Projetos de estudantes da USP alertam para cuidados com manipulação de alimentos

Alunos do campus de Pirassununga se apresentam em escolas e realizam treinamentos em lanchonetes

sex, 23/07/2010 - 16h00 | Do Portal do Governo

Treinamentos in loco e músicas didáticas. É por meio dessas atividades que os estudantes da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da Universidade de São Paulo (USP), em Pirassununga, procuram conscientizar estudantes e funcionários de lanchonetes e restaurantes sobre os cuidados com a manipulação de alimentos. Os projetos “Extensão dos conhecimentos sobre segurança dos alimentos através da música” e “Treinamento “in loco” sobre higiene e conservação de alimentos para ambulantes e lanchonentes” existem desde agosto de 2009 e são coordenados pelo professor Marco Antonio Trindade. Juntos, formam um projeto só, chamado Alimento Seguro.

A atividade teve início graças ao Programa Aprender com Cultura e Extensão em que três bolsistas ficaram responsáveis pelos dois projetos, que têm como principal objetivo alertar estudantes, funcionários de lanchonetes, ambulantes que vendem comida e quaisquer outros interessados sobre a forma correta de se manipular os alimentos, seja na hora de cozinhá-los ou consumi-los.

Trindade conta que a realização dos projetos dependeu de uma junção de fatores: Leonardo Alves Pinto e Victor Scaranelo, alunos da FZEA, começaram a desenvolver um projeto envolvendo música e conscientização sobre os perigos da manipulação de alimentos sem os devidos cuidados, por meio de paródias. O professor conta que já tinha conhecimento de um projeto semelhante, realizado na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Assim, tendo as bolsas do programa de extensão em mãos, a ideia pôde ser posta em prática.

“Esse projeto foi desenvolvido aos poucos, ao longo de vários meses”, conta Alves Pinto, responsável por explicar os assuntos retratados nas paródias e por desenvolver o site Alimento Seguro. “No intervalo de uma música para outra é explicado o que citamos nelas, uma vez que a maioria do público é formada por alunos do ensino fundamental, que não têm uma bagagem muito grande de Microbiologia.” O outro bolsista, Victor Scaranelo, conta que a paixão por música o levou a participar do projeto: “Eu iria cantar e informar, passando a informação de maneira engraçada. Além disso, ia ajudar a sociedade de alguma forma”, conta.

A segunda parte do trabalho coube a Elisa Silva Maluf de Paula. A bolsista conta que poder dar um treinamento sobre boas práticas de fabricação lhe deu mais experiência para sua carreira como engenheira de alimentos. “Conscientizar manipuladores de alimentos, podendo utilizar as teorias que aprendi na faculdade com certeza me ajudou bastante.” O treinamento consistia na criação e apresentação de uma apostila com dados importantes sobre os cuidados a serem tomados com os alimentos. “Desenvolvemos a apostila, eu e a Elisa, utilizando materiais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Quando os cursos são ministrados, os funcionários acompanham o conteúdo por meio da apostila, que fica como doação para os estabelecimentos”, conta Trindade. Os conteúdos tratados vão desde conceitos de Microbiologia até cuidados com a higiene pessoal.

Elisa também conta que houve dificuldades em seu trabalho. “Os donos dos estabelecimentos ficavam um pouco desconfiados quando eu oferecia o curso, achavam que eu poderia querer fechar o estabelecimento se não estivessem de acordo com o que eu falasse.” A bolsista relata que muitos desses chefes de estabelecimento também não queriam que seus funcionários “perdessem” duas horas de trabalho para realizar o treinamento. Porém, apesar das complicações, o treinamento foi realizado em oito lanchonetes.

No momento, Trindade diz que não procura expandir os projetos. “Com o final do período da bolsa, a ideia é manter o site com os conteúdos no ar. Mas, infelizmente, não temos verba para mandar os alunos para fazerem apresentações em outros lugares”, lamenta. “Se no ano que vem houver novas músicas e ideias, podemos pensar em no crescimento do projeto.”

É possível ver os trabalhos realizados pelos bolsistas no site Alimento Seguro, criado para o projeto. Pode-se também, na mesma página, fazer download da apostila e ouvir as paródias criadas.

Da USP