Projeto utiliza laptop como ferramenta pedagógica

Utilização de computadores portáteis nas aulas aumenta freqüência e interesse de alunos na sala de aula em escola da periferia paulistana

ter, 04/09/2007 - 18h30 | Do Portal do Governo

Numa escola municipal de São Paulo, as faltas e os atrasos dos estudantes diminuíram e o interesse pelas aulas aumentou. A mudança é resultado de um projeto implementado em abril deste ano pelo Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica (Poli/USP). O projeto UCA – Um Computador por Aluno introduziu nas aulas os laptops desenvolvidos pela organização não-governamental (ONG)  internacional OLPC (sigla em inglês para “um computador por criança”), especialmente para fins educacionais.

Apelidado de XO, o equipamento utiliza plataforma Linux adaptada graficamente para ser pouco textual e, por isso, ideal para crianças que não estão plenamente alfabetizadas. Os laptops tem sido utilizados por turmas da Escola Municipal de Ensino Fundamental Ernani Silva Bruno, localizada no bairro de Parada de Taipas.

“No começo, grande parte dos professores estava receosa, acreditando que os laptops pudessem ser mais um elemento dispersivo do que uma ferramenta pedagógica”, conta Roseli de Deus Lopes, coordenadora científica da equipe de desenvolvedores do LSI. Segundo ela, mesmo professores que não quiseram utilizá-lo a princípio, agora demonstram interesse em trazer o XO para a sala de aula.Ela afirma que o aparelho deve ser encarado como um elemento facilitador da aprendizagem e não como objeto em si. “Não queremos que o professor mude o conteúdo da aula por causa do computador. O objetivo é que ele ensine o que tem de ser ensinado usando o laptop para conseguir mais participação dos alunos”, enfatiza. Ela exemplifica: “O professor de história, por exemplo, pede para que os alunos, em sala, pesquisem informações e imagens sobre os maias. A partir da comparação e da análise crítica do que foi encontrado, ele constrói a aula”.

Segundo Roseli, a presença do laptop fez com que os estudantes assumissem um papel mais ativo na aprendizagem. “Pelo que observamos até agora, as crianças estão mais participativas mesmo nas atividades em que o computador não é usado”. Isso aumenta o que ela chama de “aprendizagem efetiva” dos conteúdos. “O fato de um professor estar lá na frente falando sobre o conteúdo durante 45 minutos não garante que o aluno aprenda. O XO contribuiu para tornar as aulas mais interativas. As crianças acabam se relacionando mais com professores e com os próprios colegas e, por isso, aprendendo mais”, afirma.

O objetivo do projeto da OLPC é produzir laptops de baixo custo (aproximadamente US$100,00 por unidade) e vender aos órgãos responsáveis pela educação em países subdesenvolvidos. “Dessa forma, se cada criança possui sua própria máquina, ela se torna multiplicadora do conhecimento que recebe na escola”, afirma Roseli.

Atualmente o custo de produção do XO é de aproximadamente US$150,00. Mas esse valor pode cair se a produção passar para escala industrial.

Software brasileiro

O LSI foi contratado pelo Governo Federal primeiramente para analisar a viabilidade do projeto e, num segundo momento, para implementar um programa-piloto. Mas, além disso, o laboratório tem trabalhado em softwares para o XO.

Entre os programas presentes nas versões de teste, foi incluído no laptop em julho deste ano a Oficina de Desenho. O programa é fruto do trabalho de conclusão de curso de Joyce Saul, integrante da equipe do LSI, formada em Editoração pela Escola de Comunicações e Artes (ECA). Sua principal diferença em relação a outros programas similares é a possibilidade de desenho simultâneo a partir de duas máquinas ligadas em rede.

“Na verdade, a implantação dessa possibilidade colaborativa está em andamento. Quando o software foi desenvolvido, essa função colaborativa funcionava normalmente. Mas, como utilizamos uma linguagem de programação diferente no XO, o software ainda está passando por uma adaptação para acrescentar essa função”, explica o líder técnico do projeto no LSI, Alexandre Martinazzo. “Além disso, a Oficina de Desenho é um software livre e de código-fonte público. Por isso, é aberto a contribuições de quaisquer interessados”, ressalta ele. Mais informações: (0XX11) 3091-5661

Da Agência USP de Notícias

(R.A.)