Reeducandos de Itaí são aprovados em Vestibulinho

Após concorrer com outros 160 alunos, dupla de reeducandos já cursa escola de ensino técnico em Avaré

sex, 31/08/2007 - 12h35 | Do Portal do Governo

Dois reeducandos da Penitenciária “CB PM Marcelo Pires da Silva” de Itaí prestaram o vestibulinho do Centro Paula Souza (Escola Técnica Estadual), na cidade de Avaré, em junho deste ano. Eles disputaram vaga com outros 160 candidatos, foram aprovados e já estão cursando computação, de segunda à sexta-feira, das 13h às 17h, graças a uma autorização judicial, expedida pela VEC (Vara das Execuções Criminais) de Avaré.

Antônio Carlos Faria, 51, um dos aprovados, chegou na unidade em 2000 e possuía somente a 6.ª série do ensino fundamental. Na penitenciária teve oportunidade de freqüentar o Telecurso 2000 e concluiu, inclusive, o ensino médio. Beneficiado com a progressão ao regime semi-aberto, foi selecionado para trabalhar como monitor preso na alfabetização de seus colegas da ala de progressão.

Através de um funcionário, Faria tomou conhecimento de que as inscrições para o vestibulinho estavam abertas. A partir daí, ele conversou com a direção da unidade para se inscrever durante saída temporária do Dia das Mães.

O apoio da diretoria e dos servidores, somado ao esforço pessoal, foi fundamental, pois estava se preparando há dias – ele já havia participado do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). “Sempre tive vontade de ensinar o que aprendi e na condição de professor de outros reeducandos, eu aprendia junto com eles”, orgulha-se Faria.

Participante de cursos profissionalizantes oferecidos pela unidade, inclusive o de computação, acredita que o aprendizado será de extrema importância para sua reintegração. “O conhecimento de informática nos nossos dias é de suma importância”, admite. “Fui muito bem recebido pela direção e funcionários do Instituto, além disso, o curso está superando minhas expectativas. Desejo extrair o máximo de conhecimento possível e repassá-los a meu alunos na prisão”, promete.

Maurício Ferreira Rula, 36 anos, chegou na unidade com o ensino médio concluído e conta que não teve vontade de estudar, mas depois do incentivo de colegas se inscreveu para a prova de monitores, foi aprovado e tomou gosto pelo trabalho de educador. “No começo enfrentei grande dificuldade, pois estava desatualizado”, afirma o reeducando.

Hoje ambos se consideram exemplos para os demais reeducandos. “Basta que eles se conscientizem de que portas podem lhes ser abertas, se desejarem conquistar um lugar ao sol”, diz Mauricio . “Para a unidade é muito gratificante saber que o trabalho desenvolvido por todos está dando resultados”, afirma o Diretor Técnico de Departamento, Mauro Henrique Branco. “Com isso cresce a esperança de que os demais reeducandos sigam o mesmo exemplo, construindo a capacidade de transformar a realidade adversa”, conclui.

Da Secretaria Estadual da Administração Penitenciária

(I.P.)