São Paulo terá Centro de Memória e Documentação

Os livros estavam esgotados há décadas e foram lançados na sexta-feira na Pinacoteca do Estado

ter, 04/12/2007 - 11h28 | Do Portal do Governo

O primeiro passo da parceria entre a Fundação de Desenvolvimento Administrativo (Fundap) e a Imprensa Oficial do Estado foi dado com a publicação de cinco exemplares da Coleção Paulista que tratam sobre a vida política, social, cultural e econômica do Estado de São Paulo. O acordo prevê a criação do Centro de Memória e Documentação do Estado de São Paulo e atividades culturais, acadêmicas e de pesquisas.  Em edição fac-similar, os livros estavam esgotados há décadas e foram lançados na sexta-feira na Pinacoteca do Estado.

A principal função do primeiro centro paulista é recolher, selecionar, organizar, divulgar e abrigar informações e documentos relevantes sobre a memória e o patrimônio da história paulista. Abrigará acervo composto de documentos, depoimentos, arquivos de som, imagens arquivos pessoais e bibliotecas. O material ficará disponível ao público em acesso livre e de diversas formas, do papel aos documentos eletrônicos. Haverá um portal na Internet que abrigará o acervo informatizado com links para banco de dados referentes ao assunto.

A montagem do acervo histórico terá como referência inicial o trabalho desenvolvido pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas. Como enfatizará aspectos particulares da história paulista não se sobreporá aos trabalhos similares existentes em instituições como o Arquivo do Estado ou ao Instituto de Estudo Brasileiro da Universidade de São Paulo. A idéia é que a criação de um centro e a edição de livros desperte a atenção de acadêmicos e especialistas para a história de São Paulo.

O Centro de Memória servirá para organizar as informações existentes, facilitar o acesso aos dados e oferecer fontes e sites ao cidadão, explica a diretora técnica da Fundap, Vera Lucia Cabral Costa. A previsão é que em 2008 a estrutura do Portal esteja definida já que o levantamento de dados e digitalização de documentos está em andamento. O convênio, assinado dia 22, inclui a publicação de obras divididas em três coleções (Paulista, Memória Paulista e Histórias de São Paulo).

A parceria estabelece a formação de um Banco de Dados da literatura existente sobre São Paulo (com ênfase em livros, teses e dissertações) e o incentivo e realização de pesquisas. Prevê ainda oferta de cursos a distância (destinados ao público em geral e ao ensino fundamental e médio, especialmente da rede pública de ensino), patrocínio a atividades culturas e científicas (oficinas, cursos, palestras, simpósios, conferências, eventos e treinamentos) e a reunião e integração de acervos existentes referentes à história paulista e a sua disponibilização aos interessados. A escolha do local onde funcionará a sede, os títulos das obras e os eventos serão feitos em conjunto pelas instituições.  

As três coleções 

Coleção Paulista – As primeiras obras Coleção Paulista a serem publicadas darão prioridade ao final do século 19 e todo o século 20. No futuro ser incluídos títulos clássicos do período colonial e da primeira metade do século 19. Alguns títulos escolhidas serão relançados em fac-símile (versão igual ao original) e terão apresentação elaborada por especialista para situar a obra e o autor. O conjunto de obras destina-se a acadêmicos, estudantes, pesquisadores, professores do ensino básico e público em geral.  

Coleção Memória Paulista – Será composta por biografias de personagens naturais do Estado ou que tiveram suas vidas vinculadas à história paulista. Retratará aspectos relativos à política, vida cultural, esportes, educação, economia. 

Coleção Histórias de São Paulo – Monografias que abordam questões da história de São Paulo. Serão textos concisos, escritos por especialistas e destinados ao público iniciantes de universidades e aos interessados em geral. 

Frases 

“Sou um apaixonado por História, e aqui está o que há de mais representativo nessa área. Como o Sesc tem o seu Centro de Memória, que reúne acervo de documentos, fotografia, memória oral, vídeos,  imagino um futuro, em que possa haver intercâmbio dos dois centros”

Vinícius Terra, assistente da gerência de estudos e desenvolvimento do Sesc 

“Com a Coleção Paulista, retomamos aquilo que havíamos criminosamente perdido – o cultivo da história paulista. A combinação de nomes, numa verdadeira exumação heróica, parece-me um prodígio de harmonia político-histórica, pelos nomes, épocas e problemas abordados”

Hernani Donato, escritor, membro da Academia Paulista de Letras e da Academia Paulista de História 

“Louvável a iniciativa da Imprensa Oficial e da Fundap, em reeditar obras quase desconhecidas do público em geral. São trabalhos que apresentam dados importantes, sob o ponto de vista político, econômico, social e cultural, de um tempo em que São Paulo ainda não havia despertado no cenário nacional”

Sônia Maria de Freitas, historiadora, autora de Presença Portuguesa,  (Imprensa Oficial), com o qual conquistou o 3º Prêmio Clio de História 

“É muito escassa a memória referente ao Estado e País. A coleção é importante, principalmente, para resgatar essa memória, a consciência das pessoas em relação a vários tipos de assuntos: históricos, econômicos, cotidianos. Tem coisas que as pessoas nem se lembram mais, como a Revolução de 1924”

Alessandro Fischer, estudante de História das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) 

 “Considero a preservação da memória algo fundamental. Não se colecionam documentos meramente por colecioná-los. Mas, se não fizermos isso, não daremos acesso à informação, que é a coisa mais importante da vida republicana, democrática. Portanto, vejo a importância desse projeto no tripé resgatar, preservar e difundir”

Giselda Barroso Sauveur, socióloga e coordenadora pela Fundap do projeto Centro de Memória e Documentação de São Paulo

Claudeci Martins

Da Agência Imprensa Oficial