Quando a intensidade da chuva acende o sinal vermelho

Os indicadores que alertam os técnicos sobre os riscos de transbordamento

seg, 04/02/2008 - 11h26 | Do Portal do Governo

Todo ano, no período que vai de novembro a março, a equipe de técnicos do COD trabalha com a perspectiva de freqüentes chuvas de verão, em razão das temperaturas elevadas. Este ano, porém, o comportamento das chuvas no mês de janeiro foi diferente do que tradicionalmente se observa. “Foi o mês de janeiro mais frio em 26 anos”, afirma o coordenador da Unidade de Gerenciamento de Informação de Cheias do DAEE, Ricardo Borsari. 

Mesmo assim, o mês de janeiro registrou, até o dia 30, 297 mm de chuvas, volume 19% acima da média histórica, que é de 248 mm. O volume foi grande, mas durante a maior parte do mês, não ocorreram tempestades de verão.  

Para encher reservatório

Na semana que foi de 20 a 26 de janeiro, por exemplo, as temperaturas relativamente baixas e as chuvas que variaram de moderada a fraca intensidade não ofereceram risco de transbordamento dos cursos d’água da região metropolitana. Para o grupo que faz o monitoramento, aquela foi uma semana de “chuva para encher reservatório”. “Normalmente, essas chuvas não chegam a provocar transbordamento de rios e córregos”, explica Borsari.  

Segundo ele, num dia com chuvas de intensidade que varia de moderada a fraca, como as que ocorreram na terça-feira daquela semana (22 de janeiro), a média de água acumulada foi de cerca de 10 mm, o que não chegou a causar problemas para os rios e córregos. 

Sinal de alerta

Os técnicos, porém, começam a ficar preocupados quando, em duas horas de chuva, o acúmulo de água atinge 30 mm. Isso porque a probabilidade de transbordamentos é alta. O que é muito comum nas chuvas de verão. “Mas tudo depende do lugar em que a chuva cai”, observa o coordenador da Unidade de Gerenciamento de Informações.  

Na região do ABC, por exemplo, seria preciso ter uma chuva de duas horas que gerasse o acúmulo de 40 mm de água para que houvesse a possibilidade de transbordamento do Ribeirão dos Meninos. Já no Rio Tietê, essa mesma chuva, com duas horas de duração, precisaria atingir mais de 50 mm para haver risco de transbordamento do rio. “Uma chuva muito intensa na Zona Norte da cidade causa muito menos problemas para o Rio Tietê do que a mesma chuva na Bacia do Tamanduateí”, exemplifica Borsari. 

Exatamente uma semana depois, no dia 29 de janeiro (também terça-feira), São Paulo teve um dia inteiro de chuva, com intensidade moderada. “O volume precipitado foi grande, mas choveu por um período longo e as estruturas de drenagem tiveram tempo para escoar essas águas”, informou o coordenador do grupo. Realmente, naquele dia não se observou nenhum transbordamento nos principais cursos d’água da região metropolitana. O que se registrou naquela data, na verdade, foram 47 pontos de alagamentos, todos transitáveis.  

A previsão de acúmulo de água para aquele dia era de 42 mm, mas o índice pluviométrico médio na cidade atingiu 59 mm. “Choveu mais do que o esperado, mesmo assim, não registramos transbordamentos”, destacou Borsari. 

Cíntia Cury