São Paulo chega a 23 mil casos de acidentes por animais peçonhentos

Segundo o Centro de Vigilância Epidemiológica, 23 mil casos de acidentes por animais peçonhentos foram registrados até o momento.

seg, 20/08/2018 - 10h31 | Do Portal do Governo

De acordo com dados informados pelo Centro de Vigilância Epidemiológica, o Estado de São Paulo tem 23 mil casos de acidentes por animais peçonhentos até o momento. Deste total, 14,3 mil são relacionados a ataques de escorpião, 3 mil casos a picadas de aranhas e 2,2 mil a abelhas. Em 2017, foram registrados 35,5 mil casos e em 2016 30,7 mil casos.

Engana-se quem pensa que esses casos acontecem apenas em regiões rurais. Alguns parques de regiões urbanas podem abrigar esses animais. Além do mais, nos últimos anos vem ocorrendo uma proliferação de escorpiões nas grandes cidades. Por isso, é necessário tomar certos cuidados, principalmente com os pequenos.

Em casos de picadas de cobra, escorpião ou aranha em crianças e adolescentes, o Dr. Anthony Wong, do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da FMUSP, afirma que os pais precisam, acima de tudo, ter calma em momentos como esse e, principalmente, observar as características do animal. “O escorpião brasileiro é venenoso, mas não é fatal. Em adultos, a picada do bicho provoca muito dor, mas em 98% dos casos o controle pode ser feito por anestésicos ou analgésicos. Já crianças ou adolescentes até 15 anos são bem mais suscetíveis ao veneno tanto da cobra quanto do escorpião e da aranha”, conta ele.

Em caso de picada de aranha, é necessário tomar um soro específico. Já no caso de um ataque de cobra, é necessário, antes de tudo, não entrar em pânico. O primeiro passo é identificar a cobra, para tomar o soro específico no posto de saúde mais próximo. Caso não consiga identificar, é recomendável tentar recolher o animal e levá-lo junto. Contate o corpo de bombeiros nesse tipo de caso, como aconteceu com Reginaldo Rocha, na cidade de Joanópolis, no interior do estado de São Paulo. “A cobra foi levada com a ajuda dos Bombeiros e identificada. Por sorte, o animal não era venenoso”, conta ele.

Como primeira reação, muitas pessoas pensam em fazer um torniquete no lugar atingido. Para o especialista, entretanto, isso não é recomendado, pois aumenta a concentração da substância em apenas um local do corpo. “É diferente da cobra americana, a cascavel. Em um ataque de cascavel se faz isso, porque o veneno pode se espalhar e a pessoa pode parar de respirar”, completa ele.
Para diminuir os riscos de acidentes, alguns cuidados básicos podem ser tomados, como manter os quintais, terrenos baldios e jardins limpos. É importante não acumular entulho e lixo doméstico, aparar grama dos jardins e recolher as folhas caídas. Coloque o lixo em sacos plásticos que devem ser mantidos fechados para evitar o aparecimento de moscas, baratas e outros insetos, que são os alimentos favoritos dos escorpiões.

“É fundamental que as pessoas sigam essas recomendações em casos de acidentes com animais peçonhentos e procurem, o quanto antes, o serviço médico mais próximo”, alerta o biólogo Giuseppe Puorto.

Whatsapp vira “antídoto”

Há cerca de três anos, o Instituto Butantan usa o aplicativo Whatsapp como aliado no tratamento de vítimas e acidentes com animais peçonhentos que dão entrada no Hospital Vital Brazil.

O aplicativo está sendo usado por um grupo de pesquisadores do Butantan para reconhecer e identificar os animais e espécimes, verificando se realmente são peçonhentos e auxiliando, assim, a equipe médica do Vital Brazil na conduta a ser adotada.

A partir do envio da imagem ao grupo de biólogos do Butantan, o tempo médio de resposta tem sido de três a seis minutos. “Com o grupo, nós tivemos um grande avanço no atendimento às vítimas de acidentes que trazem o animal ao hospital ou uma foto dele para a identificação, principalmente para os casos que exigem uma confirmação rápida para a ação médica”, destaca Carlos Roberto de Medeiros, diretor-médico do hospital Vital Brazil do Instituto Butantan.