Saúde: 1º de agosto é o Dia Mundial da Amamentação

Data será lembrada em ação nos postos do Poupatempo, Estações da CPTM e Hospital do Servidor Público

seg, 31/07/2006 - 15h53 | Do Portal do Governo

O aleitamento materno é importante para garantir a saúde do bebê porque é pelo leite da mãe que ele recebe anticorpos nos primeiros meses de vida. O organismo dos recém-nascidos, até os três meses de idade, não só não possui anticorpos, como ainda não tem condições de produzi-los. A amamentação infantil é considerada uma questão de saúde pública, por isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) escolheu 1º de agosto como o Dia Mundial da Amamentação. O objetivo é que sejam desenvolvidas ações em todo o mundo para incentivar o aleitamento materno, pelo menos, nos primeiros seis meses de vida da criança.

Em São Paulo, essas ações serão realizadas nos postos do Poupatempo, estações da CPTM e no Banco de Leite do Hospital do Servidor Público.

Durante toda a terça-feira, 1º de agosto, nutricionistas e estudantes de nutrição irão distribuir material explicativo e esclarecer dúvidas de usuários do Poupatempo e da CPTM. A iniciativa conta com a parceria do  Conselho Regional de Nutricionistas 3ª Região (SP/MS).

Já o Banco de Leite do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) optou por não concentrar as ações em um único dia. “Para nós, será a Semana da Amamentação”, afirma o coordenador do Banco de Leite, doutor Américo Yoshinobu Ishiy. Além das ações de conscientização, o hospital homenageará as mães doadoras, com certificados enviados pelo Correio. Dr. Américo destaca que algumas mães chegam a doar até 20 litros de leite por semana, durante mais de dez meses. “Essas serão homenageadas no dia 5 de agosto, quando serão realizadas palestras sobre o tema”, afirma.

Pai da amamentação no Estado

Embora sua especialização seja em hematologia, dr. Américo foi considerado, em 1982, o pai da amamentação de São Paulo. Foi ele quem implantou o primeiro banco de leite humano do Estado, no Hospital do Servidor Público, em 1967. “Na verdade, a idéia foi copiada do Rio de Janeiro, que teve o primeiro banco de leite humano do país”, lembra.

O título foi uma homenagem ao homem que, além de coordenar o 1º banco de leite humano do Estado, também empreender esforços para disseminar conhecimentos.  Na década de 1980, Dr. Américo ministrou diversos cursos sobre a pasteurização do leite humano.

Além de alimentar os bebês do berçário e internados no HSPE, o leite doado pelas lactantes, pasteurizado e armazenado pelo Hospital do Servidor também era usado por hospitais da redondeza. “Hoje, a maioria dos hospitais das grandes cidades possuem banco de leite humano, porém, quando os estoques estão baixos, um sempre socorre o outro”, conta.

Naquela época, assistentes sociais visitavam as mães que davam à luz no HSPE para conscientizá-las da importância do leite materno e falavam do banco de leite para conquistar doadoras.

Atualmente, as mães recebem as informações ainda no hospital e as que decidem doar recebem frascos esterilizados e são orientadas para que o leite chegue ao hospital sem contaminação.

“A princípio, toda mulher que está amamentando pode doar o leite. O importante é ter bom asseio”, explica Dr. Américo.

Ele ensina que para doar leite materno a mulher deve lavar bem as mãos com água e sabão e escovar embaixo das unhas para remover bactérias que possam contaminar o leite. “Se a mãe não puder comprar uma escova vendida em casa de produtos cirúrgicos, como as que usamos no hospital, pode usar uma escova de dente”, orienta o médico.

As primeiras gotas de leite devem ser desprezadas e a retirada do leite pode ser feita com o auxílio de bombas de sucção ou apenas espremendo o seio.

Todo leite que chega ao banco de leite do HSPE é analisado e, quando não apresenta as condições adequadas, é desprezado. 

Atualmente, o banco de leite do hospital libera diariamente cerca de 2,5 litros de leite, o que é suficiente para atender de 6 a 7 bebês.

Benefícios do leite materno

Para incentivar as mães a amamentarem seus filhos, Dr. Américo recorre a alguns argumentos irrefutáveis. “O leite materno não tem custo, nem precisa de mamadeira. Além de ter anticorpos importantes para a criança, o leite da mãe não estraga a dentição da criança, é facilmente digerível e não provoca alergias no bebê”, afirma.

Na opinião do médico, o principal fator que leva muitas mães a deixarem de amamentar seus filhos é estético. “Elas têm medo de ficar com o peito caído”, diz.

A verdade, porém, explica Dr. Américo, é que a flacidez aparece por tendência do organismo. “Algumas têm propensão à flacidez, outras não”, comenta.

Segundo ele, alguns cuidados podem ajudar a manter a boa forma dos seios após a amamentação. As dicas são simples: fazer ginástica para fortalecer o músculo peitoral e usar sutiã adequado e de tecido firme.

A melhor maneira de amamentar

Dr. Américo ensina as mães de primeira viagem a amamentar:

·           A mãe deve se colocar em situação confortável, seja na cadeira, poltrona ou até na cama;

·           A criança deve ser posicionada com a face voltada para o mamilo. Se não tiver feito cesariana, pode apoiar o bebê na barriga para não cansar tanto o braço;

·           O bebê deve abocanhar todo o mamilo. “A sucção na área da auréola marrom ativa a produção do leite”, ensina Dr. Américo;

·           É importante oferecer as duas mamas para a criança para evitar mastite (inflamações na mama, conhecida como ‘leite empedrado’);

·           A mãe deve acordar o bebê para alimentá-lo quando perceber que ele dorme muito e mama pouco. “Cuidado com os bebês preguiçosos. Eles correm o risco de perder peso. A falta de alimentação adequada atrapalha o desenvolvimento”, destaca o médico;

·           Evite dar água para o bebê nos três primeiros meses de vida. Segundo Dr. Américo, 90% do leite é água, assim, a criança que se alimenta bem, recebe a água de que necessita. Ele sugere que a água comece a ser introduzida na alimentação da criança a partir do 4º mês, aos poucos;

·           O intervalo médio entre as mamadas de recém-nascidos é de três horas.

      Cíntia Cury