Projeto encaminhado à Alesp prevê aumento de até 44% no salário de pesquisadores

O governador José Serra encaminhou na tarde desta sexta-feira, 29, projeto de lei à Assembléia Legislativa que prevê aumento de até 44% no subsídio de 2,2 mil pesquisadores e assistentes técnicos dos institutos de pesquisa de São Paulo. A informação foi confirmada pelo governador durante cerimônia de comemoração dos 120 anos da mais antiga instituição de pesquisa da América Latina, o IAC (Instituto Agronômico de Campinas) – órgão da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento.

Serra disse acreditar que os parlamentares não devem criar empecilhos para aprovar o projeto, antiga reivindicação dos pesquisadores, em razão da defasagem salarial da categoria. “A nossa dívida com os pesquisadores é muito alta. Os serviços que eles têm proporcionado permitem a expansão do nosso conhecimento”, avaliou. “Temos que fortalecer os institutos de pesquisa e eu vim aqui para simbolizar o apoio do governo de São Paulo nesse sentido”, disse o governador.

Durante a visita, Serra informou que os trâmites para a assinatura de convênios entre os institutos e órgãos financiadores de pesquisa ganharão mais agilidade a partir de agora. Isso porque ele abriu mão de uma antiga norma: a assinatura do governador em cada um dos convênios. Além da agilidade, o governador entende que o ato coloca fim a uma regra burocrática.

Em seu discurso, Serra atribuiu ao IAC o título de “principal responsável” pelo progresso da agricultura nacional. Ele observou que o IAC foi criado antes mesmo da fundação da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Para reforçar sua tese, o governador destacou que o IAC desenvolveu cerca de 750 novas variedades de 66 espécies, em diversas cadeias produtivas do agro-negócio paulista e brasileiro.

Segundo o governador, somente neste ano, 20 novas variedades chegam aos produtores – são três de cana-de-açúcar, uma de mamona, seis de feijão, duas de trigo, uma de algodão, uma de arroz arbório, duas de pêra, uma de pêssego, uma de nectarina, uma de milho pipoca e uma de maracujá-roxo.

“Em matéria de pesquisas cientificas e tecnológicas, estamos atrás do resto do mundo, mas essa regra não se aplica na área agrícola. Isso se deve especialmente ao IAC. Se somos vanguarda no mundo, é por causa dessas instituições”, comparou Serra. Ele fez referências também ao fato do feijão carioca ter sido desenvolvido pelos pesquisadores do IAC há mais de 30 anos. Serra falou ainda de uma pesquisa coordenada pelo secretário Estadual de Meio Ambiente, Xico Graziano. Segundo o estudo, 80% das plantas produzidas no Brasil têm raízes genéticas desenvolvidas pelos pesquisadores campineiros.

O secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, João Sampaio, também elogiou o trabalho dos técnicos e adiantou que o Instituto trabalha com novos desafios, como o de fornecer informações do clima, em tempo real, aos produtores do Estado.

Na cerimônia, o governador José Serra e os secretários Xico Graziano e João Sampaio foram homenageados pela diretoria do IAC com uma réplica em bronze do centenário prédio da unidade. Participaram do evento o secretário de Economia e Planejamento, Francisco Vidal Luna, deputados e o diretor do IAC, Orlando Melo de Castro, além de pesquisadores e funcionários dos institutos de pesquisa do Estado.

Números

Os números atestam a importância do Instituto, fundado em 1887 pelo imperador Dom Pedro II. O orçamento de 2006 do IAC, que conta com a dedicação de 204 pesquisadores e 350 funcionários de apoio, atingiu R$ 29 milhões. Somente no ano passado, foram 600 projetos de pesquisa atendidos. Outra informação importante: 90% do café cultivado no Brasil utiliza variedades desenvolvidas em Campinas. A pós-graduação em Agricultura Tropical e Subtropical é outro feito do IAC; criada em 1999, ela abrange três áreas de concentração: Gestão de Recursos Agro-ambientais, Melhoramento Genético Vegetal e Tecnologia da Produção Agrícola.  

Cleber Mata