Projeto Guri aprimora educação por meio da música em SP

Gerenciado por Organizações Sociais, programa tem quase 50 mil estudantes no Estado

qua, 09/09/2009 - 13h50 | Do Portal do Governo

Atualizado em 14 de setembro às 13h50

Imagine o cenário: crianças e adolescentes, com idades que variam entre 8 e 18 anos, reunidos em uma sala de aula com capacidade para 30 pessoas. Pense agora que esses jovens se juntam, pelo menos duas vezes por semana e quase cinco horas por dia, para aprender violino e canto. Pode-se acreditar que é possível ensinar música a alunos tão jovens com idades diferentes com qualidade? O Projeto Guri, vinculado à Secretaria Estadual de Cultura, comprova que a fórmula funciona.

Gerenciado por duas Organizações Sociais (OSs), a AAPG (Associação dos Amigos do Projeto Guri) e a Santa Marcelina – Organização Social de Cultura, o Projeto Guri foi criado em 1995 para promover a inclusão social e cultural de crianças e adolescentes por meio do ensino coletivo da música. Atualmente, ao se somar os atendimentos das duas OSs, são cerca de 45 mil jovens atendidos nos 386 polos espalhados pelo Estado de São Paulo – 20 coordenados pela Santa Marcelina na Grande São Paulo e o restante pela AAPG, que mantém 47 centros de ensino de música anexos às unidades de internação da Fundação CASA. São 15 opções de cursos: coral (canto), violão, violino, viola erudita, violoncelo, contrabaixo, flauta, clarinete, saxofone, trompete, trompa, trombone, tuba, eufônio e percussão erudita.

Os alunos do programa são a prova de que o rendimento na escola e o comportamento em casa podem melhorar por meio da música. “Quando comecei a tocar contrabaixo, notei que fiquei mais segura e descontraída. Na escola, minhas notas melhoraram. Acho que a música revolucionou a minha vida”, afirma Laís Cristina Franco, de 16 anos. A garota, que mora em Pirituba e leva cerca de uma hora para chegar ao pólo Julio Prestes no Bom Retiro, zona central de São Paulo, já está no programa há seis anos. “Fiz quatro anos de violino e resolvi trocar de instrumento. Toco contrabaixo há pelo menos dois anos”, explica a menina que teve o primeiro contato com música em casa com o pai, que arriscava seus acordes no violão.

Aos 13 anos, Iago Donato Salvador, está no Projeto Guri há três anos. Apesar da pouca idade, o garoto se destaca. Ele já está no último nível das aulas de saxofone e, recentemente, foi convidado para participar da Orquestra Sinfônica do Senai. “Tenho até os 18 anos para melhorar ainda mais”, diz o menino que já escolheu sua profissão. “Quando crescer, quero ser músico”.

“O projeto potencializa as características dos jovens para se fortalecerem enquanto indivíduos. Ele trabalha tanto o aspecto individual, ao estimular o discernimento, a segurança e a sociabilização, como o coletivo porque melhora as relações interpessoais com outras crianças e exercita a tolerância ao próximo. O programa atua na formação do jovem e isso se reflete na escola e na família”, explica Alessandra Costa, diretora executiva da AAPG.

Para participar do Projeto Guri, basta ter entre 8 anos e 18 anos incompletos (nos polos do interior, a idade mínima é 7 anos). O pré-requisito é básico é frequentar a escola regularmente, tanto na rede pública como na particular, e gostar de música. Para realizar a matrícula é preciso comparecer a um dos polos, acompanhado pelo pai ou responsável. Na inscrição, é preciso apresentar certidão de nascimento ou RG, comprovante de endereço, declaração escolar, carteira de vacinação e duas fotos 3×4. A criança não precisa ter o instrumento que deseja tocar. O programa fornece todos os equipamentos.

Guri Santa Marcelina

As duas entidades que coordenam o Guri no Estado de São Paulo possuem métodos diferentes de trabalho. Nos pólos sob a responsabilidade da Santa Marcelina, há três categorias de cursos: iniciação, seqüencial e modular. A primeira modalidade tem duas aulas por semana, é indicada para crianças de 6 a 9 anos e tem duração de quatro semestres. A segunda opção tem como alvo os jovens de 10 a 18 anos, aulas todos os dias da semana e duração de oito semestres. Por fim, o curso modular se destina a jovens de 10 a 18 anos que trabalham e possui um tema central escolhido pelo polo. As aulas ocorrem apenas uma vez na semana (encaixa-se o aluno de acordo com a disponibilidade de horário) e o curso dura um semestre.

No Guri Santa Marcelina, há uma média de 400 vagas em cada pólo e dois períodos de inscrição: um em dezembro e outro em julho. Há pólos que, embora as aulas já tenham começado, ainda possuem vagas abertas e recebem interessados. Ao todo, são cerca de 7 mil alunos matriculados em todos os pólos coordenados pela Organização Social. Confirma mais informações no site do programa.

Guri na AAPG

Nos pólos coordenados pela AAPG, os estudantes escolhem um curso de instrumento e ainda podem fazer parte do coral. As aulas têm duração de uma hora e o estudante tem aulas duas vezes por semana: terças e quintas ou quartas e sextas. Cada pólo define a distribuição dos cursos durante a semana. Visite o site da entidade.

Qualquer interessado pode se matricular, independentemente de ter familiaridade com o instrumento. As turmas são divididas em níveis: A, B e C. Os iniciantes são colocados no primeiro grau e os mais experientes no segundo. Conforme aperfeiçoam a técnica, os alunos são transferidos de níveis até chegar ao máximo – o grau “C”. Em 2009, a entidade deve criar um Fundo de Bolsas para financiar talentos que completam 18 anos e seguem para outros países para continuar os estudos.

Do Portal do Governo do Estado de São Paulo