Programa Paulista de Classificação de Hortifrutigranjeiros torna-se referência nacional

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seg, 12/06/2000 - 16h38 | Do Portal do Governo

O Programa Paulista para a Melhoria dos Padrões Comerciais e Embalagens de Hortigranjeiros, lançado há três anos pela Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (SAA), em parceria com a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp), passou a ser adotado pelo Ministério da Agricultura como programa nacional.
Desta forma é possível fixar classificações técnicas unificadas às frutas e hortaliças. Esta classificação obedece critérios estabelecidos pelas Câmaras Setoriais que coordenam as cadeias dos principais produtos produzidos pelo Estado de São Paulo. Há dois meses, esses mesmos princípios passaram a ser utilizados pelo Ministério no restante do país, já contando com a adesão dos estados do Paraná e Pernambuco.
‘Faltava uma padronização e classificação dos produtos’, diz Luiz Alberto Kuyumjian, secretário-executivo de Câmaras Setoriais na Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro). ‘Nós o desenvolvemos com a finalidade de que os produtores, os comerciantes e consumidores falem a mesma linguagem na hora da comercialização’.
A classificação de um produto envolve um conjunto de características como: cor, tamanho, formato, calibre, defeitos graves e leves. Tomemos como exemplo a banana: especifica-se a variedade que pode ser a nanica, o comprimento, o diâmetro, a cor, a sub-classe (se será vendida em unidade, em buquê – de 3 a 9 unidades – ou em penca), o calibre e a categoria. Todas estas informações devem estar incluídas no rótulo com o nome do produtor, endereço e data da embalagem. ‘Estabelecendo-se este tipo de normas evita-se que os compradores, sejam supermercadistas, feirantes, quitandeiros, permissionários da Ceagesp e até mesmo o consumidor comprem gato por lebre’, alerta o secretário do Codeagro.
Além da classificação, outro item abordado pelo programa é a embalagem que deve ser apropriada para cada tipo de produto. ‘Com este programa estamos evitando o desperdícios de alimentos e como conseqüência o prejuízo tanto para quem vende como para quem compra’, afirma Kuyumjian. ‘Antes o comerciante pedia um produto e quando chegava em seu estabelecimento como não era o que queria, não o adquiria e não pagava’, revela.
‘Agora não há mais como ludibriar o comprador. Com este programa criamos uma transparência no mercado sabendo o que esta se comprando. Há como reclamar porque existe uma padrão único definido. O comerciante e o produtor tem como se defender. Antes ficava no diz que me disse’, conta Kuyumjian.
Dentro de 30 a 40 dias, a Secretaria da Agricultura vai intensificar o projeto no Estado de São Paulo. Para isso, contará com a participação dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento Rural, Câmaras Setoriais, Sebrae, FAESP, e da Ceagesp. ‘Haverá um programa de divulgação da classificação e padronização dos produtos agrícolas que será feito por meio de treinamento, palestras no campo’, informa o secretário da Codeagro.
Para obter mais informações sobre o programa a Secretaria da Agricultura preparou um folheto com a classificação de cinco frutas e seis hortaliças. O Ceagesp também está montando cartilhas com as mesmas informações para serem distribuídas aos interessados. Outros estados podem obter mais detalhes com a Codeagro.

Globalização

Adotando este programa, Kuyumjian aponta que o Brasil terá mais chances no mercado externo. ‘Os outros países sentirão mais segurança no produto que estão adquirindo. O programa garante um nível de padrão com melhor custo, agregando tecnologia e evitando-se o desperdício’.
Trabalhando há 22 anos no campo da agronomia, Kuyumjian, acredita que o desenvolvimento do país está na agricultura. ‘Vivemos um período de grande desemprego e a agricultura tem um potencial muito grande, maior que qualquer outro setor’. Dentro desta política, ele acredita que o governador Mário Covas vem se esforçando para amenizar o problema do desemprego no Estado. ‘Recentemente o governador assinou pactos nas cadeias dos citrus do açúcar e do álcool, estimulando a geração de empregos’.
Segundo Kuyumjian, há muito que se investir nesta área e além de ocupar espaço, o Brasil precisa aprimorar-se em alta tecnologia porque a competição externa é muito forte. ‘Com a globalização não há mais mercado regional. As pessoas que não estiverem consciência disto vão quebrar e só vão ficar as que forem competentes dentro destas condições do mercado globalizado’.
Ele ainda alerta que hoje o produtor não pode apenas produzir. É preciso também aprender a comercializar, a fazer marketing. ‘Os pequenos produtores têm que se associarem. É preciso pensar grande. Hoje, o agronegócio envolve desde o preparo da terra até a venda do produto final. E isto envolve o produtor rural, supermercadistas chegando até os vendedores de máquinas agrícolas”, avalia.