Os projetos desenvolvidos pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) para a realocação das 5.537 famílias abrangidas pelo Programa de Recuperação da Serra do Mar foram apresentados no 3º Congresso Mundial de Engenheiros, realizado em Brasília, neste mês.
Os novos conceitos arquitetônicos, construtivos, tecnológicos e ambientais adotados pela companhia ganharam espaço na Expowec, exposição tecnológica do Congresso, que adotou o tema Energia para o Futuro para abordar fontes de energias renováveis e não-poluentes. Um modelo das habitações que comporão os bairros formados a partir do programa foi construído no local e ganhou o apelido de ‘casa ecológica’, por causa dos aspectos considerados na sua concepção.
Entre eles, destacam-se o sistema de energia solar para aquecimento da água, de medição individualizada do consumo desse produto, as estruturas para telhados em metal, cuja finalidade é evitar a extração de madeira, e a criação de áreas condominiais maiores, com lazer, rampas de acesso, guias rebaixadas e faixas elevadas para travessia de ruas.
A adoção desses princípios na construção de moradias populares é uma iniciativa pioneira de política pública e foi instituída por decreto governamental, em setembro passado. A partir daí, todos os projetos da CDHU passaram a abranger preceitos do Desenho Universal, pelo qual os produtos devem facilitar a vida de todo tipo de usuário. No caso da habitação, são imóveis adaptáveis para pessoas com deficiência temporária ou permanente, crianças, idosos, gestantes e obesos.
O padrão de construção começou a ser aperfeiçoado em 2007, a fim de garantir mais espaço, durabilidade e segurança às edificações. Os projetos ganharam a opção do terceiro dormitório, revestimento cerâmico no piso de todos os cômodos, azulejos até o teto na cozinha e no banheiro, o pé-direito aumentando de 2,4 metros para 2,6 metros, laje, cobertura na área de serviço e muros divisórios entre os lotes.
Fase de obras – O Programa de Recuperação Socioambiental da Serra do Mar abrange a urbanização de bairros onde vivem 2,5 mil famílias, a remoção de aproximadamente 5 mil áreas de risco e a devolução de 800 mil metros quadrados de floresta à Mata Atlântica. Durante palestra no evento, o diretor-técnico da CDHU, João Abukater Neto, ressaltou a importância da realização do programa, iniciado em 2007 e previsto para ser concluído até 2010.
Destacou os riscos geológicos e geotécnicos de escorregamentos de terra e rochas que ameaçam as ocupações habitacionais irregulares existentes no local desde a construção das rodovias Anchieta e Imigrantes. “O que aconteceu recentemente em Santa Catarina é mais um alerta sobre a força da natureza. Em 1985, uma chuva muito inferior do que a que caiu sobre o Estado sulista provocou grande acidente na Serra do Mar, em Cubatão. Não queremos que isso se repita”, alertou.
Segundo ele, a decisão de desocupar ou urbanizar essas áreas foi baseada em relatório técnico produzido pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que demarcou os locais de risco potencial e a necessidade de desocupação de áreas de preservação ambiental pertencentes ao Parque Estadual da Serra do Mar. Os novos bairros estão sendo construídos no município de Cubatão. “Iniciamos agora a fase de obras, já que os projetos estão concluídos”, assegurou.
Da Agência Imprensa Oficial
