Reitora destaca papel da USP no avanço da bioenergia

O evento, que é promovido pela USP, reunirá até sexta-feira especialistas no tema

qua, 26/09/2007 - 18h48 | Do Portal do Governo

 A reitora da USP, Suely Vilela, abriu na quarta-feira, 26, no Hotel Maksoud Plaza em São Paulo, a Conferência Nacional de Bioenergia (Bioconfe). O evento, que é promovido pela USP, reunirá até sexta-feira especialistas da Universidade, do governo e da iniciativa privada para discutir o desenvolvimento de tecnologias avançadas que permitam ao Brasil aproveitar recursos naturais abundantes para aumentar a produtividade no campo da bioenergia.

Na solenidade de abertura, que teve início às 10 horas, Suely Vilela destacou o papel da Universidade na expansão da produção de biocombustíveis. “Há uma atuação importante nas áreas de pesquisa, inovação, transferência de tecnologia, formação de recursos humanos e no debate sobre políticas públicas para o setor”. Ela destacou a liderança brasileira na área de bionergia, especialmente na produção de biocombustível. “A manutenção dessa posição exigirá uma estratégia de superação das deficiências e vulnerabilidades atuais”, disse a reitora em discurso para uma platéia de cerca de 200 pessoas. “É preciso aumentar as conquistas tecnológicas em todas as etapas das cadeias produtivas das matrizes energéticas, para aumentar qualidade, eficiência e produtividade, de forma sustentável e com justiça social”.

O secretário de Ensino Superior do estado de São Paulo, Carlos Vogt, que representou o governador José Serra, disse que “o Brasil possui recursos para realizar uma produção científica de qualidade, mas ainda há uma lacuna na participação do setor empresarial e industrial na produção de inovações tecnológicas”. O grande desafio, segundo o secretário, é gerar ganhos econômicos e sociais a partir do conhecimento, “com respeito ao meio ambiente e responsabilidade ética e social”.

Para o professor Wanderley Messias da Costa, coordenador da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS) da USP e presidente a Bioconfe, “o desafio históricos dos pesquisadores é mais uma vez superar os obstáculos científicos e tecnológicos para consolidar a bioenergia e compartilhá-la com o setor produtivo.

Também estiveram presentes na solenidade de abertura o vice-reitor da USP, Franco Maria Lajolo, o pró-reitor de Pesquisa Armando Corbani Ferraz e os diretores da Escola Politécnica (Poli), Ivan Gilberto Sandoval Faleiros, do Instituto de Química (IQ), Hans Viertler e do Instituto de Eletroténica e Energia (IEE), José Aquiles Baesso Grimoni. O ex-reitor da USP Adolpho José Melfi representou a Academia Brasileira de Ciências (ABC).

Álcool José Goldemberg, ex-ministro da Educação e ex-Reitor da USP, proferiu conferência sobre as atividades da Comissão Especial de Bioenergia do Estado de São Paulo, criada em abril pelo governo estadual e por ele coordenada. “A Comissão deverá apresentar seu relatório final em outubro, com propostas de políticas públicas para a expansão da bioenergia no estado de São Paulo sem impactos negativos do ponto de vista social e ambiental”.

Goldemberg afirmou que a cana-de-açúcar representa 30% da matriz energética do estado, seja por meio da produção de etanol ou da queima do bagaço. “Em São Paulo, a principal fonte de bioenergia é a biomassa da cana”, disse. “O biodiesel ainda custa o dobro do diesel de petróleo, mas há a possibilidade de ele ser produzido a partir do sebo de animais que não é aproveitado em frigoríficos, o que está em estudos”.

O físico lembrou que a área cultivada da cana é de 4,34 milhões de hectares, num total de 7,9 milhões de hectares de terras agricultáveis no estado. “A produção de cana pode ser aumentada sem prejudicar outros cultivos, aproveitando as terras usadas para pecuária, que representam 9,78 milhões de hectares, a maior parte usada na criação extensiva, com rebanho pouco adensado”.

A conferência do eventoGoldemberg também apontou que outra frente para a expansão da produção de biocombustível será o desenvolvimento de tecnologias que permitam a produção de etanol a partir do bagaço de cana. “O bagaço concentra 34,71% da energia existente na cana de açúcar, enquanto na sacarose, usada hoje para produzir álcool, possui 31,43%”, comparou. “O bagaço é composto por 47% de celulose, que poderia ser hidrolisada e convertida em sacarose para a fabricação de etanol”.

Questionado sobre o desemprego causado nas áreas rurais pela mecanização da colheita da cana-de-açúcar, Goldemberg afirmou que a expansão da área cultivada deverá absorver a mão-de-obra ociosa. “A absorção será acelerada pelo retreinamento dos trabalhadores, o que já é feito por algumas fazendas e deverá ser auxiliada pelas Faculdades de Tecnologia (Fatecs) existentes em São Paulo”.

Goldemberg calculou que o etanol poderá chegar a substituir até 10% da produção de gasolina em todo o mundo em dez anos, utilizando-se as tecnologias de produção atuais. “Para atingir essa meta, é indispensável que os governos estabeleçam exigência para o uso do álcool como combustível, de modo a criar um mercado cativo para os produtores”, explicou. “ No Brasil, foi a exigência de adição de 20% a 26% de álcool à gasolina que impediu o colapso total da produção de álcool na década de 90 do século passado”.

Da USP Online