15%. Estima-se entre 300 mil a 400 mil infartos anuais no Brasil.

A dor torácica ocorre quando há redução do fluxo na artéria coronária, responsável por irrigar o coração, em virtude de obstrução ou de um espasmo (contração involuntária de um músculo). Nas duas hipóteses, a coronária se fecha e impede a passagem de sangue e oxigênio para o músculo cardíaco. A falta de oxigênio provoca dor, desconforto ou arritmia.

Claudeci Martins

Da Agência Imprensa Oficial