Quedas causam 75% das internações de menores de 15 anos

Dados são de uma pesquisa inédita do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde

ter, 11/09/2007 - 10h43 | Do Portal do Governo

Que a movimentação constante de crianças e adolescentes resulte em machucados é fácil de ser visto por quem convive com eles. O grave é que esses ferimentos são observados em um alto índice de crianças e as conseqüências vão de pequenos ferimentos até a morte. Quedas, atropelamento, queimaduras e acidentes de transporte são os motivos que levam menores de 15 anos à hospitalização. As sufocações, afogamentos e atropelamentos são as principais causas de morte.

As quedas são responsáveis por 74,6% das internações de menores de 15 anos em hospitais. Em seguida, estão atropelamento (8,4%) e queimaduras (5,8%). Os casos fatais são provocados por afogamento (27,7%), atropelamento (25,7%) e acidentes com transporte (18,6%). A sufocação é a principal causa de óbito por acidente em menores de um ano. Esses dados foram extraídos de pesquisa inédita feita pelo Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde.

O diretor estadual da pasta, Ricardo Tardelli, lamenta que apesar dos avanços da medicina e da saúde pública, crianças e adolescentes continuem a morrer ou a sofrer seqüelas resultantes de acidentes. “Se houvesse supervisão adequada de adulto esses acidentes seriam evitáveis e alguns até previsíveis”. Ele cita casos de atropelamentos de bebês engatinhando na rua e diz que “faltam cuidado e bom senso”.

Veja algumas recomendações para evitar acidentes

Tardelli alerta que crianças (entre um ano e cinco anos) e adolescentes (de 10 anos a 15 anos) são as principais vítimas de morte por afogamento. Diz que os adultos devem ficar atentos quando as crianças dessas faixas etárias brincam em lagos, rios, piscinas e mar. Além de não prestar a atenção devida na movimentação das crianças e não supervisioná-las adequadamente, as pessoas têm a falsa idéia de que a casa é um lugar seguro e não as protegem dos possíveis riscos, argumenta o diretor.

Entre os dados coletados, o que mais chamou a atenção foi constatar que a maior causa de morte por acidente em bebês é por sufocação. “Em um ano, 115 bebês morreram asfixiados com leite ou com comida regurgitada. Eles não podem tomar mamadeira no berço sem a presença de responsável. Ainda não têm controle, se engasgam e morrem sufocados. São coisas óbvias, mas ignoradas”, diz Tardelli.

A pesquisa coletou as informações a partir do banco de dados sobre esse público, atendido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) do Estado de São Paulo, em 2005 (veja tabelas). A idéia, de acordo com Tardelli, é que a pesquisa se repita anualmente para que sejam realizadas campanhas de conscientização da população e divulgação de informações para que esses índices diminuam.

Dez mil óbitos

Dos 10.041 casos de falecimento constatados em 2005 com menores de 15 anos, 1.367 foram provocados pelas chamadas causas externas (inclui acidente, homicídio e violência), ou seja, 13,6% de crianças e adolescentes paulistas não morreram por doenças como afecções originadas no período perinatal (4.745 casos ou 47,4%) ou por malformações congênitas (1.596 mortes ou 15,9%). Como esses dois problemas de saúde só acometem menores de um ano, temos que o principal motivo de morte dos que estão na faixa de 1 ano a 15 anos está relacionado a acidentes (770) e homicídios e violência (590).

Dos 287.413 prontuários de internações de crianças e adolescentes, 33.041 (11,5%) têm causas externas, sendo 24.525 referentes a acidentes. Esse número coloca os acidentes, homicídios e violências como a quarta causa que leva esse público a procurar os hospitais. Só perde para as doenças no aparelho respiratório (120.565 casos ou 41,9%), afecções do período perinatal (45.307 ou 15,8%) e doenças infecciosas e parasitárias (38.907 ou 13,5%).

Claudeci Martins

Da Agência Imprensa Oficial

(I.P.)