Programa Meu Primeiro Trabalho já criou mais de sete mil vagas

É a primeira política pública brasileira avaliada pelo Seade durante a implementação

seg, 20/11/2000 - 14h05 | Do Portal do Governo


É a primeira política pública brasileira avaliada pelo Seade durante a implementação

O Meu Primeiro Trabalho, programa do governo paulista criado para estimular e promover a introdução dos jovens no mercado de trabalho, por meio de bolsas-estágio, é a primeira política pública brasileira que tem avaliação de desempenho feita pelo Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados), durante sua implementação.
O Seade desenvolve um projeto de acompanhamento e avaliação que se caracteriza por três linhas básicas de atuação: estudo de caráter socioeconômico, que analisa o perfil das pessoas inscritas no programa; edição de um boletim mensal, que mostra o nível de adesão, expectativa e desempenho dos candidatos; e coleta primária de dados sobre satisfação com o programa, realizada com alunos, empresas, monitores e escolas.
O primeiro boletim foi divulgado neste mês e mostra que entre os alunos integrantes do programa, 28 já foram efetivados antes mesmo de terminarem o estágio. ‘As empresas poderiam continuar contando com o trabalho desses jovens pelo valor da bolsa-estágio, mas optaram por efetivar os estudantes pela alta qualidade de seu trabalho’, explicou Maria Helena Berlinck Martins, coordenadora do Programa Meu Primeiro Trabalho. Estas bolsas são subsidiadas pelo Estado e complementadas pela iniciativa privada. Além de incentivar a entrada do estudante no mercado de trabalho, o projeto estimula o interesse do mesmo em seguir uma profissão. ‘Quando acaba o estágio, o jovem tem duas opções: a primeira é ser efetivado pela própria empresa, e a segunda é sair do mercado de trabalho com um registro de estágio na carteira profissional, ou seja, ele procura emprego com uma referência’, concluiu Maria Helena.
Desde o início do projeto, em maio de 2000, foram admitidos 4.923 estagiários, o que representa 66,2% das 7.130 vagas ofertadas. Entre os estudantes, 32% estudavam em escolas pertencentes às diretorias de ensino da Zona Central da Capital, seguidas pelas localizadas nas Zonas Leste (17,2%) e Sul (14%). A região do ABC foi responsável por 9,8% das admissões.
Os setores que mais admitiram estagiários foram o de prestação de serviços (43,8%) e de comércio (39,2%). A indústria respondeu por 12,5% do total. A concentração de admissões e de vagas no setor terciário reflete sua significativa participação na Região Metropolitana de São Paulo, o que ocorre na maioria das áreas com nível de urbanização elevado.
É importante destacar que 71,2% dos estágios oferecidos foram ocupados por jovens de 16 e 17 anos, e 19% ficaram com pessoas de 18 anos. Outro dado relevante é que 55,7% dos estágios estão sendo realizados em empresas com mais de 100 funcionários, o que confirma a elevada proporção de vagas geradas por empresas deste porte.
A coleta primária da pesquisa do Seade será feita em várias fases. A partir desta semana, os alunos de 3º ano do ensino médio estão respondendo à primeira pesquisa de opinião pessoal, e posteriormente os estudantes de 2º ano, que após três meses de estágio, respondem ao primeiro questionário. No final deste mês, será a vez das empresas participarem da pesquisa, e depois a avaliação será feita a cada quatro meses. Os monitores, responsáveis pela articulação entre escola-estudante-empresa, vão responder à pesquisa em janeiro e agosto do próximo ano. E as escolas, em maio e outubro de 2001.
O projeto de avaliação monitora a utilização do programa, para garantir o aprendizado do aluno e evitar que o estágio seja uma forma de empregar mão-de-obra barata. ‘É importante ficar claro que isso não é um mecanismo de substituição do empregado clássico. É inadmissível que a empresa mande embora o empregado convencional para substituí-lo pelo estudante que está lá para aprender’, explica Flávio Fava, diretor-executivo do Seade.
Segundo o diretor, o programa tem um potencial muito bom e, como previsto, começou com um grupo de estudantes menor do que de vagas. ‘À medida que a experiência dos primeiros estagiários vai sendo relatada para os colegas de escola, o interesse do estudante tende a aumentar’. Fava lembrou que esse programa aumenta a qualidade de aprendizado e a auto-estima do jovem, diminuindo o risco de seu envolvimento com as drogas e a violência, e possibilitando que ele contribua com a renda familiar e exerça sua cidadania.
O Governo do Estado já investiu R$ 5 milhões desde o início do projeto, e a previsão é de mais R$ 25 milhões até o final de 2001. A meta é completar 270 mil estágios até 2002, incluindo o Interior, onde o programa será implementado no próximo ano.

Gláucia Basile / Adriana Reis