Programa de Fruticultura ajuda a fixar o trabalhador no campo

Decreto assinado pelo governador em agosto vai beneficiar 900 agricultores do Pontal do Paranapanema

dom, 08/10/2000 - 13h08 | Do Portal do Governo

Decreto assinado pelo governador em agosto vai beneficiar 900 agricultores do Pontal do Paranapanema

O homem do campo, que vive na região do Pontal do Paranapanema, passa a contar com um novo apoio do Governo do Estado na agricultura. Por meio do decreto de número 45.110, do governador Mário Covas, aprovado no dia 21 de agosto deste ano, foi criado o Projeto de Fruticultura, que tem como objetivo ajudar o produtor a desenvolver o cultivo do maracujá e do abacaxi na região. Este é um dos programas do governo paulista que visa fixar o homem e sua família no campo, com a geração de novos empregos.

O Fruticultura é estendido a qualquer produtor rural que resida entre os 32 municípios abrangidos pelos Escritórios de Desenvolvimentos Rurais de Presidente Prudente e Presidente Venceslau. Para isso, foram criadas três linhas de crédito pelo Fundo de Expansão da Agropecuária e da Pesca – Feap. “A verba é disponibilizada pela Nossa Caixa/Nosso Banco”, explica a secretária-executiva do Fundo, Rejane Cecília Ramos. A linha de crédito vai financiar R$ 2 milhões para o investimento e custeio de maracujá e R$ 1 milhão para o custeio do abacaxi. Na primeira etapa, 900 agricultores serão atendidos. Essas linhas de crédito fazem parte de outras seis que o Feap colocou à disposição das famílias de agricultores na safra de 2000/2001. O Fundo existe desde 1992, mas os contratos só passaram a ser firmados a partir de maio de 1997. “Na gestão Mário Covas é que foi implementada a linha de crédito”, afirma Rejane. Desde então foram firmados 6.300 contratos, que somam recursos da ordem de R$ 40 milhões. De janeiro a junho deste ano foram realizados 1.050 contratos com a aplicação de R$ 6,7 milhões.

Implantação e custeio

A linha de financiamento do maracujá é de até R$ 5 mil por produtor e vai atender 200 agricultores. O prazo de pagamento é de até 36 meses, sendo 18 de carência. Os juros são de 4% ao ano. O custeio do maracujá é de R$ 1 milhão e deverá beneficiar cerca de 500 agricultores. O prazo é de até 18 meses.

Para o custeio do abacaxi os recursos também são de R$ 1 milhão e poderá ser emprestado, para cada produtor, até R$ 5 mil. O prazo de pagamento é de até 24 meses e serão atendidos 200 produtores. O investimento é liberado quando o agricultor resolve instalar o pomar. Já o custeio é realizado quando o produtor tem o pomar e precisa de recursos para mantê-lo.

O decreto do governador vai beneficiar amplamente os assentados do Pontal do Paranapanema que, por meio da Cooperativa de Comercialização e Prestação de Serviço dos Assentados da Reforma Agrária no Pontal – Cocamp, criaram uma indústria despolpadeira que trabalha com a polpa da fruta para fazer o suco. A indústria produzirá diversos tipos de sucos: manga, abacaxi, maracujá, goiaba e morango. “A prioridade é para o abacaxi e maracujá porque o pessoal já está plantando estas culturas na região”, disse o diretor do Escritório de Desenvolvimento Rural de Presidente Venceslau, Clóvis Antonio de Alencar.

Quando estiver em funcionamento, em janeiro de 2001, a fábrica dos assentados produzirá três toneladas de suco por hora. As polpas congeladas serão comercializadas em supermercados, lanchonetes e sorveterias. ‘Quando pronta, teremos condições de vender para cidades como São Paulo, Maringá, Londrina e Curitiba’, adianta a engenheira de alimentos responsável pela implantação da indústria, Iracema Ferreira de Moura. A previsão é de que a fábrica criará cerca de 100 empregos diretos.

Agroindústria em expansão

Instalada dentro do parque industrial do assentamento de Teodoro Sampaio, a fábrica despolpadeira ocupa o mesmo terreno da indústria de laticínios e do armazém de grãos de feijão, milho e amendoim. ‘Todos os produtos fabricados aqui no Pontal saem com a marca Sabor do Campo, que identifica a produção das cooperativas da reforma agrária no Estado de São Paulo’, esclarece Iracema.

Estas fábricas foram criadas para suprir a falta de emprego na região. “As indústrias vão gerar emprego direto e indireto. Agora, os agricultores vão agregar valor ao seu produto e obterão um melhor preço no mercado”, explica o engenheiro agrônomo Josenilton Xavier do Amaral. Conhecido como Mossoró, ele é o responsável pelo núcleo de Desenvolvimento Rural da Cocamp. “Com a indústria de frutas o agricultor do Pontal terá um maior aparato. Ela dará melhor oportunidade para o assentado escoar sua produção com qualidade e preço digno, com o gasto que ele teve”, ressalta o engenheiro.

Sobre a linha de crédito do governo, ele acredita que o programa vai ajudar muito o agricultor: “É um recurso que o povo precisa para fazer o plantio. Com este financiamento poderemos comercializar melhor nossos sucos”. “As linhas de crédito criadas pelo Feap irão fortalecer o agronegócio no Pontal”, completa a secretária-executiva do Fundo.

Fatores climáticos positivos

A região do Pontal do Paranapanema é muito boa para o cultivo de frutas devido aos fatores climáticos. A afirmação é de Mossoró. “Aqui há muita luminosidade. Quando a região é quente, diminui o ataque de algumas pragas e doenças”, aponta. De acordo com o engenheiro, a região concentra os maiores produtores de abacaxi no Estado.

Cati orienta liberação de crédito

O agricultor João Pinto de Oliveira, 56 anos, já produz mandioca, milho e feijão no Pontal. Para diversificar seus negócios vai começar a plantar maracujá assim que sua linha de crédito for aprovada pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – Cati (órgão ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento) e liberada pelo Fundo por meio da Nossa Caixa/Nosso Banco.

Ele pediu R$ 4 mil emprestados para comprar adubo, mudas, calcário e outros insumos. “Acho a linha de crédito boa porque vai ajudar o agricultor a produzir mais. O prazo para pagar também é bom por ser mais longo”, disse. Assim como os demais agricultores, Oliveira aprovou a criação da indústria despolpadeira porque vai diminuir o frete e sobrará mais dinheiro para o produtor. “Esta fábrica vai trazer bastante retorno. Têm muitos atravessadores que acabam enganando a gente e oferecendo o preço dos nossos produtos lá em baixo”.

Outras operações do Feap

Além da Fruticultura, o Fundo de Expansão também financia outros programas e projetos de interesse da economia estadual, beneficiando agricultores, pecuaristas e pescadores artesanais, além de cooperativas e associações. Alguns programas são regionalizados, outros atendem todo o Estado. Há linhas de crédito para o cultivo da mandioca, da banana e do café. O Fundo também faz empréstimos para a pequena agroindústria. “O financiamento também se estende a pequenos criadores de ovinos, caprinos, suinos e à sericicultura (produção do bicho-da-seda)”, afirma a secretária executiva do programa, Rejane Ramos. O Fundo também apóia o projeto que visa adquirir equipamentos para resfriamento do leite.

Uma das grandes novidades é que o Feap pode prestar aval para financiamentos rurais de outros bancos e não somente à Nossa Caixa/Nosso Banco. Esta resolução foi aprovada em decreto pelo governador Mário Covas no dia 25 de julho deste ano.

O agricultor que estiver interessado nas linhas de financiamento do Feap deve procurar uma das Casas do Agricultor que estão distribuídas nos 645 municípios do Estado. Mais informações também podem ser obtidas no site do Governo do Estado (www.saopaulo.sp.gov.br) ou da própria secretaria de Agricultura (www.agricultura.sp.gov.br).

Valéria Cintra