Restauração do painel “São Paulo – Brasil: Criação, Expansão e Desenvolvimento” termina essa semana

Tela de 4,5 m x 16 m, do artista Antonio Henrique Amaral, substituiu o painel Tiradentes, de Portinari, no hall de entrada do Palácio dos Bandeirantes

qua, 13/12/2006 - 16h02 | Do Portal do Governo

A restauração do gigantesco painel em óleo sobre tela “São Paulo – Brasil: Criação, Expansão e Desenvolvimento”, do artista plástico paulista Antonio Henrique Amaral, de 71 anos, será concluída esta semana.

A obra de 4,5 metros x 16 metros, que ocupa o hall de entrada do Palácio dos Bandeirantes, foi a vencedora do concurso, realizado pelo governo do Estado em 1989, para substituir o painel de Tiradentes, de Portinari, transferido para o Memorial da América Latina.  

Inspirados nos bandeirantes, os artistas plásticos Antonio Amaral, Waldir Sarubi, Sérgio Ferro, José Aguilar, Cláudio Tozzi e Emanoel Araújo apresentaram projetos a uma comissão, que escolheu o trabalho “São Paulo – Brasil: Criação, Expansão e Desenvolvimento”.

Os trabalhos apresentados, em dimensões menores, também foram adquiridos e fazem parte do acervo dos palácios.

Amaral trabalhou oito meses na tela, que teve como ponto de partida duas referências básicas: na forma, uma visão histórica de São Paulo, seu crescimento e a formação da nação brasileira; na cor, desenvolvimento e consciência ecológica.

O painel retrata a necessidade da consciência ecológica para o processo e futuro desenvolvimento e ocupação de nosso território; a criação do novo Colégio dos Jesuítas nas planícies de Piratininga; os batelões dos paulistas adentrando o sertão pelos caminhos dos rios; a descoberta das minas e do ouro encravado no corpo das montanhas; acampamentos que se tornam pequenos povoados e depois vilas; ciclos da cana de açúcar e do café; o processo de industrialização; cidades seguindo o homem que as faz, sempre tendo como pano de fundo a cor verde, simbolizando o respeito a natureza e a consciência de que a preservação do meio ambiente é a fonte de energias para cumprir o destino do povo numa nação civilizada.

Desde o dia 16 de outubro deste ano, as restauradoras Adriana Pires e Tatiana Herrmann, do acervo dos Palácios dos Bandeirantes, Campos de Jordão e Horto Florestal, trabalham na tela. “O problema dessa obra foi a descaracterização do verniz, em função de exposição à luz”, declarou Adriana, acrescentando que, em alguns pontos, o produto escorreu junto com as tintas.

O verniz foi trocado e a pintura recuperada depois que as restauradoras fizeram um laudo técnico do painel. Adriana informou que elas, também, fizeram a higienização e limpeza. “Todo o trabalho é documentado antes, durante e depois de todo o processo de restauração, inclusive, com arquivo fotográfico”, afirmou.

Tatiana disse que, antes de iniciar os trabalhos, elas conversaram com o autor para saber detalhes do material utilizada por ele na obra. “Fomos ao atelier do Antonio Henrique e ele nos disse que tipo de tinta usou. Isso nos ajuda bastante porque ficamos sabendo que tipo de solvente poderíamos usar em determinada tinta”, destacou Tatiana. Segundo ela, quando não é possível ter essas informações do próprio autor, são necessários vários testes para saber quais são os produtos apropriados na restauração.

O artista

Antonio Henrique Abreu Amaral iniciou sua trajetória artística aos 17 anos, quando foi aluno de Roberto Sambonel, no Museu de Arte de São Paulo (Masp). Durante quase uma década, ele se expressou pela linogravura, técnica de gravação onde a matriz é feita com linóleo, uma espécie de borracha sintética. Neste período teve aulas de gravura com Lívio Abramo, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (Mam) e Shiko Munakata, no Pratt Grafhics Center em Nova York.

O traço marcante nos trabalhos Amaral é o pensamento político-social intercalado por sonhos e paixões.

André Muniz