Receita do Instituto de Pesca dá resultado em Pindamonhangaba

Pesquisadores apostam em potencial do Brasil e procuram produtores para serem parceiros na atividade comercial

qui, 14/02/2008 - 8h49 | Do Portal do Governo

Desde 2002, o pesquisador Hélcio Marques, do Instituto de Pesca (IP), órgão da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, estuda a rizicarcinicultura, associação do plantio de arroz com a produção de camarão. A atividade é realizada no pólo da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) em Pindamonhangaba.

Os testes são realizados com lavoura de arroz irrigada por inundação e são utilizados camarões da espécie Macrobrachium rosenbergii. Já permitiram definir quais são as principais adaptações necessárias para o tabuleiro de arroz receber os animais.Novo impulso – Em dezembro de 2006 a rizicarcinicultura brasileira deu novo passo, a partir do estudo do pesquisador Marcello Boock, da Apta. Seu experimento foi realizado em Mococa, sede do Pólo Nordeste da agência. E empregou a espécie Macrobrachium amazonicum.

No estudo feito em Mococa foram avaliadas as épocas mais favoráveis para o início do cultivo, a estrutura populacional dos animais e o aproveitamento de subprodutos do crustáceo, como a cabeça e a carapaça. Também estão previstas pesquisas sobre alimentar ou não a criação com ração e cuidados no processamento do produto.Trabalho conjunto – Segundo o pesquisador Hélcio, pretende-se ainda definir o manejo de adubação e critérios de aplicação segura de defensivos no cultivo do cereal. A possibilidade de eliminar a adubação nitrogenada de cobertura no arroz será também avaliada, já que as excreções do camarão são ricas em nitrogênio e podem suprir as necessidades da cultura.

Os resultados iniciais das pesquisas indicam uma produção estimada de cerca de 6,7 toneladas de arroz e 98 quilos de camarão/hectare por safra. O custo de produção de camarão incluiu as pós-larvas e a mão-de-obra para realizar as adaptações nos tabuleiros e na retirada dos animais dos tabuleiros que não receberam ração. Neste contexto, a agregação de valor ao arrozal, proporcionada pelo camarão, pode atingir, na safra, cerca de R$ 1.960 por hectare.Em busca de parceiros – A idéia da produção integrada foi importada da Ásia. Os pesquisadores Hélcio e Marcello apostam no potencial brasileiro das lavouras de arroz irrigado por inundação para criar camarão. Segundo eles, o investimento é pequeno e traz benefícios. A prática favorece a sustentabilidade econômica, ambiental e social das duas atividades e reduz a quantidade de agrotóxicos usada na rizicultura.

Ainda não há atividade comercial e a rizicarcinicultura está em fase de aperfeiçoamento no País. Integram, também, o projeto as pesquisadoras Helenice Pereira de Barros e Margarete Mallasen, do Instituto de Pesca, e profissionais do Centro de Aqüicultura da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Jaboticabal.

Os pesquisadores do Instituto de Pesca e da Apta buscam agora produtores para serem parceiros no projeto. Oferecem assistência técnica e, como contrapartida, pedem a reserva de uma pequena área de plantio de arroz e de mão-de-obra para o cultivo consorciado. “Os resultados futuros validarão a pesquisa em escala comercial e contribuirão para o aperfeiçoamento do sistema”, prevêem.Antônio Carlos Simões.

Serviço
Instituto de Pesca – www.pesca.sp.gov.br

Do Instituto de Pesca

(M.S.)