Programa ensina ao produtor correto uso do pulverizador

Aplique Bem é pioneiro em treinamento e esclarecimentos sobre inseticidas

ter, 20/05/2008 - 13h10 | Do Portal do Governo

A forma correta de lavar as mãos após pulverizar a lavoura até a quantidade de agrotóxicos a ser usada, a maneira de aplicar o defensivo agrícola e o uso adequado do pulverizador e da roupa de proteção. Todas estas práticas são explicadas pelos técnicos do Programa Aplique Bem aos agricultores, desde setembro de 2007. Estes profissionais também avaliam se o equipamento está em condições adequadas de uso (corretamente regulados, sem vazamentos, com bico adequado, sem defeitos). A técnica para uma eficiente aplicação de agroquímicos garante economia, saúde, segurança e preserva o meio ambiente.

O Aplique Bem, programa do Instituto Agronômico da Secretaria Estadual da Agricultura, desenvolvido em parceria com a empresa Arysta Lifescience, é o primeiro do mundo feito por instituição pública a oferecer treinamento dirigido ao agricultor. Os ensinamentos abrangem melhoria na qualidade da aplicação dos defensivos agrícolas, procedimentos corretos, novas tecnologias para reduzir o risco à saúde dos trabalhadores e aumentar a segurança no trabalho, informa o agrônomo Hamilton Humberto Ramos, do Instituto Agronômico de Campinas. Para realizar a avaliação dos equipamentos e oferecer treinamentos, os técnicos usam o Tech Móvel, um veículo equipado com laboratório e projetado pelo instituto.

Para  ter idéia do valor abrangido com a aplicação de agrotóxicos, aproximadamente 60% dos custos da produção de tomate são gastos na compra dos defensivos agrícolas. Se fosse feita de forma correta, o custo cairia para 30%. De maneira geral, é possível reduzir de 30% a 70% o uso de defensivos agrícolas, afirma Ramos. Tomate, morango e alface são os campeões em resíduos toxicológicos que chegam à mesa do consumidor, de acordo com a pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), divulgada em 23 de abril.

Estudo e informação – As frutas e as hortaliças são as culturas que mais exigem aplicação de agrotóxicos, informa Ramos, um dos responsáveis pela criação do programa. Ele acredita que há excessos na aplicação. As principais culturas constantes do programa são horticultura, tomate, batata, café, citros, flores, fumo, uva, maçã e pêssego. Além do excesso de agrotóxicos, ocorrem falhas no pulverizador e na maneira inadequada de aplicação. “Uma correta pulverização requer boa máquina, boa regulagem e operador treinado”, resume. Além dos prejuízos econômicos, o desperdício e o mau uso trazem riscos e danos à saúde do trabalhador e ao meio ambiente.

Ao operar inadequadamente o equipamento e não observar os cuidados básicos, o agricultor pode se contaminar e se intoxicar. Se isso parece simples e óbvio, por que não é feito de forma adequada e há tantas falhas? A falta de informação e de treinamento qualificados são os maiores responsáveis por essa realidade, acredita Ramos. Esse dado foi obtido pela pesquisa sobre o perfil do aplicador, feita nos anos 1990 pela Secretaria Estadual de Agricultura. Catalogaram-se mais de 2 mil propriedades com 18 culturas diferentes e o estudo revelou as seguintes peculiaridades: 80% dos aplicadores entrevistados só estudaram até a 4ª série do ensino fundamental e a maioria não foi instruída sobre as corretas técnicas de pulverização, ou seja, aprendeu com leigos.

“O produtor erra porque pensa estar fazendo o certo e porque aprendeu a fazer assim; ele não quer se autoprejudicar”, ressalta o agrônomo. Ramos salienta que o agricultor é extremamente receptivo às orientações passadas pelos técnicos do programa. “Não é verdade que haja resistência às mudanças”, garante. Afinal, isso assegura economia, evita que fiquem expostos a doenças e não implica em custos para os agricultores. Os trabalhos de inspeção são conduzidos por técnicos do instituto e os recursos financeiros, bancados pela Arysta.

Tech móvel – “Mostramos os benefícios da prática correta e eles aceitam e adotam as instruções e mudam o comportamento”, assegura o agrônomo. Os pequenos produtores são os que apresentam mais dificuldades na aplicação correta, complementa. Os treinamentos e as avaliações são feitos nas propriedades rurais. Por enquanto, há apenas uma van para o serviço itinerante. Outra unidade estará disponível no segundo semestre. O primeiro veículo custou R$ 250 mil e foi bancado pela Arysta. O segundo também será custeado pela empresa.

O Tech móvel percorre as propriedades rurais para explicar diretamente ao agricultor o uso adequado do equipamento (a quantidade de agrotóxico, a melhor época para a pulverização, como pulverizar, e fazer uma análise das condições do pulverizador) e os procedimentos básicos (aulas teóricas e práticas, com noções de segurança, o uso correto de pulverizadores e de equipamentos de proteção individual e tecnologias de aplicação). O treinamento é interativo. É explicado, por exemplo, que os produtos químicos podem permanecer na roupa e na pele e pode haver transferência para outras pessoas que estão no entorno.

“O certo é usar roupa de proteção. Após a pulverização, o trabalhador precisa lavar bem as mãos com sabão neutro e em seguida tomar banho. A roupa também deve ser lavada após a operação”, explica Ramos. Desde a década de 1990, o instituto faz treinamentos com agricultores, mas só conseguia explicar os procedimentos para 2 mil profissionais por ano. Com a estrutura do Aplique Bem, em apenas três meses alcançou esse número. O Tech móvel já percorreu 74 propriedades, de 45 cidades, nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Banco de dados – Ramos conta que a expectativa é aumentar a capacitação com a chegada da nova unidade. O treinamento dos agricultores na aplicação correta de agrotóxicos está previsto na legislação brasileira, mas o sonho de Ramos é que os aplicadores tenham habilitação. Seria uma regulamentação semelhante à carteira de motorista, que comprovaria a habilitação para executar a tarefa. Diz que, em alguns países, apenas os aplicadores habilitados podem pulverizar as culturas. Outra providência será a criação de um banco de dados com os principais problemas encontrados.

“Com o banco será possível identificar as falhas por cultura e região. Com o diagnóstico haverá mais treinamento onde as falhas forem encontradas”. No segundo semestre, adianta o agrônomo, haverá acompanhamento da qualidade de produção, treinamento e avaliação de pulverizadores em toda a região de Jundiaí, no chamado Circuito das Frutas.

Produto certificado

Este ano, a iniciativa começou a certificar os pulverizadores. Os equipamentos em condições adequadas recebem o Selo de Qualidade de Pulverizadores do Programa Aplique Bem. A comprovação do treinamento dos aplicadores e avaliação freqüente dos pulverizadores são exigências previstas nos sistemas de certificação PIF (Produção Integrada de Frutas) e EurepGap (Euro-Retailers Produce Working Group). O PIF e o EurepeGap abrem as portas no mercado internacional para as frutas e legumes brasileiros. Alguns países vedam a importação oriunda de propriedades que não têm o selo de qualidade. O produtor certificado ganha também no consumo nacional, pois igualmente no Brasil produtos com o selo de qualidade obtêm preços maiores.

SERVIÇO

No site da Arysta www.hokko.com.br o

interessado encontra a lista das lojas da

mpresa com endereços, telefones e e-mails

Matriz em São Paulo: tel. (11) 3054-5000

Da Agência Imprensa Oficial