Revelando São Paulo atrai mais de 500 mil pessoas

Durante cinco dias, público conferiu dança, música, artesanato e culinária típica do Vale do Paraíba

qua, 18/07/2007 - 11h17 | Do Portal do Governo

Eles foram chegando aos poucos e lotaram, com suas famílias, o Parque da Cidade, em São José dos Campos. Durante cinco dias, de 4 a 9 deste mês, cerca de 500 mil pessoas, atraídas por uma programação cultural diversificada, estiveram presentes na segunda etapa da sexta edição do Revelando São Paulo, para conhecer a dança, a música, o artesanato e a culinária típica da região do Vale do Paraíba. A primeira foi realizada em junho no Vale do Ribeira. E a terceira deve acontecer em setembro, na Capital.

Foram inúmeras apresentações de moçambiques, jongos, violeiros e sanfoneiros, catiras, fandangos e quadrilhas, eleição da rainha e do rei congo, em meio a uma atmosfera que transbordava sabores, cores e tradição. No tema escolhido para este ano Pela beleza de nossa casa – a preocupação com a cultura da paz.

“O público vem aumentando ano a ano. O evento se transformou numa festa da família. É uma vitrine viva da cultura tradicional”, ressalta Toninho Macedo, idealizador da festa, com edição anual no Vale do Ribeira e na Capital.

“Tenho orgulho dessa festa. Revelar passou a ser sinônimo de convidar a olhar, a ver com outros olhos. A se reconhecer”, diz Toninho. Atualmente, ele ocupa o cargo de diretor artístico do Revelando na Organização Social de Cultura Abaçaí, que organiza o evento em parceira com a Secretaria Estadual da Cultura. 

Sinhô e Senhora

Essa edição do Revelando, também chamado de Festival da Cultura Paulista Tradicional, teve a participação de mais de 55 cidades do Vale do Paraíba, Litoral Norte, Vale do Ribeira e Grande São Paulo. De acordo com Antonia Varotto, presidente da Fundação Cassiano Ricardo, o evento trouxe o que há de melhor na região: “Esta região é muito rica em tradições culturais. Temos aqui muitas manifestações folclóricas e cada uma delas representa um pedacinho do Brasil. É uma festa da família, onde você resgata um patrimônio imaterial, ou seja, aquilo que está na vivência de cada um e é passado de pai pra filho”.

Ela explica que, além de ajudar na organização do evento e ser parceira da Abaçaí, a fundação possui em seus quadros um grupo teatral – o Piraquara. “É um espaço de vivência e de compartilhamento. Uma expressão artística do folclore da região”, afirma Antonia.

O grupo, que se apresentou no encerramento do Revelando, completará 20 anos de existência ainda este mês. No espetáculo Sinhô, Senhora, o Piraquara prestou uma homenagem a São Benedito e a Nossa Senhora do Rosário, com três manifestações culturais: as taieiras (baianas), moçambique e congo de sainhas. 

Versinhos

Plantei um pé de cana-verde, no dia de noite escura / Quando foi no outro dia já tinha cana madura”, declama José Alves Mira, de 82 anos, um dos músicos do grupo Piraquara. Zé Mira, como gosta de ser chamado, é um arquivo vivo da cultura popular: “Sou mestre de folia de reis, de catira e de congada”, informa e logo dispara: “Isso aqui é uma estrela que caiu do céu no meio desse parque. Assim as pessoas podem ver nossa cultura popular que não é escrita, vem de pai pra filho”.

Assim como o músico, a dona de casa Maria Helena Santos, de Jacareí, não poupa elogios ao Revelando: “Todo ano compareço. Vim três dias consecutivos. Gosto das apresentações de congada, da procissão com a santa peregrina e do artesanato”, diz. 

Religiosidade

Maria Helena se refere à Imagem Peregrina de Nossa Senhora Aparecida, que chega na abertura do Revelando e sai em procissão pelos asilos e hospitais da região ao final do evento. A despedida da santa é um dos momentos que mais emocionam o público. Também encantam os presentes as charolas de Carlinhos Paraibuna, que neste ano fez a montagem de três delas. Em cortejo, as charolas seguiram até a Praça Afonso Pena, levando as imagens de Santo Antônio, frei Galvão e São Benedito. No local, eram aguardadas por 20 grupos de moçambiques e congos e outros representantes da cultura tradicional paulista. “Não tem explicação, é uma felicidade muito grande montar as charolas. A criação vem na hora”, diz Carlinhos.

As professoras Roseli Nogueira Mendes, de Caçapava, e Solange Castro, de São Paulo, consideraram o evento uma oportunidade para se conhecer a comida típica e o artesanato da região. “Acho muito importante poder levar aos meus alunos um pouco da cultura regional. Sempre que posso, compro um artesanato para mostrar que, com pouco dinheiro e muita criatividade, é possível prover a subsistência”, diz Solange. 

Aroma e sabor

Bernardo Antunes Neves, 73 anos, um dos responsáveis pelo Rancho de Paraibuna, diz ter participado do Revelando desde sua primeira edição: “Vendo bolinho de chuva doce e salgado e faço o tradicional café caipira, que é passado em coador de pano”, conta. Preocupado em divulgar a culinária antiga, especialmente a que vem de sua família, Bernardo divide o espaço com mais 44 profissionais do fogão, que produzem outras iguarias, entre elas feijão tropeiro, bolinho caipira, galinhada e doces caseiros.

No espaço destinado ao artesanato, 53 expositores deram mostra da criatividade presente na região. Lá estavam as toalhas de fuxico, os tapetes de tear, as estátuas de madeira e de barro, cestos e balaios de sisal e de juta, peças de cerâmicas produzidas com terra de cupinzeiro.

Márcia Borges, uma das expositoras da cidade de Joanópolis, há seis anos apresenta suas esculturas em arte sacra. Para ela, o festival foi uma oportunidade para divulgar seu trabalho no Brasil e no exterior: “É uma alegria muito grande ver o trabalho da gente reconhecido. Sempre digo, desde que entrei no Revelando, fiquei mais jovem, porque tenho contato com muita gente e convivo com pessoas de todas as idades”, diz a escultora. 

Marilia Mestriner

Da Agência Imprensa Oficial