Saúde: Ambulatório de Reabilitação do HU atende funcionários da USP com doenças LER/ Dort

Projeto engloba conscientização das unidades de trabalho sobre as condições de mobiliário e a reabilitação dos funcionários afastados

sex, 23/06/2006 - 21h49 | Do Portal do Governo

O Projeto LER/Dort, do Hospital Universitário (HU) da USP poderá, a partir de agora, prestar atendimento a funcionários afastados por lesões causadas pelo trabalho. O Ambulatório de Reabilitação deverá atender, primeiramente, os trabalhadores que estiverem afastados de suas funções. “O local, inaugurado em março deste ano, tem capacidade para atender cerca de 70 pacientes por mês”, estima a médica clínica geral Ana Paula Curi, coordenadora do Programa.

O programa LER/Dort integra diferentes grupos de profissionais (médicos, engenheiro do trabalho, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, representante do Departamento de recursos humanos) que realizam tarefas distintas, evitando ações isoladas e menos resolutivas. Desde a conscientização do que é um ambiente adequado de trabalho e as conseqüências que o contrário disso podem trazer, até a fiscalização desses locais e o acompanhamento do funcionário incapacitado na sua reabilitação e no retorno as funções.

Na Universidade vem sendo feita uma campanha preventiva desse tipo de lesão, por meio de visitas nos locais de trabalho. A tarefa está a cargo do Serviço de Engenharia, Saúde e Medicina do Trabalho (SESMT), que orienta e fiscaliza as condições dos locais (mobiliário ergonômico, organização e divisão de tarefas que levem em conta as particularidades de cada um). “Não adianta tratar a pessoa para ela retornar a um ambiente em que voltará a trabalhar da mesma maneira em que a lesão foi causada”, argumenta Ana Paula.

A médica acredita que o acompanhamento destes pacientes e de seus locais de trabalho, resultará em um melhor conhecimento do assunto. O Ambulatório também fará um levantamento do número de pessoas que foram completamente reabilitadas (voltando a exercer a mesma função); as parcialmente reabilitadas (que retornam ao trabalho com orientações especiais), e as afastadas.

Causas de lesões

Segundo Ana Paula, foi observado que havia cerca de 300 funcionários da USP afastados de suas atividades em função das lesões causadas pelo trabalho. “A repetição de atividades, a postura incorreta e o excesso de força podem obstruir a circulação sanguínea, impossibilitando a irrigação de estruturas importantes, como as artérias e os nervos”, descreve a médica.

Como decorrência dessa falta de irrigação ocorre a fibrose, desencadendo processos inflamatórios nos músculos, o que caracteriza as doenças LER/Dort . “São cerca de 30, mas as mais conhecidas são a tenossinovite, a tendinite e a bursite”, explica Ana Paula. Segundo ela, falta de organização, mobiliário não-adaptado, repetição das atividades, má divisão das tarefas, cobrança por produtividade, pressão no ambiente de trabalho e sobrecarga física, são alguns dos fatores que levam o profissional a desenvolver algumas dessas lesões.

Existe maior incidência na faixa etária de 30 a 40 anos, e as mulheres são as mais atingidas. “Essas pessoas reclamavam da dificuldade de acesso ao tratamento de reabilitação no serviço público de saúde. Sem reabilitação não melhoravam e, com isto, permaneciam afastadas do trabalho, sendo que a Universidade não possuía recursos para agilizar sua recuperação”, diz Ana.

Renata Moraes

Da Agência USP