São Paulo ganha primeiro museu dedicado à língua portuguesa na Estação da Luz

Museu foi instalado no prédio acima da plataforma da Luz, onde funcionaram os escritórios da companhia férrea, no século 20

seg, 20/03/2006 - 13h25 | Do Portal do Governo

Uma verdadeira viagem pelo nosso idioma, com direito a filmes, audição de leituras e módulos interativos. Isso é o que oferece o Museu da Língua Portuguesa, inaugurado nesta segunda-feira, dia 20, pelo governador Geraldo Alckmin. Esta é a primeira instituição totalmente dedicada ao idioma natal de um país.

Instalado no prédio acima da plataforma de trens da Estação da Luz, no centro de São Paulo, o museu conta com um vasto conteúdo sobre a história da Língua Portuguesa, os idiomas que ajudaram a formá-la, as formas que a linguagem assume no cotidiano e a criação da língua na literatura brasileira, entre outros temas. Tudo isso em diversas mídias para garantir interatividade ao visitante.

“Continuamos com a estação da Luz, mas no subterrâneo. Por ela passam 300 mil pessoas por dia”, destacou Alckmin. O governador ressaltou que a estação é centenária “e recebeu uma destinação que na podia ser melhor”. O museu da Língua Portuguesa também vai receber alunos do ensino básico e será usado para a capacitação de professores.

O novo espaço trata a língua como patrimônio dinâmico e em constante transformação. Assim, o museu vai receber escritores, acadêmicos e pessoas que, por local de nascimento ou irreverência, adotam sotaques e gírias e dão novo sentido às palavras.  

Vale lembrar que a língua portuguesa é falada em oito países situados em quatro continentes. É a sexta língua mais falada no mundo.

Atrações

Logo na chegada, ainda no térreo, o visitante encontra uma Árvore da Língua. As raízes são formadas por palavras e, nas folhas, são projetados os contornos de objetos. Além disso, uma espécie de mantra brinca com as palavras ‘língua’ e ‘palavra’, ditas em vários idiomas.

No primeiro piso ficam a área de exposições temporárias, os terminais multimídia, escritórios de gestão do conteúdo, atividades educativas e a programação do museu.

No segundo andar estão instalados a Grande Galeria, a Galeria das Influências, a Linha do Tempo e o Beco das Palavras.

A Grande Galeria é formada por um grande painel feito de projeções de imagens e trabalho sonoro, formando um mural em movimento. A das Influências conta com oito totens dedicados às influências das línguas e povos que contribuíram para a formação do idioma no país, onde os visitantes podem interagir e descobrir a origem de muitas palavras. Na Linha do Tempo telas interativas e vídeos ajudam a contar a história da língua portuguesa no Brasil. No Beco das Palavras o visitante poderá brincar com a criação de palavras e aprender sobre a etimologia dos termos usados atualmente num jogo eletrônico.

Ponto de encontro de idiomas

O local escolhido para a implantação do museu foi o ponto de encontro entre o português falado aqui e os outros idiomas. Era na Luz que chegavam imigrantes que vinham de trem do Porto de Santos. Hoje, a Estação recebe sotaques de todas as regiões do país.

No prédio acima da plataforma da Luz funcionaram, no século 20, os escritórios da companhia férrea. Parte da construção foi destruída por um incêndio, em 1946, e reconstruída na década de 50.

Para a instalação do museu foi realizado um minucioso trabalho de revitalização e restauro. O projeto arquitetônico é de Paulo e Pedro Mendes da Rocha, pai e filho, que pela primeira vez trabalharam juntos. A museografia ficou sob responsabilidade do americano Ralph Appelbaum, que tem em seu currículo o Museu do Holocausto, em Washington, por exemplo. A elaboração de conteúdo foi coordenada pela socióloga Isa Grinspun Ferraz, que contou com uma equipe de cerca de 30 dos maiores especialistas em língua portuguesa do país.

Parcerias viabilizaram projeto

O projeto, realizado pelo Governo do Estado e pela Fundação Roberto Marinho, foi orçado em R$ 37 milhões. Foi viabilizado graças a parcerias firmadas com empresas da iniciativa privada, como a IBM do Brasil, TV Globo, Instituto Vivo, Eletropaulo e Votorantim; governamentais, como os Correios e Petrobrás; e financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Teve o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Também conta com apoio da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Prefeitura de São Paulo, Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Elevadores Otis, Carrier Sistemas de Climatização e Fundação Luso-Brasileira.

Serviço:

O Museu da Língua Portuguesa fica na Estação da Luz – Praça da Luz, s/nº, região central de São Paulo. Funciona de terça-feira a domingo, das 10 às 18 horas e a entrada custa R$ 4,00. Estudantes pagam R$ 2,00.

Cíntia Cury