São Paulo consegue feito inédito para concluir obras de rebaixamento do rio Tietê

Governo do Estado e banco japonês negociaram investimento de saldo remanescente de R$ 375 milhões para a segunda fase do projeto

qua, 26/07/2000 - 19h21 | Do Portal do Governo

Governo do Estado e banco japonês negociaram investimento de saldo remanescente de R$ 375 milhões para a segunda fase do projeto

A segunda etapa das obras de ampliação e rebaixamento da calha do Rio Tietê – entre o Cebolão e a barragem da Penha, trecho com 25,5 quilômetros de extensão – já está com verba garantida para execução. O governador Mário Covas e o representante no Brasil do JBIC (Japan Bank International Cooperation), Noriaki Kishimoto, assinaram nesta quarta-feira, dia 26, o repasse de R$ 375 milhões para a obra. Os recursos são, na verdade, saldo remanescente dos recursos financeiros utilizados na primeira fase do empréstimo com a instituição japonesa. O contrato – com valor de 49,4 bilhões de ienes, o equivalente a US$ 500 milhões – não teve todo montante utilizado, já que o Governo paulista conseguiu executar as obras com preços 40% abaixo do previsto. A contrapartida do Governo de São Paulo para a segunda etapa do projeto de ampliação e rebaixamento do rio será de R$ 125 milhões.
“Gostaria que a seleção brasileira jogasse com o mesmo espírito do Governo de São Paulo”, disse o representante do JBIC, referindo-se ao que ele chamou de palavra-chave dos negociadores paulistas: akirameruna, que significa “nunca desistir”. Kishimoto relatou que o Governo paulista nunca desistiu de obter o saldo remanescente do empréstimo, mesmo sabendo que a legislação japonesa coibia esse tipo de negociação. Segundo ele, foram cerca de dois anos de insistentes reuniões, tanto de representantes do JBIC quanto do Governo paulista, para convencer autoridades fiscais japoneses a reverter essa posição.
O cônsul geral do Japão em São Paulo, Takaaki Kojima, acrescentou que o projeto de despoluição do Tietê e as obras de contenção de enchentes têm grande significado para o governo Japonês em função da sua “magnitude”. A mesma importância foi destacada pelo presidente do SOS Enchentes de Vila Galvão, Antônio Geraldo Riquetti. Ele lembrou que a entidade, juntamente com a SOS Moradores contra Enchentes de Edú Chaves e Moradores Unidos dos Jardim Cabuçu, vêm, desde 1996, lutando pelas obras de canalização do Rio Cabuçu de Cima e o conseqüente fim das enchentes na região.

Obra vai beneficiar mais de 5 milhões de pessoas

O secretário de Recursos Hídricos, Mendes Thame destacou que a ampliação e rebaixamento da calha do Tietê entre o Cebolão e a barragem da Penha deverão beneficiar mais de cinco milhões de pessoas. Isso porque trata-se da área mais dramática que vem sendo afetada pelas enchentes. “Além de ser a região mais urbanizada do projeto e com maior número de afluentes do Tietê, é o trecho com maior fluxo viário, recebendo diariamente cerca de 700 mil veículos“. Segundo Mendes Thame, o término da obra está previsto para 24 meses após seu início. Estima-se que as obras comecem a partir do segundo semestre de 2001, tão logo estejam concluídos os processos de licitação.
Para o governador Mário Covas não há nada mais dramático que ter a própria casa invadida por uma enchente. “É um episódio dantesco, do qual só se tem idéia quando se vive situação do gênero”, defendeu. Ele lembrou que desde que era senador sempre buscou agilizar a votação do empréstimo japonês para a obra do Tietê. O assunto também lhe rendeu a primeira visita ao ministro da Fazenda, Pedro Malan, no seu primeiro mês de Governo.
Covas explicou que com os recursos previstos para aprofundamento de 16 quilômetros do Tietê será possível executar 40,5 quilômetros, ou seja, mais os 24,5 quilômetros restantes do projeto. As demais obras da primeira fase (canalização do Rio Cabuçu de Cima e as Barragens de Biritiba Mirim e Paraitinga) também tiveram redução de preços, cerca de 25% dos contratos iniciais.