Prevenir é melhor que remediar. O famoso ditado popular lembra o foco do Programa de Prevenção e Promoção à Saúde do Iamspe, conhecido como Prevenir, que completa dez anos e comemora os bons resultados. “Num estudo, calculamos que a cada R$ 1 investido em prevenção são economizados R$ 2 nos gastos de absenteísmo. O resultado é menos ausência no trabalho porque o servidor se trata antes que a doença se instale no organismo ou evita o agravamento”, informa a médica Mirian Matsura Shirassu, coordenadora do Prevenir.
Desde 1998, comissão formada por representantes das secretarias de Estado, com supervisão e apoio de médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde do Iamspe, oferecem aos servidores, no próprio local de trabalho, ações de promoção à saúde.
Nos últimos dez anos, a equipe visitou 966 escolas estaduais da capital, delegacias, penitenciárias, núcleos fiscais da capital e Grande São Paulo e outras instituições para realizar campanhas educativas.
Uma das estratégias é oferecer questionário aos servidores de uma empresa. Em seguida, o médico analisa o perfil de saúde de cada um. Se necessário, realizam-se exames de pressão arterial, glicemia e colesterol. Os resultados são enviados aos funcionários. Identificada alguma doença, a pessoa é encaminhada para tratamento.
À empresa, os profissionais orientam de acordo com a necessidade dos servidores. “Se detectarmos problemas de saúde devido à má alimentação, por exemplo, sugerimos alterações e atividades físicas”, explica a médica.
Menos fumantes – Até o momento, foram examinadas 63 mil pessoas, ou seja, quase 15% dos servidores do Estado e 30% dos funcionários públicos da região metropolitana. De 2005 a 2008, num universo de 3.792 pessoas atendidas pelo Prevenir, 2.687 foram diagnosticadas com alteração no colesterol e começaram a se tratar. Outro dado: 1.588 dos 3.053 pacientes desconheciam ser hipertensos. O trabalho ajuda na identificação de casos de tuberculose, câncer de próstata, colo de útero e de mama.
Tabagistas participantes de ações do Prevenir conseguem parar de fumar. Balanço parcial dos últimos dez anos indica que o número de fumantes passou de 28,8% em 1998 para 21,6% em 2008. O porcentual de casos de hipertensão nos pacientes de 40 a 59 anos caiu de 33,7%, em 1998, para 25,5% atualmente.
Equipe do programa mostra que aumenta o número de servidores com sobrepeso, tendência da população brasileira. De 1998 a 2000, contingente de 46,6% dos participantes de 40 a 59 anos atendidos no programa estavam acima do peso. Agora, são 54,6%.
“De acordo com o Departamento de Perícias Médicas da Secretaria da Saúde, doenças do transtorno mental, LER (Lesões por Esforços Repetitivos) e Dort (Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho) são as principais causas de afastamento do servidor público”, informa a coordenadora do Prevenir.
Qualidade de vida – Mirian Matsura adianta que, em 2009, pretende firmar parceria com universidades para investigar as causas do transtorno mental na administração pública. O tema foi assunto de seminário realizado em outubro para 230 coordenadores e responsáveis do setor de recursos humanos das secretarias de Estados. Os participantes vieram de 140 unidades de trabalho público (penitenciárias, escolas e hospitais) de 61 municípios paulistas.
Profissionais de saúde discutiram questões de prevalência do transtorno mental no ambiente de trabalho e experiências bem-sucedidas na promoção de saúde mental. A médica relatou que alguns órgãos das secretarias de Educação, Fazenda e Administração Penitenciária adotam oficinas educativas, atividades de educação física e outras ações para valorização do servidor e seu acolhimento.
Oficina sobre tabagismo, alimentação saudável e sedentarismo são exemplos de programas da saúde oferecidos aos servidores, até mesmo a aposentados. Um dos projetos em andamento é o Educa Saúde, para funcionários da Secretaria de Educação. Serve para acompanhar casos de hipertensão, diabetes e oferecer oficinas de voz a professores a fim de melhorar a qualidade de vida e o ambiente de trabalho.
Mais saúde – Outra iniciativa é o Clube Escola Iamspe, que atende pacientes do Hospital do Servidor Público Estadual, incentiva a prática de atividades físicas com orientação médica e coordenação de educadores físicos por seis meses. Desenvolvido em parceria com a Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação, o projeto é coordenado pelo ortopedista Samir Daher, do HSPE, especializado em medicina esportiva.
As atividades lembram academia de ginástica ao ar livre (foto) e ocorrem no Parque das Bicicletas, ao lado do hospital do servidor, na capital. Quase todos os participantes são idosos, têm cerca de 80 anos e são portadores de doenças crônicas como hipertensão, osteoporose e diabetes.
Para avaliar os benefícios da atividade física na qualidade de vida dos mais velhos, o ortopedista comparou a saúde dos integrantes do Clube Escola com a de outro grupo, também doente, mas que não fez exercícios. Resultados preliminares indicam que entre os esportistas não houve internação no período analisado e só uma pessoa procurou ajuda médica por queixa simples (conjuntivite). Já no outro grupo, 20% dos pacientes foram internados pelo menos durante uma semana por causa de problemas de pressão, diabetes, infecção intestinal e outros. “Entre 30% e 40% deles consumiram mais medicamentos do que quem fez ginástica”, indica o médico.
Para Daher, o estudo mostra que o investimento do Iamspe na prevenção resulta na economia de recursos com internação, cirurgia, medicamentos e atendimento médico. Ainda este ano, planeja apresentar os resultados do projeto ao instituto, estabelecer parcerias com núcleos de atividade física da cidade e do interior e expandir o programa.
SERVIÇO
Usuário do Iamspe interessado em participar do Projeto Clube Escola, no parque ao lado do HSPE, deve informar-se no Programa de Atenção ao Idoso, pelo telefone (11) 5088-8605, com Simone, ou via e-mail prevenir@iamspesaude.com.br. Há 160 vagas.
Até 2010, mais R$ 250 milhões
As mudanças na gestão do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe) começaram em fevereiro do ano passado, quando se tornou órgão da Secretaria Estadual de Gestão Pública, pasta que concentra assuntos relacionados ao funcionalismo. Em julho do mesmo ano, a atual diretoria assinou Acordo de Resultados com a secretaria, essencial para aumentar os recursos do orçamento do Iamspe.
O acordo permite o repasse de R$ 250 milhões ao instituto até 2010, sendo R$ 100 milhões por ano. Como o documento foi assinado em julho, em 2008 o instituto recebeu R$ 50 milhões. Desse total, R$ 7 milhões revertem na compra de equipamentos de diagnóstico. O compromisso da atual superintendência do órgão é empregar os recursos na modernização e expansão da rede de atendimento, em especial no interior paulista. No entanto, a verba é liberada mediante cumprimento de metas anuais que incluem a ampliação de 113 para 198 o número de municípios com cobertura até 2010, elevando de 498 mil para 776 mil a quantidade de usuários assistidos no interior do Estado de São Paulo.
A meta de reduzir o déficit orçamentário do Iamspe de R$ 25 milhões em 2008, já foi atingida. Ações de contenção de custos permitiram atingir este objetivo em novembro. Na aquisição de materiais e medicamentos, por exemplo, economizou-se R$ 8 milhões no ano passado, sem prejuízo da qualidade, quantidade e distribuição de insumos.
Do Iamspe com Viviane Gomes, da Agência Imprensa Oficial
