São Paulo trabalha para reduzir tabagismo

No dia 29 de agosto, a Secretaria Estadual da Saúde lançará o Selo Ambiente Livre do Tabaco

qui, 21/06/2007 - 13h39 | Do Portal do Governo

No próximo Dia Nacional de Combate ao Fumo, 29 de agosto, a Secretaria Estadual da Saúde lançará o Selo Ambiente Livre do Tabaco, para estabelecimentos comerciais, prédios públicos e empresas do Estado que não toleram o fumo em suas dependências. O objetivo é evitar o contato dos não-fumantes com a fumaça e premiar ambientes que estejam livres do cigarro.

A iniciativa é mais do que bem-vinda quando se observa as estatísticas que relacionam fumo e problemas de saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que um terço da população adulta (o que representa mais de 1 bilhão de pessoas) seja composta de fumantes. O tabagismo é considerado a principal causa de morte evitável em todo o mundo. O total de mortes devido ao uso do tabaco atingiu a marca de 4,9 milhões de mortes anuais, o que corresponde a mais de 10 mil mortes por dia. No Brasil, são aproximadamente 200 mil óbitos anuais relacionados diretamente ao tabaco.

Para receber o Selo Ambiente Livre do Tabaco, os estabelecimentos terão que ser vistoriados e aprovados por agentes da Vigilância Sanitária. Luizemir Lago, diretora do Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), explica que a expectativa é atingir o maior número de locais, de órgãos públicos até salões de cabeleireiros. As Secretarias Estaduais de Justiça e de Assistência Social já adotaram a idéia e proibiram o cigarro em suas dependências.

Ações contínuas

O Cratod, órgão da Secretaria Estadual da Saúde, trabalha desde 2004 no combate ao tabagismo. Oferece tratamento e apoio aos dependentes da nicotina, com profissionais capacitados e, quando necessário, com ajuda de remédios.

Para disseminar as ações por todo o Estado, foram capacitados 680 profissionais. Cerca de 120 municípios paulistas já oferecem tratamento da dependência. “Não capacitamos ninguém que não seja do SUS. O tratamento é feito hoje em hospitais, unidades básicas de saúde, ambulatórios de saúde mental e unidades de saúde da família”, conta Luizemir.

Depois de capacitar o profissional, a unidade precisa estar livre do tabaco. É o pré-requisito básico. Luizemir lamenta que ainda haja muita resistência de funcionários que insistem em fumar em áreas proibidas. “Eles acham que nós estamos impedindo o direito de ir e vir. Tem leis disciplinando isso e sabemos todos os danos causados à saúde pelo tabagismo. Os funcionários legislam em causa própria. É difícil, mas vamos conseguir modificar essa cultura”, diz a diretora do Cratod.

O tratamento aos dependentes, tanto no Cratod quanto nos outros centros capacitados, inclui reuniões semanais. Luizemir diz que algumas pessoas conseguem largar o vício logo nas primeiras reuniões realizadas em grupo, quando são apresentados todos os problemas ocasionados pelo consumo do cigarro.

Para aqueles que desejam seguir o tratamento, mas não conseguem atingir o objetivo apenas com as reuniões, são oferecidos adesivos e goma de mascar de reposição de nicotina. Em casos mais extremos, os pacientes são avaliados e podem receber um remédio antidepressivo, padronizado pelo Instituto Nacional do Câncer.

A diretora do Cratod explica que este medicamento foi considerado eficaz para combate da dependência. “As pessoas que estavam sendo tratadas para depressão com este remédio paravam de fumar. Os laboratórios fizeram a pesquisa e verificaram que realmente é eficiente”, diz.

Fumantes passivos

Segundo Luizemir, cerca de 12 milhões de paulistas são fumantes passivos. A inalação da fumaça de derivados do tabaco (como cigarro, charuto, cigarrilhas e cachimbo) por pessoas não-fumantes em ambientes fechados é chamada de tabagismo passivo, considerado pela Organização Mundial de Saúde como a terceira maior causa de morte evitável no mundo, perdendo apenas para o tabagismo ativo e o consumo excessivo de álcool.

Os efeitos da poluição tabagística podem ser sentidos imediatamente pelos fumantes passivos, que sofrem irritação nos olhos, manifestações nasais, tosse, cefaléia, aumento de problemas alérgicos, principalmente das vias respiratórias e aumento dos problemas cardíacos, principalmente elevação da pressão arterial e angina (dor no peito).

Muitas pessoas pensam que o ar poluído por baforadas de cigarro não é tão prejudicial quanto a fumaça inalada pelo fumante. Mas é um grande engano. Este ar poluído contém, em média, três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido de carbono, e até cinqüenta vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça que entra pela boca do fumante. Isso porque ele recebe a fumaça depois que ela passou pelo filtro do cigarro.

A absorção de fumaça por adultos não-fumantes que convivem em ambientes fechados com fumantes os expõe a um risco 30% maior de câncer de pulmão e 24% maior de infarto do coração, além de maior risco de doença por causa do tabagismo, proporcionalmente ao tempo de exposição à fumaça.

As crianças expostas à fumaça do cigarro também são muito prejudicadas. Nelas é possível verificar maior freqüência de resfriados e infecções do ouvido médio. O risco maior de doenças respiratórias como pneumonia, bronquites e a exacerbação da asma aumentam quando expostas ao ar poluído do cigarro.

Nos bebês, a situação é ainda pior. Há um risco cinco vezes maior de morrerem subitamente sem uma causa aparente (Síndrome da Morte Súbita Infantil) e maior risco de doenças pulmonares até um ano de idade, proporcionalmente ao número de fumantes em casa.

Regina Amabile