Revista História: 31ª edição traz dossiê sobre Última Hora

Em  sua  31ª  edição,  correspondente  ao  bimestre junho/julho, a Revista Histórica  apresenta-se de forma temática com o dossiê Última Hora. Algumas razões  podem  ser  levantadas  para  justificar  tal  escolha editorial: […]

seg, 11/08/2008 - 10h55 | Do Portal do Governo

Em  sua  31ª  edição,  correspondente  ao  bimestre junho/julho, a Revista Histórica  apresenta-se de forma temática com o dossiê Última Hora. Algumas razões  podem  ser  levantadas  para  justificar  tal  escolha editorial: a relevância  deste  jornal  na trajetória de 200 anos de imprensa no Brasil, sua  importância  para  a  história cultural e política do país e a intensa produção historiográfica focada na imprensa como fonte.

Ressalta-se,  no entanto, o fato de que o jornal Última Hora é a base de um importante projeto de acessibilidade digital realizado pelo Arquivo Público do Estado de São Paulo, realizado em parceria com a AMD, empresa fabricante de processadores, e Associação de Amigos do Arquivo. “Esta edição conta com 5  artigos  que  tratam de uma pequena parte da diversidade de análises que esta  fonte  permite  e  das  relações  que suscita”, explica  Lauro Ávila, diretor do Departamento de Preservação e Difusão da Memória.

O  texto  de  Danilo  Ferrari,  por  exemplo, trata da primeira aventura de Samuel  Wainer,  fundador  e  proprietário do Última Hora (UH), no mundo do jornalismo.  É através da revista Diretrizes que Wainer entra para as rodas jornalísticas.

Embora  não  tenha  lhe  ofereceu  a  visibilidade que o UH daria anos mais tarde,  foi em Diretrizes que Wainer teve a primeira experiência de direção editorial  e  onde  pode  experimentar  algumas  inovações de estilo que se consagraram  posteriormente no jornal. É, inclusive, no estilo editorial do UH  que se concentra o trabalho de Alexandre Godoy. O autor analisa a forma como  as notícias policiais aparecem nas páginas do UH, sobretudo na coluna ‘Na  Ronda  das  Ruas’,  em  sua narrativa em tom realista que expressava a visualidade da notícia.

Trata-se da entrada da linguagem do fait divers no jornalismo brasileiro. E com  estilo todo particular, também Adalgisa Nery, colunista do UH, atacava seus  opositores políticos e defendia o nacionalismo getulista. O artigo de Isabela  Campoi  volta  sua  atenção  à  trajetória  da escritora da coluna ‘Retrato Sem Retoques’, que encontrou ali espaço para o debate de idéias. A defesa   de   seus  ideais  rendeu  a  Adalgisa  a  eleição  como  deputada constituinte   da   Guanabara  em  1960,  mas  também  diversas  inimizades políticas.

A  Inimizade,  intrigas  e  conflitos  entre  Carlos  Lacerda,  Tribuna  da Imprensa, e Samuel Wainer é o foco de análise de Marina de Mendonça. Não só questões  político-ideológicas  que  estiveram  no centro das disputas, mas também  a  dinâmica  do  fracasso editorial de um e do sucesso de outro são analisadas  neste  artigo.  A autora destaca as ligações políticas dos dois personagens  em  foco,  mostrando  a  influência  de Getúlio Vargas sobre a trajetória empresarial de Wainer.

Por  fim,  o  artigo  de  Luis Carlos Martins investiga um momento bastante expressivo   do  governo  de  Vargas  –  a  criação  da  Petrobrás  –  e  o posicionamento do jornal Última Hora a este respeito. Analisa o discurso do jornal  como  um  dos  esteios de sustentação da campanha nacionalista pelo petróleo,  movimentando-se  no  debate  entre  as  propostas  mais  e menos estatizadoras (MG).