Professores perseguidos pelo regime militar serão homenageados

A Congregação da FMUSP concede seis títulos de Professor Emérito e uma Medalha Arnaldo Vieira de Carvalho

qui, 11/09/2008 - 12h55 | Do Portal do Governo

A Faculdade de Medicina da USP prestará uma homenagem a sete professores demitidos ou aposentados durante o regime militar. No próximo dia 18 de setembro, às 20 horas, em sessão solene no Teatro da FMUSP, a Congregação – órgão máximo deliberativo da instituição – concederá o título de Professor Emérito aos professores Luiz Hildebrando Pereira da Silva, Erney Felício Plessman de Camargo, Thomaz Maack, Michel P. Rabinovitch, Luiz Rey e Pedro Henrique Saldanha.

Por já ter o título de Professor Emérito, o Prof. Isaias Raw será condecorado com a Medalha “Arnaldo Vieira de Carvalho”, a mais alta honraria da Faculdade. Todos os homenageados são destacados cientistas e, na ditadura militar, sofreram prejuízo em suas carreiras de docente, sendo perseguidos por suas idéias, convicções e ações políticas.

“A Faculdade de Medicina da USP resgata, com orgulho, sua memória, trazendo para seu seio ilustres colegas que um dia foram banidos por seus ideais de democracia e liberdade”, afirma o diretor da FMUSP, Prof. Dr. Marcos Boulos, ao justificar a homenagem aos professores.

O título de Professor Emérito é concedido pela USP ou por suas unidades a seus professores aposentados, que se distinguiram ao longo da carreira por atividades didáticas e de pesquisas, ou contribuíram, de modo notável, para o progresso da Universidade. A Medalha “Arnaldo Vieira de Carvalho” é outorgada pela FMUSP às pessoas que se distinguiram por atividades intelectuais, didáticas e de pesquisa ou contribuído, de modo notável, para o progresso da Faculdade.

Histórico dos professores homenageados:

Isaias Raw – Atual presidente da Fundação Butantan, Isais Raw formou-se médico pela USP, em 1950, e foi professor assistente de Bioquímica da FMUSP, de 1951 a 1963. Foi aposentado em 1969, com base no AI-5.

Luiz Hildebrando Pereira da Silva – Médico graduado pela FMUSP em 1953, epidemiologista, discípulo do professor Samuel Pessoa, Luiz Hildebrando foi preso, processado, cassado e demitido em 1964, da FMUSP, onde exercia o cargo de professor associado. Contratado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP), foi cassado e aposentado em 1969, com base no AI-5.

Erney Felício Plessmann de Camargo – Formou-se médico, em 1959, na Faculdade de Medicina da USP. Em 1964, foi demitido da FMUSP por razões políticas, tendo que emigrar para os EUA, onde permaneceu por cinco anos na Universidade de Wisconsin, em Madison.

Michel Pinkus Rabinovitch – Formou-se médico em 1949, na FMUSP. Foi demitido da FMUSP, em 1964, por motivos políticos. Nomeado professor de Biologia da UnB, em abril de 1964, não chegou a se mudar para a nova Universidade. Investigado à revelia e procurado pelos serviços de “segurança”, partiu em julho para os EUA.

Thomas Maack – Lecionou na Faculdade de Medicina da USP, de 1962 a 1964, ano em que foi preso, libertado e fugiu do país. Nos EUA, lecionou na Universidade Estadual de Siracusa, em Nova York , de  1965 a 1969.

Luiz Rey – Formou-se em Medicina na FMUSP, em 1944. Em 1964, foi demitido pelo governador Adhemar de Barros. Em 1968, moveu uma ação contra a USP pleiteando sua reintegração no cargo. Em março daquele ano, foi admitido pela USP no cargo de professor assistente docente na Faculdade de Saúde Pública. Em 1969, foi dispensado de suas funções de docente, com base no AI-5.

Pedro Henrique Saldanha – Graduou-se em História Natural, pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em 1953. Em 1964, com base no AI-1, foi demitido pelo governador Adhemar de Barros.  

Da Faculdade de Medicina da USP