Programa Ligado chega a atender 400 crianças e adolescentes com mobilidade reduzida

Projeto da EMTU e da Secretaria da Educação, o serviço de transporte gratuito leva os usuários entre suas casas e as instituições na Grande SP

ter, 26/04/2011 - 20h00 | Do Portal do Governo

De dois anos para cá, a dona de casa Carmelita Ferreira da Cunha, viu sua rotina se modificar por completo, graças ao Ligado, serviço de transporte gratuito para pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida severa. A iniciativa é da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), em parceria com a Secretaria da Educação.

Por meio da ação, o SEC – Serviço Especial Conveniado – Ligado realiza deslocamentos expressos de “porta a porta”.  Entre as 65 vans e micro-ônibus utilizadas, 38 são adaptados, e chegam a transportar cerca de 400 crianças e adolescentes (e acompanhantes entre suas casas e as instituições da rede regular de ensino, da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e da Associação amigos dos Autistas (AMA), na Grande São Paulo. O objetivo é oferecer transporte acessível, seguro e eficiente a um público que não consegue utilizar o sistema regular, ainda que os veículos sejam adaptados. Dessa forma, é promovida a inclusão social desses cidadãos, garantindo que tenham acesso aos programas de educação, saúde, cultura e lazer.

Confiante, segura e feliz. É assim que Carmelita se define desde que inscreveu a filha Izabella, de 9 anos, no programa. Moradora do Jardim Tremembé, antes cruzava a cidade todos os dias para levar a pequena Izabella, então com um ano e pouco. De carro ou de ônibus, era uma viagem até o Ibirapuera, onde fica a AACD central. Se fosse de condução, seriam pelo menos três, contando o Metrô. No total, seis viagens, “uma loucura”. Carmelita experimentou, também, o serviço Atende, da Prefeitura, mas ficou em definitivo com o Ligado. “Primeiro, porque vi como as crianças são bem tratadas, o motorista tem preparo para lidar com elas, além do veículo bem adaptado. Isso dá segurança. Fico despreocupada, até tempo me sobra para  fazer o artesanato que aprendi na AACD”.

Ela explica que parou de trabalhar depois que a filha nasceu, embora tenha aprendido uma nova profissão como artesã. “O curioso é que muitas mães fizeram o caminho inverso do meu: voltaram a trabalhar depois do serviço da EMTU. A gente não precisa se preocupar, porque logo de manhã, a van pega as crianças na porta de casa, e ainda tem uma acompanhante para ajeitá-las no veículo, como, por exemplo, colocar o cinto de segurança”.

Sandra Regina Francisco Vicente, agente de apoio da AACD, explica que o atendimento aos pequenos vai além. “Auxiliamos no transporte, alimentação e higiene. Trata-se de um meio de transporte que ajuda bastante na inclusão deles, sem contar que há muitos pais sem condições nenhuma de arcar com outros meios de transporte, carro, metrô ou ônibus”.

A qualidade no atendimento e o tratamento humanizado é o maior diferencial do Ligado. Motoristas e monitores, por exemplo, são treinados para lidar com as crianças e adolescentes. Para operar as vans, frequentam o curso Transporte Escolar de Crianças com Deficiência e Mobilidade Reduzida, ministrado pelo SEST/Senat ou outra instituição credenciada pelos órgãos de trânsito e transporte. As aulas abordam cidadania, legislação, regras do transporte escolar e conceitos de acessibilidade, deficiência e doença. Além disso, há treinamento periódico para reciclagem do conhecimento.

O sorriso de criança

Quando o programa surgiu, em 2009, ampliou a acessibilidade dos alunos com necessidades especiais da rede pública estadual, bem como daqueles atendidos por entidades assistenciais conveniadas com a Secretaria de Estado da Educação. Beneficiou, também, os operadores regionais coletivos autônomos, que precisavam regularizar sua atuação. De antigos “perueiros clandestinos do Sistema Intermunicipal” passariam a operar os micro-ônibus. Convocados, os 52 operadores realizaram investimentos na compra e adequação dos veículos, adaptando-os com os itens de acessibilidade, além de participar de capacitação juntos com os monitores do Ligado.

Olírio de Souza é um desses condutores. Hoje é o dedicado motorista de Izabella e de mais quatro crianças. “Tirei sorte grande quando deixei para trás a vida de motorista de lotação para me dedicar ao novo trabalho. É um aprendizado: fiz vários cursos sobre como colocar uma criança na cadeira, no carro, tive contato com autistas em Parelheiros, assisti a palestras na AACD, de três em três meses somos convocados para reciclagem, enfim, cresci. Acho que nada vale o sorriso de crianças como a Izabella, cheia  de vida e de vontade de aprender.”

Da Agência Imprensa Oficial