Projeto Solidariedade em Prática vira notícia e repercute em rede nacional

Iniciativa de professora e alunos gera interesse nos jovens em aprender informática e Língua Portuguesa

sáb, 01/11/2008 - 18h36 | Do Portal do Governo

Quando a estudante Isabelle Araújo resolveu espiar a pasta da professora de Português, Sandra Camargo, não imaginava que tornaria sua escola muito popular. A curiosidade da jovem modificou o rumo da sua vida, dos alunos, da professora e da EE Walter Ferreira, em Ribeirão Preto. “Nunca pensei que a imprensa iria dar plantão aqui”, diz orgulhoso Manoel de Fátima Soares, diretor da instituição de ensino.

O motivo para tanto sucesso? Solidariedade. Na pasta da professora a menina encontrou documentos de um desaparecido. “Tais documentos pertenciam a José Alécio, filho de Dona Josefa, minha aluna na Escola Municipal do curso de alfabetização”, informa Sandra. Dona Josefa estava se alfabetizando na EM Dercy Célia Ferrari, quando perguntou à professora se era possível utilizar a Internet para encontrar o filho desaparecido José Alécio.

Ao saber da história, Isabelle disse à professora que iria ajudá-la. Para isso convidou os seus colegas de turma. Assim nascia o Projeto Solidariedade em Prática. Com os documentos do rapaz em mãos, Isabelle e alguns alunos das 7a e 8a séries (Kellen de Souza, Bruno D´Alessandro, Júlia Jeronymo e outros), incentivados por Sandra, começaram a escrever cartas de solidariedade para a dona Josefa e a vasculhar a Web à procura do rapaz.

“Nas horas vagas, íamos para a casa dos colegas ou às lan houses da cidade, e ficávamos horas vasculhando na rede. Finalmente encontramos”, comemora Kellen de Souza, estudante da 8a série.

O resultado não poderia ser melhor. “Os alunos tornaram-se mais unidos, criaram blogs, comunidade em sites de relacionamento e até conseguiram aprender de maneira mais dinâmica aspectos da Língua Portuguesa”, afirma Sandra.

A história dos garotos e da professora solidária ganhou as páginas de grandes jornais e emissoras de televisão. O encontro emocionado entre mãe e filho ocorreu na escola e foi “gravado por um programa de televisão com grande índice de audiência, em pleno domingo”, lembra Kellen.

Novos rumos – Mais do que fama, o Projeto Solidariedade em Prática alterou a rotina escolar. “Meus alunos, das duas escolas, ficaram mais unidos e o rendimento escolar ampliou. Escrever cartas aperfeiçoou a redação das turmas envolvidas”, analisa Sandra. Até mesmo os alunos da alfabetização tiveram melhora substancial no processo, estimulados pelas cartas que receberam dos adolescentes. Somente para a dona Josefa foram enviadas 36 delas. “Nunca pensei que iria escrever tanto”, ressalta Kellen.

As aulas de informática também ganharam nova dimensão. “Os jovens estão estimulados, o que leva outros a aderirem ao projeto”, observa o diretor.

Ao saber da história, um banco estatal promoveu a viagem de uma moradora de Ribeirão Preto – que teve a mãe localizada por alunos – para visitar familiares em Cuiabá, capital de Mato Grosso.

Sandra avisa que toda ajuda promovida pelos estudantes às pessoas que perderam contato com seus parentes é bem-vinda. Entretanto, afirma que não podemos responsabilizar os estudantes caso não consigam encontrar outras pessoas. Agora, o Solidariedade em Prática pretende ganhar espaço extramuros escolares. “Estamos pensando até em fundar uma Organização Não-Governamental (ONG) e transformar o projeto numa missão de vida”, finaliza Isabelle.

Saiba como proceder em caso de desaparecimento

. Familiares do desaparecido devem registrar boletim de ocorrência no distrito policial mais próximo. Se preferir, podem fazê-lo via Internet, pelo site www.ssp.sp.gov.br

. Para tomar parte na lista oficial de desaparecidos do Estado de São Paulo, é necessário que a ocorrência seja registrada como desaparecimento

. A Polícia Civil mantém página eletrônica na rede com fotos das pessoas desaparecidas no portal: www.policiacivil.sp.gov.br/2008/desaparecidos.asp

SERVIÇO

Outras informações, ligue (11) 3311-3544 /45/ 47

E-mail pessoasdesaparecidas@ssp.sp.gov.br

Maria Lúcia Zanelli, da Agência Imprensa Oficial

(M.C.)