São Paulo sedia Encontro sobre Mudanças Climáticas

Evento discutiu as principais ações que devem ser adotadas para minimizar os problemas ambientais

sex, 16/02/2007 - 12h50 | Do Portal do Governo

Os efeitos do aquecimento global foram discutidos durante o Encontro sobre Mudanças Climáticas realizado, ontem, na sede da Cetesb, em São Paulo. Durante o encontro, foi apresentado o sumário do relatório Climate Change 2007: The Physical Science Basis. O documento do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (Intergovernmental Panel on Climate Change- IPCC) lançado no dia 2 de fevereiro reafirmou os riscos que o aquecimento global traz ao planeta, mesmo que ações urgentes sejam tomadas.

De acordo com o professor José Goldemberg, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP, “não cabem mais discussões sobre o quão reais são os perigos e problemas que o aquecimento global vai causar. O que cabe agora é adotar políticas que reduzam o problema”.

Dados do IPCC revelam que o Brasil ocupa o quarto lugar no ranking de países emissores de gás de efeito estufa no planeta. Estados Unidos, China, África do Sul e Índia também são os maiores lançadores de carbono na atmosfera.

“No contexto brasileiro, o Estado de São Paulo concentra grande parte das atividades industriais emissores de gases de efeito estufa, além de possuir a maior frota de veículos do País, por isso, há necessidade de gerir políticas públicas e normas capazes de influenciar a adoção de medidas similares em outros estados, municípios e no nível federal,” explicou Fabio Feldmann, secretário-executivo do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Globais e de Biodiversidade.

Por causa de suas dimensões populacionais, econômicas, tecnológicas e científicas, o Estado de São Paulo tem uma posição de destaque no debate nacional sobre mudanças climáticas.

A Secretaria do Meio Ambiente solicitou à Cetesb e à Fundação Florestal um estudo que contenha os dados sobre a quantidade de emissões de carbono que essas duas instituições lançam na atmosfera. Após o levantamento, serão adotadas ações para a neutralização do envio desse tipo de gás. A Secretaria pretende, ainda, enviar um relatório sobre as ações adotadas pelas duas instituições ao governo estadual para que ele verifique a possibilidade de estendê-las às outras empresas estatais e órgãos públicos do Estado.

A Cetesb, também, irá realizar um inventário de carbono das cem maiores empresas no Estado. Para o representante da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Nelson Pereira dos Reis, “a indústria é vista pelos ambientalistas como a grande vilã. Esse relatório poderá auxiliar as empresas a melhorarem sua performance na questão ambiental e adotar novas soluções sobre matriz energética.”

Reis disse que há grandes oportunidades proativas a explorar, tanto dentro do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo como por outras ações em áreas como energia e recomposição vegetal.

Neste quesito, a Secretaria propôs como uma de suas ações foi a da recuperação da mata ciliar no Estado. Até agora, foram recuperados 130 mil hectares de matas ciliares no Estado. De acordo com a secretaria, o objetivo é recuperar 1 milhão e 700 mil hectares deste tipo de vegetação.

Goldemberg disse que a Cetesb ao identificar os maiores de emissores de CO2 no Estado, a instituição poderá fixar metas de redução permitindo trocas entre empresas. “É método cap and trade” em vigor na Europa. Na sua opinião, uma decisão do Governo do Estado de São Paulo neste sentido daria a ele “a liderança das reduções das emissões de carbono no País independentemente da adesão ao Protocolo de Kyoto ou outros instrumentos diplomáticos que são da competência da área federal”.

Resultados comprovados – O Estado da Califórnia adotou a política de fixar os níveis que as emissões de CO2 poderiam atingir em 2020 (muito menores que as atuais) e encarregou órgãos ambientais de dar diretrizes para que os maiores produtores reduzam suas emissões. Os diferentes emissores poderão trocar cotas de carbono porque para uns é mais fácil reduzir suas emissões do que para outros.

O presidente da Cetesb, Fernando Reis, disse que a instituição já fez essa mesma experiência, “só que com outros poluentes em Paulínia e Mauá.” Pelas novas regras, a área considerada saturada só poderá ter novos empreeendimentos licenciados se não aumentarem as emissões na área (ou até as reduzirem).

Estiveram presentes ao evento representantes da comunidade científica, organizações não-governamentais (Greenpeace) e empresariais. Para a secretaria do Meio Ambiente, “o auditório lotado mostrou que cada vez mais a sociedade civil está mobilizada para discutir ações que envolvem o tema do meio ambiente”.

Maria Lúcia Zanelli

Da Agência Imprensa Oficial