Saúde: Ajuste em aparelho dental ativa área neural ligada à dor

Estudo contribuirá para a aplicação precisa de analgésicos

qua, 24/05/2006 - 17h33 | Do Portal do Governo

Pesquisa da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP) da USP mostrou a relação entre os ajustes realizados nos aparelhos ortodônticos e as estruturas cerebrais. Quando o aparelho é apertado pelo dentista, as estruturas nociceptivas – aquelas que captam os sinais de dor – são ativadas mais intensamente. Nos dias que se seguem ao aperto no aparelho, quando a força imposta no ajuste se prolonga, há um aumento gradual da participação de estruturas antinociceptivas, ou seja, aquelas que filtram a dor.

O estudo pode contribuir para estabelecer qual é o momento ideal para a aplicação de analgésicos. No futuro, será possível saber se é necessário e quando administrá-lo.

Para entender como ocorre o processamento sensorial no cérebro em função da força aplicada, foram colocados aparelhos ortodônticos em ratos e simulada a movimentação feita em humanos. “Quanto maior a movimentação, mais neurônios eram ativados”, relatam as professoras Maria José Alves da Rocha e Maria Bernadete Sasso Stuani, pesquisadoras envolvidas no estudo. Esse processo foi realizado de tempo em tempo, de forma a simular os períodos em que o aparelho de um paciente é movimentado.

Para detectar quais neurônios foram ativados nesse processo, foi utilizada uma técnica que possibilita, após o sacrifício dos roedores, a identificação de uma proteína presente no cérebro do animal que marca onde ocorreu a ativação neural. Verificou-se que várias áreas relacionadas à dor estavam ativadas. “Mas não sabemos se existe alguma relação entre o número de neurônios ativados e determinada movimentação do osso”, conta Maria José. “Isso ainda não foi possível detectar, mas no futuro talvez haja essa possibilidade.”

Dor subjetiva

Segundo Maria Bernadete, o maior desconforto na movimentação ortodôntica acontece nos primeiros dias. A movimentação num adulto tem que ser mais suave, pois “adultos sentem mais dor do que a criança, já que seu osso é mais compacto”, explica a professora. “Mas a dor é algo muito subjetivo”.

Maria Bernadete lembra que para cada paciente é preciso aplicar uma força específica, pois as arcadas dentárias têm necessidades diferentes de quantidade de força. Esse processo é estabelecido por meio de um amplo estudo radiográfico sobre a estrutura bucal do paciente, a partir do que se estabelece a movimentação que será necessária.

Da Agência USP