Em 2005, uma pesquisa por amostragem, realizada pela Secretaria Municipal de Educação, revelava a existência de escolas municipais em São Paulo que chegavam a ter até 30% de alunos que não escreviam convencionalmente no 3º ano. No mesmo ano, cerca de 17 mil alunos ficaram retidos ao final do Ciclo I.
Para atacar o problema, o então prefeito da capital, José Serra autorizou a implantação do Programa Ler e Escrever, contemplando três linhas de atuação: a primeira, repensar a alfabetização das crianças que ingressam na 1ª série do Ciclo I; a segunda, que corresse atrás do tempo perdido, ajudando àquelas que chegaram à 4ª série e ainda apresentavam deficiências em seu processo de alfabetização; e ainda os que, no Ciclo II, precisavam de reforço.
Segundo os coordenadores do programa, apesar de ter como foco a criança e o adolescente, o programa não se restringe apenas aos alunos. O intuito é envolver os coordenadores pedagógicos e professores em um processo de formação continuada. Para cada um dos três projetos foram elaborados diferentes materiais – tanto para os alunos como para professores e coordenadores pedagógicos.
A participação dos pais também é estimulada. Eles são convidados a participar, compartilhando com seus filhos o uso da leitura e da escrita no cotidiano, seja por meio de listas, bilhetes, livros, gibis, jornais e revistas.
Uma das consultoras do Programa Ler e Escrever na prefeitura, Maria José Nóbrega acredita que o programa é corajoso ao assumir um problema no processo de alfabetização de crianças e adolescentes. “Em geral o que vemos é que questões como essas são varridas para debaixo do tapete. O programa encara o problema e vai atrás das soluções”. Maria José defende ainda a importância de ações continuadas: “Um escritor e um leitor não se forma rapidamente. É como vinho que precisa de maturação”.
Um dos pontos centrais do programa está na proposta de que a redação e a leitura não são tarefas apenas dos professores que lecionam Língua Portuguesa, mas de todos os educadores. É comum o professor de Matemática, por exemplo, propor um problema às crianças e perceber que muitas teriam conhecimento para solucioná-lo, mas não conseguem porque não entendem o enunciado.
Joice Henrique
(R.A.)