Procon-SP constata alta de 3,98% na cesta básica de outubro

Dos 31 produtos pesquisados, 23 apresentaram alta enquanto apenas 8 diminuíram de preço

qui, 18/11/2010 - 18h00 | Do Portal do Governo

O valor da cesta básica do mês de outubro apresentou alta de 3,98%, constata pesquisa da Fundação Procon-SP em convênio com o Dieese. O preço médio no dia 30 de setembro era R$ 299,99, passou para R$ 311,94 em 29 de outubro.

Dos 31 produtos pesquisados, 23 apresentaram alta e 08 diminuíram de preço. O grupo Alimentação apresentou alta de 4,58%. O grupo Higiene Pessoal fechou em alta de 2,71%, enquanto o grupo Limpeza teve queda de 0,03%.

Maiores e Menores variações de preços

No grupo Alimentação, o feijão carioquinha (pacote de 1 kg) foi o produto que apresentou a maior alta de preços, pelo segundo mês consecutivo (9,94%). Na sequência os outros produtos que mais subriram de preço foram: carne de segunda sem osso (9,31%), carne de primeira (8,65%), farinha de trigo (6,85%) e salsicha avulsa (5,26%). Já a cebola representou a maior
queda do grupo (-11,76%).

Dentre os produtos de Limpreza, o detergente líquido (embalagem de 500 ml) apresentou a maior alta de preços (3,53%); o produto com a maior queda foi o sabão em pó (-2,17%).  Já no grupo Higiene Pessoal, o pacote do papel higiênico (quatro unidades) apresentou variação negativa de -0,54%. O maior acréscimo foi constatado no sabonete (5,08%).

Embora alguns produtos apresentem variações acentuadas, nem sempre repercutem da mesma forma no valor da cesta básica, pois a eles estão associadas às quantidades e os pesos que representam na sua composição. Para uma alta de 3,98% na cesta básica, os maiores impactos para este aumento tiveram origem nas carnes de 1ª (1,19 pp.) e de 2ª (1,17 pp.), que isoladamente contribuíram com 2,36 pp. no cálculo de sua variação. Outras contribuições como a do feijão (0,48 pp.), açúcar (0,27 pp.) e frango (0,22 pp.), agravaram a taxa da cesta em 0,97 pp..

A variação no ano é de 10,70% (base 29/12/2009), e nos últimos 12 meses, de 10,35% (base 29/10/2009). O último recorde da Cesta Básica desde o Plano Real foi de R$ 312,47, em 19/10/2010. Os aumentos ou quedas de preço dos produtos que compõem a cesta básica nem sempre estão atrelados a algum desequilíbrio entre oferta e demanda, motivado por razões internas (quebras de safra, política de preços mínimos aos produtores, conjuntura econômica do país, etc.) ou por razões externas (mudanças no cenário internacional, restrições políticas ou sanitárias às importações brasileiras, etc.).

As alterações de preços, especialmente as de pequena magnitude, podem refletir procedimentos adotados por determinados supermercados da amostra, seja para estimular a concorrência, para se destacar em algum segmento, ou simplesmente para “desovar” estoques através do rebaixamento temporário dos preços.

Feijão carioquinha

Após a extraordinária alta no preço do feijão, em setembro (28,83%), seu valor continuou a subir, porém em outubro seu ritmo de reajuste cai para 9,94%. O aumento no preço do feijão está relacionado com a sua oferta, que teve queda devido a problemas climáticos, tanto na região sul devido à seca como no nordeste conseqüência das chuvas abundantes. Outra questão apontada é a diminuição da área plantada resultado da migração para outras culturas, em princípio mais rentáveis.

A tendência ainda é de alta, segundo o presidente do conselho de administração do Instituto Brasileiro do Feijão, o qual estima que seu preço poderá chegar a  R$ 10,00 até o final de 2010. Neste ano o feijão já acumula extraordinária alta de 121,11%.

Carnes de 1ª e 2ª

A observação das séries de preços, das carnes de 1ª e de 2ª, revela que seus ritmos de reajustes são distintos. Ambas as carnes alteraram significativamente seus valores, nos últimos três meses, a de 1ª passou de R$ 12,25 em julho para R$ 14,94 em outubro, com taxa trimestral de 21,96%. Por sua vez, a de 2ª também subiu neste período, cujo valor foi de R$ 8,74 em julho para R$ 10,33 em outubro, com variação de 18,19%. As diferenças entre os seus reajustes podem ser deduzidas por distintas pressões de demanda.

O motivo apontado para a alta na carne bovina, segundo o Cepea – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – reside, principalmente, na dificuldade de compra de animais para abate, que resultou em aumento do preço da arroba do boi. A carne de 1ª subiu em outubro 8,65% e no ano 34,59%. A carne de 2ª em outubro aumentou 9,31% e no ano 29,13%.

Farinha de Trigo

O aumento na farinha de trigo em outubro 6,85% já aponta certa diminuição em seu ritmo de reajuste, dado que em setembro este foi de 8,96%. No mês anterior seu preço era de R$ 1,46 e agora atinge R$ 1,56. A queda no ritmo de seu reajuste em parte pode ser atribuída à entrada da safra nacional, em meados de outubro, no Rio Grande do Sul. No mercado internacional observa-se queda nas cotações das bolsas norte-americanas e um comportamento oscilante nas demais bolsas de mercadoria.

A farinha de trigo acumula alta neste ano de 6,12%, muito semelhante à taxa de outubro de 6,85%. A observação da série de 2010 aponta preços, relativamente, estáveis nos oito primeiros meses e maiores reajustes nos dois últimos.

Salsicha

A salsicha em outubro aumentou seu preço em 5,26%, passando de R$ 4,18 em setembro para R$ 4,40. Cabe salientar que este valor foi o maior do ano de 2010. A razão de tal alta pode estar relacionada à pressão de demanda, originária dos consumidores que substituem a carne, com preço elevado, por produtos protéicos mais em conta.

O aumento da salsicha nos últimos três meses de 7,84% foi inferior ao da carne de 1ª no mesmo período, de 21,96%. Pode-se atribuir esta alta na salsicha, por ser um substituto natural das carnes. Analisando o gráfico relativo à comparação dos preços é possível constatar correlação positiva entre os valores destes dois alimentos.

Nos primeiros meses de 2010, o preço da salsicha equivalia em torno de 33% do da carne de 1ª. Com a alta acentuada desta, para absorver a retração da demanda por parte dos consumidores, os reajustes na salsicha foram menores e atualmente seu preço é relativamente mais barato que o da carne, representando apenas 29% do valor de seu concorrente. Neste ano a salsicha reajustou seu valor em 6,54%.

Cebola

A cebola foi o produto com a maior queda na Cesta Básica em outubro, com deflação de -11,76%. Cabe salientar que o preço de R$ 1,20 em outubro foi o menor valor de 2010. A observação das séries de preços da cebola em 2009 e 2010 aponta que até agosto os preços praticados nos supermercados da capital em 2010 foram superiores aos do mesmo período em 2009. Porém, a partir de setembro até outubro, este comportamento inverte, com a cebola cotada a preços inferiores aos praticados nestes meses de 2009. O excesso de oferta no mercado, resultado da sua boa colheita, é apontado como a principal causa destas baixas cotações da cebola.

O preço de venda ao produtor tem ficado abaixo de seu custo de produção, resultando em prejuízo ao agricultor. De janeiro a outubro deste ano o preço da cebola caiu praticamente pela metade, acumulando deflação da ordem de -50,62%.

Biscoito Maizena

A queda no preço do biscoito maizena, de -4,13% pode ser atribuída, a oscilações naturais do mercado, dado que no mês de setembro tinha apresentado alta de 2,54%, quando foi comercializado por R$ 1,21. Neste mês volta aos patamares anteriores, sendo cotado a R$ 1,16.  O preço deste produto pouco variou ao longo de 2010, acumulando taxa no ano de apenas 0,87%.

Café

O café em outubro apresentou queda de -2,64%. Ao se comparar o preço de setembro, R$ 4,16, com aqueles dos demais meses de 2010, constata-se que este foi apenas um pico de alta, pois em outubro seu valor, de R$ 4,05, volta a ser equivalente aos praticados no restante da série. Este produto acumula deflação em 2010 de -3,34%.

Extrato de Tomate

Pelo segundo mês consecutivo o extrato de tomate sofreu queda em seu preço acumulando no bimestre deflação de -4,19%. Em setembro era comercializado por R$ 1,64 e em outubro cai para R$ 1,60, com queda mensal de -2,44%. A observação das séries de preços de 2009 e 2010 permite afirmar que a variação de preço deste produto acusou comportamento bastante estável.

Na Cesta Básica, neste ano de 2010, a taxa do extrato de tomate apresentou deflação de -3,61%; comportamento este bem menos acentuado, em relação ao seu insumo básico, que é o tomate in-natura o qual teve queda de valor da ordem de -11,79%, segundo dados do ICV-DIEESE.

Ovos

O preço do ovo neste ano pouco variou, oscilando entre R$ 2,55 em janeiro até R$ 2,97 em junho com diferença de R$ 0,42, cabe salientar que este produto apresenta muita sazonalidade em sua oferta. A queda no preço de outubro fez com que seu valor de R$ 2,84 voltasse ao patamar de agosto (R$ 2,83). Em outubro sua taxa foi negativa em -2,41%  e neste ano a variação anual atinge 4,41%.

Da Fundação Procon-SP