Psiquiatra de Botucatu recebe prêmio por projeto antissuicídio

Pesquisador é primeiro da América Latina a conquistar honraria internacional

qui, 13/10/2011 - 18h00 | Do Portal do Governo

“Só existe um problema filósofico realmente sério: o suicídio. Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder à questão fundamental da filosofia.” Com essa frase do filósofo e escritor francês nascido na Argélia, Albert Camus (1913-1960), o psiquiatra e professor José Manoel Bertolote, da Faculdade de Medicina, Câmpus de Botucatu, resume sua afinidade com o tema que lhe rendeu, em setembro, o prêmio da Associação Internacional para a Prevenção de Suicídio (International Association for Suicide Prevention – IASP) – considerado o mais importante da área.

A premiação é concedida a cada quatro anos, mas é a primeira vez que um latino-americano é agraciado. A entrega da honraria foi realizada em Pequim, na China.

Bertolote assessorou por duas décadas a Organização Mundial da Saúde (OMS) na elaboração de diretrizes para prevenção do suicídio. Analisou também outros transtornos mentais, neurológicos e psicossociais em um livro (Primary Prevention of Mental, Neurological and Psychosocial Disorders, Geneva, WHO, 1994) editado pela OMS.

É autor, ainda, de sete capítulos do Oxford Textbook of Suicidoloy and Suicide Prevention. Para esse trabalho, ele analisou um banco de dados da OMS sobre mortalidade em mais de cem países. “Passei a extrair e a analisar essas informações, o que revelou importantes tendências que se mostraram extremamente úteis para o desenvolvimento de políticas, estratégias e de programas de prevenção ao suicídio”, comenta.

Programa internacional

Em 1996, com o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da ONU (Organização das Nações Unidas), o psiquiatra organizou uma reunião sobre suicídio. O encontro gerou um documento que orientou programas nacionais de prevenção. “A partir desse momento eu estava em condições para prestar assistência técnica aos países membros da ONU que solicitassem ajuda nessa área, com a criação do programa Supre (Suicide Prevention), da OMS”, conta o psiquiatra.

Em 2000, Bertolote coordenou um estudo multicêntrico em 10 países, entre os quais o Brasil, para aprofundar o conhecimento clínico e social das tentativas de suicídio. Desse projeto resultou uma modalidade de intervenção com alta efetividade e baixo custo para a redução da mortalidade.

Da Unesp