Programa do Governo do Estado atende vítimas de violência sexual

Bem-Me-Quer, que já atendeu mais de 500 pessoas, oferece assistência médica, psicológica e jurídica

qui, 08/03/2001 - 19h12 | Do Portal do Governo


Bem-Me-Quer, que já atendeu mais de 500 pessoas,
oferece assistência médica, psicológica e jurídica

O governador Geraldo Alckmin esteve na tarde desta quinta-feira, dia 8, Dia Internacional da Mulher, no Hospital Pérola Byington (Centro de Referência da Mulher) para conhecer de perto o trabalho do Programa Bem-Me-Quer, que atende vítimas de violência sexual, lançado no último dia 18 de janeiro. O Programa é uma ação integrada das secretarias da Saúde, Segurança Pública e Assistência e Desenvolvimento Social, além da Procuradoria Geral do Estado (PGE). “Embora singelo, esse Programa sintetiza os princípios e valores do Governo Covas, que são cidadania, integração das ações do Governo e qualidade dos serviços públicos”, disse Alckmin, após assistir a um vídeo sobre Programa.
O Bem-Me-Quer permite que a partir do registro de uma ocorrência de violência sexual contra mulheres de todas as idades ou crianças e adolescentes do sexo masculino de até 14 anos, em qualquer delegacia da Capital, as vítimas sejam transportadas, por veículo específico, diretamente para o Hospital Pérola Byington. Lá, elas são assistidas por uma equipe multiprofissional de especialistas, composta por médicas legistas da equipe de Sexologia do Instituto Médico Legal (IML) que fazem o exame de corpo de delito, médicos para pronto-atendimento, psicólogos, assistentes sociais e advogados da PGE. Todo o serviço é gratuito. “Esta é a melhor maneira do Governo homenagear às mulheres, trabalhando”, ressaltou o governador. Alckmin complementou dizendo que a implementação desse Programa também é uma homenagem ao governador Mário Covas, que foi um grande idealizador do Programa de Atendimento à Mulher, “pelo qual ele tinha um carinho muito especial”.
A violência sexual contra mulheres e crianças continua a ocorrer no Brasil porque na maioria dos casos as vítimas se calam por medo ou vergonha. A premissa do Bem-Me-Quer é quebrar a impunidade com atendimento especializado e integrado. “Agora, com este Programa muitos outros casos de violência contra a mulher serão descobertos”, disse Alckmin.
O secretário da Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi, destacou que o Bem-Me-Quer poderá diminuir drasticamente os números de subnotificações de violência sexual. “Muitas mulheres tinham medo ou acanhamento de ir ao IML e sem uma perícia médica é impossível condenar esse tipo de agressor”.
A tese de Petrelluzzi é comprovada pelos números. De acordo com a Dra. Iara Romeu, médica legista responsável pela área pericial do Programa, em 49 dias de atividades foram registrados 529 casos de vítimas de violência sexual no Pérola Byington. Segundo ela, o número é bem superior do que antes da implantação do Bem-Me-Quer, quando eram registrados cerca de 200 casos periciados no IML por mês. A Dra. Iara atribui esse volume de atendimento à facilidade que a vítima tem de ser transportada e atendida integralmente. “Esse é o grande diferencial do Bem-Me-Quer, a vítima tem uma única porta de entrada para tudo”. A médica também explicou que antes as vítimas iam apenas ao IML para a perícia e depois não faziam a parte do tratamento médico, que é muito importante, entre eles a prevenção contra doenças sexualmente transmissíveis, como a aids, e a detecção de gravidez após ato violento.
A coordenadora do Programa, Dra. Mônica Esposito, informou que das 529 vítimas já atendidas, 473 são do sexo feminino e 56 do sexo masculino. Ela observou que ainda não houve tempo hábil para a sentença judicial condenatória dos agressores pois muitos processos ainda estão na fase do inquérito policial. Mesmo assim revelou que já existem casos de vítimas que entraram com pedido de ação indenizatória por dano moral ou material.
Segundo o secretário da Saúde, José da Silva Guedes, sua pasta vem se empenhando para garantir um atendimento com qualidade às mulheres. Destacou que entre os novos leitos criados na atual administração, mais de 500 foram destinados ao atendimento específico da mulher. Disse ainda que no Ambulatório da Mulher, localizado na rua Santo Antônio, no Centro da Capital, existem 51 consultórios de especialidades diversas, além de espaço para coleta de material e exames laboratoriais. Hoje, de acordo com o secretário, são realizados 1,8 milhão de exames papanicolau por ano em todo o Estado. “A Secretaria está firmando convênios com as organizações sociais para que sejam feitos 2,5 milhões de exames por ano”.