Saúde: Butantan começa a produzir em escalaindustrial vacina contra raiva humana

Custo estimado para cada dose é 30% menor do que o do produto atualmente importado

seg, 20/03/2006 - 17h34 | Do Portal do Governo

Custo estimado para cada dose é 30% menor do que o do produto atualmente importado

A vacina brasileira contra a raiva humana começou a ser produzida pelo Instituto Butantan. O novo imunizante, mais econômico e eficiente, será fabricado em escala industrial. O objetivo inicial é preparar 3 milhões de doses por ano, quantidade suficiente para atender à demanda nacional. O custo estimado para cada dose é de US$ 5, cerca de 30%, menor do que o preço pago atualmente pelo governo federal. Hoje, a vacina importada da França é apenas testada e rotulada pelo Butantan. Com essa iniciativa, o instituto garante novamente independência tecnológica do Brasil nessa área. As doses são aplicadas em casos de pós-exposição (pessoas que tiveram qualquer tipo de acidente com mamíferos) e em situações de pré-exposição (veterinários, traalhadores de canis, laçadores de cães e ecoturistas). No Estado de São Paulo, o último caso de raiva humana foi registrado em 2001.

Novo método – Testada com sucesso em camundongos e macacos, a susbstância passou por prova final. Foi injetada em 200 humanos, em estudo realizado pelo Instituto Pasteur, órgão vinculado à Secretaria da Saúde. Os resultados foram positivos, porque não houve reações significativas de ordem alérgica ou nervosa. Na média dos pacientes, a nova vacina estimulou níveis de anticorpos 30 vezes maiores que os considerados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para neutralizar o vírus da raiva no organismo. Em outubro, a secretaria encaminhou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pedido oficial para registro e autorização de fornecimento da vacina no mercado interno. Essa autorização deve sair em abril.

A qualidade do novo produto é resultado de forma inédita de cultivo do vírus da raiva utilizado como matéria-prima da vacina. O vírus inativado cresce num substrato composto pelas chamadas células Vero, retiradas dos rins do macaco-verde-africano (Cercopithecus aethiops). A diferença em relação à vacina importada é que o método de produção dispensa a utilização de soro animal, o que reduz as chances de contaminação.

São necessárias apenas cinco doses da vacina no braço para ficar imune à doença, após exposição à mordida de cães, gatos ou morcegos. Antigamente era preciso tomar cerca de 40 doses na barriga.

Secretaria da Saúde