São Paulo tem o 1º ônibus a hidrogênio da América Latina

Ônibus fará testes na Região Metropolitana a partir de agosto

qua, 01/07/2009 - 9h50 | Do Portal do Governo

Atualizado em 6 de julho às 14h30

Ônibus totalmente limpos, silenciosos, que utilizam como combustível o hidrogênio – o elemento químico mais abundante do planeta – e liberam apenas vapor de água. A apresentação do Ônibus Brasileiro a Hidrogênio ocorreu na quarta, 1º de julho. O transporte circulará em testes na Região Metropolitana de São Paulo a partir de agosto deste ano. O evento contou com a participação do governador José Serra e do secretário dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella.

Com a construção do primeiro veículo deste tipo na América Latina, o Brasil passa a ter posição global de destaque ao lado dos Estados Unidos, da Alemanha e da China. “O Brasil é um dos cinco países do mundo que dominam a tecnologia e que têm ônibus movidos a hidrogênio. Também é importante salientar que nós somos o único, entre estes países, que detém uma tecnologia híbrida, como segunda opção para o ônibus a hidrogênio: a eletricidade”, disse o governador durante apresentação.

O projeto prevê a fabricação de até quatro veículos, mais a montagem da estação de produção de hidrogênio e abastecimento dos ônibus, em São Bernardo do Campo, com o apoio técnico da Petrobrás, da BR Distribuidora e da AES Eletropaulo.

Construído em Caxias do Sul (no Rio Grande do Sul) pela Tuttotrasporti e pela Marcopolo, o protótipo já passou por todos os testes automotivos necessários para a sua homologação. Os outros três veículos serão incluídos no sistema a partir de 2010. 

O projeto

O projeto brasileiro começou há 15 anos quando a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU/SP), empresa vinculada à Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos, e o Ministério das Minas e Energia (MME) iniciaram os estudos para o uso do hidrogênio como combustível em ônibus urbanos. O  Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) reconheceu a importância do projeto e destinou recursos do Global Environmental Facility (GEF) para financiá-lo. Para o desenvolvimento de todo o projeto foram destinados US$ 16 milhões.

A EMTU/SP, coordenadora nacional do projeto, será responsável pelo acompanhamento e avaliação do desempenho dos veículos que circularão nas 13 linhas do Corredor Metropolitano ABD (São Mateus / Jabaquara), operado pela concessionária Metra.

Esse corredor é ideal para o experimento, pois apresenta alta demanda. São cerca de 270 mil passageiros por dia. “Vai ser um teste muito importante do ponto de vista operacional, pois é preciso examinar a economicidade e a viabilidade econômica do projeto”, afirmou o governador José Serra. “O projeto vale um grande investimento inicial porque trata-se de uma tecnologia e uma forma nova de transporte”, complementou Serra.

Esse trabalho será feito até 2011 com os quatro ônibus previstos no projeto. Após o período de testes, os veículos serão incorporados à frota operacional do corredor.

Parceiros

A assinatura do contrato de fornecimento do primeiro ônibus e de toda a infraestrutura necessária ocorreu em maio de 2006, quando o projeto passou a contar com parceiros nacionais e internacionais.  São eles: 

  • AES ELETROPAULO (Brasil) – especificação da sub-estação; conexão; qualidade e disponibilidade de energia;
  • BALLARD POWER SYSTEMS (Canadá) – design, desenvolvimento e fabricação da célula a combustível;
  • EPRI INTERNATIONAL (EUA) – gerenciamento do projeto e líder do consórcio;
  • HYDROGENICS (Canadá) – fabricante do eletrolisador e equipamentos da estação de abastecimento de hidrogênio;
  • MARCOPOLO (Brasil) – fabricante da carroceria e seus componentes;
  • NUCELLSYS (Alemanha) – desenvolvimento, fabricação e engenharia de aplicação dos sistemas de célula a combustível;
  • PETROBRAS DISTRIBUIDORA (Brasil) – integradora e operadora da estação de abastecimento de hidrogênio;
  • TUTTOTRASPORTI (Brasil) – integradora do ônibus completo e fabricante do chassi e do software de controle veicular.

A escolha do Brasil

O Brasil foi beneficiado com o financiamento do PNUD/GEF por ser um país de economia emergente, maior produtor (50 mil unidades por ano) e o maior mercado consumidor de ônibus do mundo. Ainda há várias fontes para produção de hidrogênio no Brasil e o país é líder na redução de gases de efeito estufa com o uso de energia hidroelétrica e do etanol.

O ineditismo do projeto brasileiro

O projeto do Ônibus Brasileiro a Hidrogênio é inédito pelo fato de ter integrado o avançado sistema em plataforma produzida localmente, ao invés de importar os ônibus de célula a combustível já existentes.

O uso de um sistema de propulsão híbrido com dois sistemas automotivos de célula a combustível combinado com baterias é outra característica pioneira, proporcionando ao veículo menos peso, o que garante mais eficiência no consumo e no rendimento, a um custo menor.

O ônibus brasileiro também conta com um dispositivo de regeneração do sistema de frenagem (aproveitamento do calor), o mesmo empregado neste ano nos carros da Fórmula 1, no qual a energia é armazenada nas baterias e usada na necessidade de maior potência na movimentação do veículo (em subidas, por exemplo).

Além do uso diferenciado de alguns sistemas, a arquitetura e a concepção inovadoras do Ônibus Brasileiro a Hidrogênio levam a um custo final do veículo significativamente inferior aos existentes no mundo.

Como maior fabricante global de chassis e carrocerias, o Brasil tem demonstrado capacidade de inovação tecnológica e reconhecida competência na gestão desse conhecimento. São qualidades evidentes ao se constatar que o protótipo foi totalmente fabricado e integrado (carroceria e sistemas) em território nacional.

Os próximos objetivos são: desenvolver uma solução mais limpa para o transporte público no Brasil, avaliar e estabelecer as exigências técnicas para garantir a durabilidade do veículo e torná-lo economicamente competitivo.