Projeto Tietê já apresenta resultados

Com a primeira etapa das obras, mancha crítica de poluição foi reduzida em 120 quilômetros

qua, 15/08/2007 - 10h37 | Do Portal do Governo

O Projeto Tietê – o maior empreendimento de saneamento básico desenvolvido no País – está chegando aos moradores de Embu, município da Grande São Paulo0. Desenvolvido pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o projeto foi dimensionado para coletar e tratar os esgotos produzidos pelos 18 milhões de habitantes que vivem na região metropolitana de São Paulo.

A obra foi dividida em três etapas. Na primeira (1992 a 1998) foram gastos US$ 1,1 bilhão (US$ 450 milhões do BID, US$ 550 da Sabesp e US$ 100 milhões da Caixa Econômica Federal). Na segunda, em andamento, serão investidos US$ 400 milhões (US$ 200 milhões do BID e a outra metade da Sabesp) com conclusão prevista para o primeiro semestre de 2008. Quando a terceira fase (2008 a 2018) estiver concluída, São Paulo terá 90% do esgoto coletado e 85% tratado.

O projeto terá quantas etapas forem necessárias e prevê investimentos contínuos para acompanhar o crescimento populacional. No final da fase atual, ainda não será possível nadar nem pescar no rio. Mas já será possível observar a melhora da qualidade da água e a redução do mau cheiro, explicam os técnicos da Sabesp. No início do projeto, o rio estava com índice zero de oxigênio, ou seja, sem vida.

Parecem túneis de Metrô

As ações no Tietê se assemelham às executadas no Rio Tâmisa, em Londres, Inglaterra, mas as características são distintas. O Tâmisa tem vazão maior (isso permite diluir mais rapidamente a carga poluidora), o crescimento da cidade é ordenado e a população não chega a 8 milhões. Em relação ao Tietê, além da vazão ser menor, a cidade tem população quase duas vezes maior e o crescimento é desordenado. Ainda assim, o Tâmisa exigiu obras contínuas durante 60 anos para ficar limpo.

Como parte da segunda fase do projeto, as obras em Embu foram iniciadas em julho deste ano e deverão ser concluídas em abril de 2008. Serão feitas 459 ligações domiciliares e construídos 14 quilômetros de redes coletoras (tubulação instalada na rua para receber esgoto), mais um coletor-tronco (tubulação colocada ao lado de córrego para receber esgoto de redes coletoras e enviar aos interceptores).

O interceptor é uma tubulação maior, disposto ao longo do rio, que envia o esgoto até a estação de tratamento. O esgoto corre por gravidade. Em lugares muito baixos, como é o caso de Embu das Arte, será necessária a instalação de duas estações elevatórias para bombear o esgoto. Nessa segunda etapa serão construídas grandes e extensas tubulações de esgoto que se comparam às construções de túneis do Metrô.

Reduzir a poluição

Finalizadas as obras, haverá redução de 160 quilômetros da mancha crítica de poluição (120 da primeira etapa e 40 na atual) localizada no trecho do rio que corta a capital. Essa parte é chamada de Bacia do Alto Tietê, que inclui vários afluentes e abrange 33 municípios, além da cidade de São Paulo.

Com 1,1 mil quilômetros de extensão, o Rio Tietê nasce em Salesópolis, a 22 quilômetros do litoral, e deságua no Rio Paraná, na divisa de São Paulo com o Mato Grosso do Sul. Começou a ficar poluído no início do século 20, quando servia como fonte de produção de energia e transportador de esgoto. Nos anos 90 atingiu-se o ápice de poluição.

No fim da segunda fase do programa de despoluição, os índices de coleta de esgoto subirão de 80% para 84% e os índices de tratamento passarão de 62% para 70% na região metropolitana. Antes da primeira fase, esses valores eram de 70% e 24%, respectivamente. Serão construídos 36 quilômetros de interceptores (90% estão prontos), 110 quilômetros de coletores-tronco (88% concluídos), 1,2 mil quilômetros de redes coletoras (90% finalizados) e 290 mil ligações domiciliares (42% efetivadas).

Educação ambiental

Na primeira fase foram construídos 1,5 mil quilômetros de redes coletoras, 315 quilômetros de coletores-tronco e 37 quilômetros de interceptores e 250 mil ligações domiciliares. Foram criadas ainda três Estações de Tratamento de Esgoto (São Miguel, ABC e Parque Novo Mundo) e ampliada a capacidade da estação de Barueri, de 7 metros cúbicos por segundo para 9,5. Estão previstas, para a terceira fase, mais 210 mil ligações domiciliares priorizando as regiões de população mais pobre e a despoluição de bacias hidrográficas. O investimento será superior ao das duas etapas anteriores.

O projeto tem a parceria da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) e da ONG SOS Mata Atlântica. O trabalho da Cetesb é controlar o esgoto industrial para que haja redução do volume de poluentes despejados nos rios. Na primeira etapa 1,2 mil indústrias foram fiscalizadas pela agência ambiental. Agora, mais 290 serão inspecionadas. O DAEE fez o rebaixamento da calha e cuidou da limpeza do rio (retirada de lixo).

A ONG faz trabalho detalhado de educação ambiental e de conscientização e monitoramento da qualidade do rio ao longo de seu percurso. Mais de 35% da poluição acumulada na Bacia do Rio Tietê vem do lixo jogado nas ruas (sacolas plásticas, garrafas, latas).

Claudeci Martins

Da Agência Imprensa Oficial

(i.p)