São Paulo quer melhorar qualidade da água distribuída à população brasileira

Estado vai encaminhar proposta ao Ministério da Saúde para monitorar presença de vírus e protozoários em mananciais

qua, 11/11/2009 - 19h00 | Do Portal do Governo

No Brasil, ainda são poucos os sistemas e laboratórios de pesquisa que realizam estudos em relação à presença de vírus e protozoários na água captada e tratada para abastecimento público. O objetivo, porém, é passar a monitorar, temporariamente, esses agentes patogênicos em amostras dos mananciais que abastecem as captações. Essa será uma das sugestões que o Estado de São Paulo – por meio de diversos órgãos relacionados à saúde e meio ambiente – encaminhará ao Ministério da Saúde. O objetivo é subsidiar a revisão da portaria federal nº 518/2004, que trata da qualidade da água para o consumo humano. 

A sugestão surgiu a partir do workshop internacional Ocorrência e métodos de detecção de microrganismos patogênicos e indicadores, cianobactérias e cianotoxinas em águas tratadas e brutas destinadas a captação e tratamento para consumo humano: subsídios para a legislação. O evento, realizado em outubro, na capital, contou com especialista da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (Usepa). E foi organizado por grupo de trabalho (denominado Microbiológico) constituído pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – São Paulo (Abes-SP). 

Em dezembro, as propostas deste e de outros dois grupos (Química e Responsabilidade) serão discutidas e agrupadas num único documento. Integram o grupo técnico Microbiológico profissionais de universidades, empresas de saneamento, institutos das secretarias de Saúde e Meio Ambiente, entidades de classe e a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Segundo Elayse Maria Hachich, gerente do setor de microbiologia e parasitologia da Cetesb, para que o monitoramento passe a ser feito, os laboratórios precisam de tempo para se aparelhar. A ideia, porém, não é de que todos os laboratórios se encarreguem desse processo. “Achamos que alguns laboratórios brasileiros, principalmente das grandes empresas de saneamento, universidades e de algumas instituições do Ministério da Saúde, têm de se capacitar para fazer essas análises, tornando-se centro de referência”, avalia o gerente. 

Atuação conjunta 

O workshop forneceu ainda propostas de modificações com relação ao grupo coliformes e bactérias heterotróficas. Para isso, houve uma revisão conceitual sobre esses indicadores e a respeito do significado da ocorrência e abrangência deles nos sistemas de abastecimento de água tratada. “Há ainda sugestões referentes à contagem de cianobactérias (para torná-la mais precisa) e também à introdução de novos critérios para as cianotoxinas”, observa Romeu Cantusio Neto, coordenador do grupo Microbiológico. Todos esses microrganismos – incluindo os coliformes e bactérias heterotróficas – permitem, segundo ele, atestar a qualidade da água para o consumo humano. 

A revisão da portaria federal é necessária para incorporar novos conhecimentos disponíveis atualmente, relativos às áreas da saúde e meio ambiente, esclarece Elayse. Com essa finalidade, o Ministério da Saúde divulgou recentemente a portaria no 1.288/2009, instituindo grupo de trabalho federal encarregado da tarefa. Para Roseane Garcia Lopes de Souza, vice-coordenadora da Câmara Técnica de Saúde Pública, vinculada à Abes, um dos desafios em termos de água para consumo humano é relacionar dados ambientais com os de saúde. Isso permite obter informação mais completa sobre a água e avaliar o risco de algumas enfermidades. Mas para atingir esse propósito, segundo ela, é preciso que as áreas de meio ambiente e saúde atuem conjuntamente. 

Da Agência Imprensa Oficial