Saúde: Congresso discute distribuição de remédios de forma econômica e racional

Evento será aberto nesta quinta-feira, dia 16

qua, 15/08/2001 - 14h31 | Do Portal do Governo

Sistema de Dose Unitária, ainda pouco utilizado no Brasil, evita erros de dosagem e prescrição, com maior segurança do paciente e economia de recursos

O recente caso da troca de dois medicamentos, um corticóide por um anestésico, que levou a morte de crianças num hospital carioca, seria quase impossível de acontecer se o sistema de distribuição do hospital fosse feito pela ‘dose unitária’. Além de proporcionar economia de até 30% do montante de medicamentos consumidos pelo hospital, a dose unitária apresenta segurança máxima na correta prescrição e dispensação de drogas terapêuticas. Os custos da adoção do sistema – treinamento de pessoal, aquisição de equipamentos básicos, softwares etc. – são compensados pelo fim do desperdício e pela segurança do paciente. A indústria farmacêutica pode contribuir de forma decisiva com este processo, garantindo a produção de medicamentos em dose unitária para hospitais e serviços de saúde, barateando os custos de seu manuseio no ambiente hospitalar.

Essas questões serão os temas centrais do ‘I Congresso Brasileiro de Medicamentos em Dose Unitária’, que começa nesta quinta-feira, dia 16, e vai até 18 de agosto, no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo. O evento sediará também o ‘I Congresso Mundial sobre el Envasado de Medicamentos em Dosis Unitarias’ e o ‘II World Congress on Unit Dose Drug Pachaging’, com a presença de Alberto Tejada, da Organização dos Farmacêuticos Ibero-Americanos, Joaquim Ronda Beltrán (Espanha), considerado o farmacêutico do século, e Gilbert Simon (EUA), que apresentará avanços do Sistema de Dose Unitária, como fracionamento por robôs já utilizado em alguns hospitais dos Estados Unidos. Além de especialistas brasileiros de renome na área, o Congresso contará com a presença de Gonzalo Vecina Neto, presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que participará da mesa redonda ‘Superando Dificuldades da Dose’.

A dose unitária, prática com mais de 30 anos no mundo, é um ‘processo individualizado de distribuição de remédios, garantindo ao paciente o medicamento correto, a hora certa e de acordo com a prescrição certa’, explica o dr. George Washington, diretor farmacêutico do Instituto do Coração (Incor-HC/FMUSP), onde o sistema funciona há quase 20 anos, e também presidente do Comitê Organizador do Congresso.

Segundo ele, o evento será decisivo para a afirmação e expansão da dose unitária no Brasil e vai renovar a mentalidade do empresário brasileiro, que ainda se ampara no argumento de que não há campo para o sistema. ‘O Brasil precisa adquirir maioridade profissional ao lidar com o sistema. Lá fora, a indústria produz e os hospitais compram os kits quase obrigatoriamente. O sucesso da expansão da dose unitária no País está na aderência da indústria ao sistema, porque os hospitais já conhecem suas vantagens’, defende o diretor farmacêutico.

O que é a dose unitária

O processo de distribuição por dose unitária no ambiente hospitalar, que é controlado inteiramente pelo profissional farmacêutico, inicia-se com a prescrição do médico. A farmácia hospitalar recolhe a prescrição, faz uma cópia e, em seguida, devolve a original para a unidade onde o paciente está internado. Com a cópia, a farmácia faz uma triagem para saber se existe alguma interação ou incompatibilidade entre as drogas prescritas, além de verificar possíveis erros na dosagem ou na posologia. Com esse controle, se houver algum equívoco do médico, o erro não chega ao paciente. A etapa seguinte do processo conta com a separação dos medicamentos, distribuídos em recipientes, de acordo com o horário da prescrição, por um período de 24 horas.

Essas doses, acondicionadas em tira plástica transparente, separadas por horário e conferidas pelo farmacêutico antes do envio, chegam à enfermagem que ministrará a medicação.

Segundo o dr. Washington, o processo confere erro mínimo ao sistema, evitando acidentes, como a troca de medicamentos ou sua dosagem inadequada, liberando a enfermagem para suas atividades prioritárias e dando ao médico segurança de que o tratamento medicamentoso prescrito será observado. Em termos de custos, a dose unitária reduz desperdícios de remédios no hospital e otimiza sua distribuição, garantindo a todos os pacientes o débito real do que foi realmente utilizado.