Quilombolas e assentados têm capacitação sem perder raízes

Itesp promove cursos para ajudar comercialização de produtos típicos das comunidades

qua, 25/11/2009 - 9h30 | Do Portal do Governo

Tapetes de fibra de bananeira, móbiles de conchas, ostras, mel, licores, geléias e verduras. Produtos que poderiam ser só frutos de tradições, mas que passaram a ser o sustento de moradores das comunidades quilombolas e dos assentamentos paulistas com o trabalho do Itesp (Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo).

Na família Rosa, que mora na comunidade quilombola de Sapatu, no Vale do Ribeira, o artesanato já era tradição, mas não o trabalho com a fibra de bananeira. Técnicos do Itesp, que se dividem entre as regiões paulistas para atender e identificar as demandas das comunidades, promoveram um curso com o material para aprimorar o forte artesanato no vale. Hoje, as vendas da família cresceram com os objetos oriundos da fibra. “Vendemos bastante para turistas e em feiras de artesanato”, diz o pai João Rosa. O próprio Itesp leva representantes das comunidades para feiras, como as realizadas no último dia 20, Feira Quilombos em São Paulo e Feira dos Assentamentos Paulistas, no Parque da Água Branca, na capital.

O filho de João, Ivo, teve até uma temporada fora da comunidade, mas após 6 meses estava de volta quando percebeu a possibilidade de geração de renda sem deixar suas raízes. “Hoje, existia uma estrutura para podermos trabalhar e nos sustentar. Não sairia de novo”, declara.

Outra demanda atendida pelo Itesp foi a dificuldade de pequenos produtores de assentamentos da região do Pontal para produzir alimentos. Após orientação de agricultores, a produção pôde ser ampliada e os que plantavam somente para seu consumo, atualmente, fornecem alimentos até para programas de segurança alimentar e à merenda escolar. Além do Pontal, Sorocaba também recebeu o projeto que possibilitou com que Geralda Maria da Silva vendesse os produtos de hortifruti de seus pais na cidade e também em feiras.

“Sou feliz com o que eu faço”

A Fundação Itesp atua em prol do desenvolvimento sustentável das famílias quilombolas e assentadas com programas de investimento, assistência técnica, formação e capacitação. Panificação, processamento de peixes, apicultura, corte e costura, técnicas de produção de artesanato e manipulação de plantas medicinais. Estes são alguns dos cursos que melhoraram o trabalho dos moradores, sem deixar de preservar a cultura de cada região.

Além dos assentados e quilombolas “de raiz”, as comunidades recebem agregados que por algum motivo se instalaram na região, também beneficiados com os programas. É o caso do casal Israel Martins e Maria Lucia Santos que há 25 anos moram no Quilombo Fazenda, em Ubatuba. Lá, eles puderam organizar seu trabalho de artesanato e encontrar mais formas de divulgá-lo e comercializá-lo. “Participamos de festas onde conseguimos vender mais e até arranjar parceiros, como decoradores”, diz Israel.

Ainda em Ubatuba, no Quilombo Caçandoca, o nativo Alexandre Gaspar vive com a venda de móbiles de conchas, açaí e mexilhão. A diferença é que com o Itesp ele conta com apoio para vender e aprimorar o seu trabalho. “Sou feliz com o que eu faço”. A declaração do nativo Alexandre deixa muito claro o que estas comunidades precisam e o que rege o trabalho do Itesp: não é um impor um novo ofício a estas pessoas e sim aperfeiçoar e profissionalizar para que estes possam não só sobreviver, mas viver com aquilo e ter orgulho de suas raízes.

Do Portal do Governo do Estado de São Paulo