Procon: Preço da cesta básica paulistana cai 0,5% em 2006

O preço médio em 28/12/2005 era R$ 216,37 e passou para R$ 215,29 em 28/12/2006

sex, 05/01/2007 - 21h08 | Do Portal do Governo

 A Fundação Procon-SP, órgão vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, constatou, em pesquisa realizada em convênio com o Dieese, que em 2006 a cesta básica apresentou queda de 0,5%. O preço médio em 28/12/2005 era R$ 216,37 e passou para R$ 215,29 em 28/12/2006.

A pesquisa, realizada em 70 mercados da cidade de São Paulo, abrange 31 produtos desagregados em marcas, perfazendo um total de 68 itens. A variação do preço médio da cesta básica desde o Plano Real foi de 102,34% (base 30/6/1994, R$106,40). Por grupos, foram constatadas as seguintes variações: Alimentação: -0,45%; Limpeza: -2,58%: e Higiene Pessoal, 1,6%.

Os três produtos que apresentaram as maiores quedas no ano foram: batata kg (-58,91%); cebola kg (-49,62%) e farinha de mandioca torrada pacote 500 g (-13,82%). As três maiores altas foram do óleo de soja 900 ml (23,93%), farinha de trigo pacote 1 kg (17,39%) e do arroz tipo 2 pacote 5 kg (14,62%).

Com referência ao último mês de 2006, a pesquisa da cesta básica constatou alta de 0,74%. O preço médio em 30/11 era R$ 213,70 e, em 28/12, passou para R$ 215,29. Em dezembro de 2006, foram constatadas as seguintes variações por grupo: Alimentação: 0,87%; Limpeza: 0,85%; e Higiene Pessoal: -0,39%.

Ao final deste texto, você poderá acompanhar a evolução mês a mês dos valores da cesta básica do paulistano, além dos valores e das variações mensais dos preços dos produtos. Poderá, ainda, verificar a evolução dos valores e variações das cestas básicas desde o ano de 1990 e a comparação com o salário mínimo. Acompanhe também os resultados da pesquisa da cesta básica do mês de dezembro.

Panorama econômico

Mesmo sendo a locomotiva do crescimento da economia do País, o agronegócio perdeu força em 2006. Neste ano, desestimulados pela menor competitividade das exportações, alguns produtores pisaram no freio. Foi o caso da soja, que teve redução da área plantada e, aos poucos, vem cedendo espaço para a lavoura de milho.

A forte desvalorização do dólar frente ao real, também desestimulou as exportações de alimentos, que são uma das principais fontes de receita nacionais.

O segmento de carnes continuou sentindo os efeitos dos problemas sanitários enfrentados pelo Brasil desde o ano passado – focos de febre aftosa no rebanho bovino e registros da doença de Newcastle em aves criadas em propriedades de subsistência.

Por ocasião da gripe aviária, houve uma suspensão das importações de frango brasileiro, causando a formação de excedente no mercado interno. No início do ano, o preço do frango caiu drasticamente, beneficiando o consumidor.

As restrições sanitárias do mercado internacional também causaram prejuízos aos suínos, por conta do embargo russo a importantes estados produtores.

A partir do segundo semestre houve uma recuperação das exportações de um modo geral, por conta do aumento da demanda mundial por grãos, a chamada “febre” do biodiesel.

Parte das mudanças no cenário externo é resultado, também, do aumento das remessas do setor sucroalcooleiro.

Considerando aspectos como variação de preço, oferta/demanda, abastecimento interno, exportação e importação, passamos a descrever o comportamento de alguns produtos no período.

Grupo Alimentação

AÇÚCAR

Em janeiro deste ano o preço do açúcar atingiu sua maior cotação dos últimos anos, em virtude da escassez do produto no mercado internacional. Soma-se a isso a maior disposição das usinas brasileiras em destinar parte da produção de cana para o álcool, em razão do aumento da comercialização dos veículos biocombustíveis.

Ao longo do primeiro trimestre os preços se mantiveram firmes, não só em razão da valorização do produto no mercado externo (o crescimento da demanda se dá a taxas maiores do que a oferta), como também pela restrição da oferta interna, por ocasião da entressafra.

A partir do segundo trimestre, os preços começaram a declinar, face à aproximação da nova safra, fazendo com que algumas usinas liberassem seus estoques. A queda só não foi maior porque os preços negociados nas bolsas internacionais têm sustentado as cotações do açúcar no mercado interno.

No início do segundo semestre as usinas disponibilizaram um volume maior do produto no mercado, devido à necessidade de caixa.

O aumento gradativo da oferta, com o avanço da safra 2006/07, manteve os preços em queda. Além disso, não houve pressão da demanda, já que a taxa de crescimento do consumo de açúcar no mercado interno é pequena.

O preço do açúcar refinado (pacote de 5 kg) teve variação anual de 10,95%.

ALHO

No início do ano houve uma queda nos preços do alho, quando se iniciou a comercialização da produção de Santa Catarina. De março a junho presenciamos um período de alta, pois o plantio nas regiões sudeste e centro-oeste sofreram um pequeno atraso em função do excesso de chuvas, registrado em algumas semanas de abril. Na região sul, a oferta mostrou-se bastante reduzida.

De um modo geral, a oferta de alho proveniente do mercado interno vem diminuindo ao longo dos anos. O desinteresse dos produtores pela atividade é conseqüência direta da forte competitividade imposta pelo produto importado a valores extremamente baixos, especialmente da China, que tradicionalmente apresenta baixo padrão de qualidade em relação aos alhos produzidos internamente.

A China e a Argentina são os principais exportadores de alho para o Brasil (cerca de 90% das importações). As aquisições restantes vêm da Bolívia, do Chile, do México, do Paraguai, de Taiwan e da Espanha. Com o abastecimento interno de produto importado, os preços prosseguiram em baixa.

Em março deste ano entrou em vigor a resolução da Câmara de Comércio Exterior (Camex), que aumenta a alíquota de importação do alho de 14% para 35%. Tal medida deve beneficiar os produtores nacionais, incentivando a produção local.

O preço do alho (kg) teve variação anual de 1,35%.

ARROZ

O mercado de arroz abriu 2006 desaquecido. O período de férias escolares tradicionalmente está associado ao baixo consumo do produto.

Em maio, auge da colheita, o excesso de oferta no Rio Grande do Sul derrubou os preços. A pedido dos produtores, o governo federal adquiriu um milhão de toneladas do produto, via AGF – Aquisição do Governo Federal. A medida provocou uma recuperação dos preços a partir de junho.

Os preços oscilaram ao longo do ano, com alguns períodos de baixa – em função do excesso de oferta – e períodos de reação, em decorrência do bloqueio das estradas e da “queda de braço” entre produtores e indústria.

A irregularidade das chuvas em algumas regiões fortaleceu a posição do produtor, devido a uma possível redução na área plantada para a próxima safra.

A partir de outubro as valorizações foram mais evidentes, impulsionadas pelo período de entressafra onde é comum a baixa oferta de matéria prima em casca.

Essa redução de oferta ocorre também em função do alto volume de exportações no Rio Grande do Sul.

De janeiro a setembro as exportações já superaram as do mesmo período do ano passado. Países da África são os principais compradores.

As indústrias solicitaram ao Ministério da Agricultura a desova de estoques reguladores para conter a valorização e evitar novos repasses ao varejo.

O preço do arroz tipo 2 (pacote de 5 kg) teve variação anual de 14,62%.

BATATA

A batata foi um dos produtos com maiores oscilações de preço ao longo de 2005. Neste ano não foi diferente.

Depois de apresentar sucessivas variações positivas desde outubro/05, o preço da batata voltou a cair em fevereiro em decorrência do aumento da oferta no período, sobretudo em Guarapuava (PR), que entrou em pico de safra.

A região do Triângulo Mineiro (MG) a Alto do Paranaíba (SP) entrou em pico de safra no final de março e foi responsável pelo abastecimento do mercado interno até maio.

O aumento da oferta por ocasião da safra do Sudoeste Paulista contribuiu para a expressiva queda dos preços em julho e agosto. Além disso, a desvalorização do dólar estimulou a importação do produto, garantindo o abastecimento regular da batata no Estado.

A frente fria que chegou ao sul do país no início de setembro trouxe geada às regiões de Curitiba (PR) e Ponta Grossa (PR), afetando a qualidade da batata. As chuvas registradas na primeira quinzena de outubro prejudicaram a colheita em Vargem Grande do Sul (SP) e Cristalina (GO), adiando o término da safra para o final de novembro. Iniciou-se uma tendência de recuperação dos preços nesse período.

O preço da batata (kg) teve variação anual de -58,91%.

CAFÉ

O preço do café ao longo do ano apresentou variações positivas e negativas, não se estabelecendo nenhuma tendência significativa.

O período de estiagem que ocorreu no início do ano nas principais regiões produtoras provocou redução da produtividade. Houve, ainda, um decréscimo da área plantada, com a substituição pela cana-de-açúcar que vinha apresentando melhor perspectiva de rentabilidade.

Em maio iniciou-se a colheita da safra 2006/07 em todas as áreas produtoras. O clima irregular atrasou o calendário de colheita, limitando a oferta, com cafeicultores esperando preços melhores para negociar.

Produtores de café do sul de Minas Gerais estão preocupados com a próxima safra. O clima prejudicou a florada das lavouras. A situação preocupa ainda mais porque a próxima safra vai ser bem menor, por conta da bianualidade do café.

A desvalorização do dólar continua reduzindo a competitividade do produto no mercado internacional.

O preço do café em pó – papel laminado (pacote de 500 g) teve variação anual de 2,95%.

CARNE BOVINA

No último trimestre de 2005 uma combinação de acontecimentos negativos afetou o mercado brasileiro de carnes, notadamente o do bovino. No início de outubro, foi confirmado um foco de febre aftosa no município de Eldorado-MS. Até o início de janeiro de 2006, mais de cinqüenta países haviam embargado as importações de carne bovina brasileira. As penalizações se concentraram em alguns estados, sobretudo Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo.

A conseqüência, acentuada no primeiro trimestre deste ano, foi o excesso de oferta no mercado interno, forçando a baixa dos preços da carne bovina. Além disso, houve um excesso de oferta de boi no mercado brasileiro. As vendas fracas de carne bovina no mercado atacadista e a confirmação de novos focos de aftosa no Paraná empurraram ainda mais para baixo o valor da arroba do boi. A queda no preço dos animais vivos chegou ao consumidor final, já que os pecuaristas encontraram dificuldade para escoar a produção.

No período de abril e maio, houve uma pequena recuperação dos preços face à ocorrência de chuvas freqüentes nas regiões produtoras que beneficiaram as pastagens, fazendo com que os produtores preferissem reter os animais no pasto.

A partir do segundo semestre observou-se uma valorização de preços. A retomada das importações, pela Rússia, da carne bovina de Mato Grosso (justificada pela ausência de novos focos de febre aftosa) e o aumento do consumo doméstico justificaram em parte essa retomada.

Outro fator para a alta foi o período de entressafra, que aconteceu entre agosto e outubro, diminuindo a oferta do produto e elevando os preços ao consumidor.

Na primeira semana de outubro, a Rússia retomou o comércio com São Paulo e Goiás. O ritmo forte de exportações de carne bovina, apesar das restrições sanitárias ainda impostas ao Brasil, também vem sustentando a alta do boi gordo.

O preço da carne de primeira (kg) teve variação anual de 2,86%; a carne de segunda sem osso (kg) variou no ano -1,98%.

CARNE DE FRANGO

O início do ano foi marcado por expressiva queda de preço do frango.

Por ocasião da gripe aviária, a suspensão das importações, por parte dos principais mercados consumidores do frango brasileiro, causou excedente do produto no mercado interno, ocasionando um movimento de queda de preço, que se iniciou em outubro de 2005 e se estendeu até março de 2006.

A menor demanda externa fez com que os produtores desovassem os excedentes no mercado doméstico e atingiu, principalmente, pequenos e médios frigoríficos que não conseguiram competir com os grandes abatedouros.

Por causa das barreiras internacionais, o frango que era para estar no mercado árabe, não saiu de Santa Catarina.

A partir de abril, o preço da ave viva começou a se recuperar graças à redução da produção entre os criadores independentes, com o abate de matrizes e diminuição do alojamento de pintos de corte. A recuperação dos preços do frango em abril e início de maio, em virtude de restrição da oferta, surpreendeu os consumidores, que vinham se beneficiando dos preços baixos.

Outro fator que determinou a alta de preços foi o aquecimento do consumo.

Já a partir de maio, houve um claro movimento do setor na busca de um ajustamento entre oferta e demanda, com o intuito de reequilibrar os preços. Houve, contudo, fatores que refrearam a elevação do preço do frango: a concorrência com as carnes suína e bovina (que estavam com preços atrativos) e o nível de renda dos consumidores, que não permitia incrementos nos níveis de consumo.

A confirmação de um foco da doença de “Newcastle” (doença que ataca o sistema nervoso e respiratório das aves) no Rio Grande do Sul causou preocupação nas indústrias, que temiam o impacto do problema sobre o preço do produto no mercado interno. A contenção do foco afastou esse risco.

Os preços voltaram a reagir a partir de agosto, mês no qual se registrou bom desempenho das exportações.

A menor oferta de aves no mercado e a demanda aquecida sustentaram a valorização. Segundo alguns analistas, o aumento da produção e do consumo de frango é uma tendência mundial e que já vem se verificando no Brasil nos últimos anos. O ciclo de produção do frango é muito mais rápido do que o dos bovinos, seu preço é geralmente mais competitivo e seus subprodutos são mais acessíveis aos consumidores de baixa renda.

O aumento da produção em outubro, superando a demanda, provocou queda de preço no mercado interno em novembro.

O preço do frango resfriado inteiro (kg) teve variação anual de 4,13%.

CARNE SUÍNA

O surto de febre aftosa que atingiu Mato Grosso do Sul, a partir de outubro de 2005, também causou prejuízos aos suínos.

No fim de 2005, a Rússia suspendeu as importações de carne suína brasileira de Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Goiás, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

A queda do preço pago ao produtor e a diminuição do número de abates fizeram os preços ao consumidor recuarem, pressionados pela demanda fraca.

Por conta das restrições russas, cerca de vinte mil toneladas de carne suína deixaram de ser exportadas até março, superabastecendo o mercado interno.

Em abril, o retorno das exportações das carnes do Rio Grande do Sul para a Rússia ajudou para a recuperação dos preços. Outros mercados importantes, como Santa Catarina, Minas Gerais e Goiás continuavam fechados, provocando diminuição dos abates.

Para agravar a situação da suinocultura, o preço do milho, um dos insumos mais importantes para a produção, atingiu em julho sua maior cotação desde o início de fevereiro.

Com a reabertura das exportações do Mato Grosso para a Rússia desde agosto, os preços voltaram a reagir. O Estado de Santa Catarina, maior produtor de suínos do Brasil, vem cobrando do governo federal atuação mais incisiva na cobrança de uma explicação dos russos sobre a permanência da barreira.

O preço da salsicha avulsa (Kg) e da lingüiça fresca (kg) tiveram variação anual de -7,74% e -12,90%, respectivamente.

CEBOLA

No início do ano as lavouras de cebola do sul – principais responsáveis pelo abastecimento do mercado nacional entre janeiro e fevereiro – entraram em pico de oferta, deprimindo os preços.

Em março, as lavouras saíram do pico de oferta e foi intensificada a semeadura pela maioria dos produtores do Vale do São Francisco.

De março a julho, a oferta foi incrementada pelo volume importado da Argentina. O câmbio favoreceu as importações, mas a rentabilidade dos importadores foi limitada pelo aumento dos custos de importação. Apesar das importações de cebola argentina estarem diminuindo gradativamente, continuam colaborando para os níveis de oferta.

As colheitas de Minas Gerais, Cristalina (GO) e Brasília (DF) começaram no final de junho e as safras de Monte Alto (SP) e de São José do Rio Pardo (SP) começaram em meados de julho.

A contínua queda dos preços desde o final de julho está relacionada à regularidade da oferta, proveniente dos estados produtores de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Pernambuco e Bahia, muitas vezes em nível superior às necessidades de consumo.

A oferta nacional de cebola começou a diminuir em outubro, com o fim do pico da safra em São José do Rio Pardo (SP) e Minas Gerais, elevando os preços.

O preço da cebola (kg) teve variação anual de -49,62%.

FEIJÃO

No primeiro trimestre do ano, período em que se registrou aumento de preço, a oferta de feijão foi afetada pelas chuvas no Paraná e em Santa Catarina, que prejudicaram a colheita.

Nos estados centrais, a safra também foi prejudicada pelo clima e boa parte da produção apresentou elevado número de grãos manchados em virtude do excesso de umidade.

Apesar da menor oferta do produto, agravada ainda pelas manifestações do setor produtivo, interceptando as principais rodovias e prejudicando o fluxo de mercadoria para os centros de consumo, não houve impacto sobre o preço, pois a demanda foi fraca, desmotivada pela falta de produto de boa qualidade.

Os produtores brasileiros de feijão iniciaram em agosto a colheita da terceira e última safra relativa à safra 2005/06. O aumento da produção na safra catarinense e de outros estados produtores contribuiu para um bom nível de oferta e conseqüente redução dos preços.

A partir de agosto iniciou-se o plantio da nova safra de feijão 2006 no Rio Grande do Sul, mas a lavoura sentiu os efeitos das fortes geadas. Os produtores de Santa Catarina também foram prejudicados.

Em setembro, o mercado de feijão carioquinha apresentava sinais de recuperação de preços, principalmente nos grãos de melhor qualidade.

Os meses de outubro e novembro são os que tradicionalmente têm a menor quantidade de feijão carioquinha no mercado. Embora os números tenham indicado a supersafra, há muita perda nas lavouras do Nordeste e pouco plantio em alguns estados centrais.

A produção de feijão passa também por período de entressafra, com recuperação de preços. A colheita da safra das águas (período de chuvas), que vai de novembro a março, promete repor o produto no mercado.

O preço do feijão carioquinha (pacote de 1 kg) teve variação anual de -1,73%.

LEITE

O setor de produção de leite no país iniciou o ano em um cenário de crise. Os produtores de leite de Mato Grosso do Sul voltaram a se queixar dos baixos preços pagos pelo produto no Estado.

São vários os fatores que contribuíram para a redução do preço: a produção crescente, a queda do dólar, o baixo consumo interno e a repercussão da descoberta do foco de aftosa no final do ano passado (Mato Grosso do Sul foi o Estado que mais sentiu os efeitos da crise no setor).

No final de fevereiro e início de março, com a antecipação da entressafra e o fim das férias escolares, houve uma breve diminuição da oferta e aumento do consumo, sustentando a alta.

Embora as exportações de produtos lácteos tenham indicado recordes até março, o atual nível de câmbio desestimulou novos contratos externos.

As exportações têm sido, aliás, um dos principais elementos a impulsionar o mercado brasileiro de leite nos últimos anos e um fator determinante do comportamento dos preços internos, já que o Brasil não tem mercado suficiente para absorver tudo o que produz.

Até o mês de abril, o movimento dos preços foi fundamentalmente de queda.

Em maio, fortes chuvas que atingiram a região nordeste prejudicaram o escoamento da produção do Maranhão, dada a precariedade das estradas. A estiagem no sul e o período de entressafra também provocaram queda na captação do produto por cooperativas e laticínios, no início do segundo semestre.

Esses fatores, no entanto, não tiveram efeito altista sobre os preços, pois a suplementação alimentar do gado leiteiro no período de seca evita a queda da produção de leite.

Nos meses de outubro e novembro, o período de safra não chegou a deprimir os preços pagos ao produtor. O balanço de oferta e demanda ficou relativamente ajustado.

Estimular o crescimento do consumo interno é considerado um desafio pelo setor, devido à concorrência com outras bebidas, como sucos prontos, bebidas à base de soja, etc.

O preço do leite em pó integral (embalagem de 400-500 gramas) teve variação anual de -9,43%; o queijo muzzarela fatiado (kg) variou no ano -4,34% .

MILHO

Com a safra menor, em razão do fraco desempenho registrado em 2005, previa-se alta de preços no início do ano.

O recuo das exportações de frango com a disseminação da gripe aviária na África, Ásia e em países da União Européia provocou a diminuição dos alojamentos de pintos de corte e abate das aves, com conseqüente retração da demanda por milho (principal componente da ração de aves).

Outro fator de queda nos preços foi a colheita da safra e o avanço do plantio da safrinha. Como os estoques da safra passada não foram ruins e não havia possibilidade de exportar por causa do dólar desvalorizado, houve pressão no mercado interno.

As péssimas condições climáticas observadas nos meses de maio e junho acabaram prejudicando a produtividade do milho. No Paraná, além da redução da produtividade, foi observada uma área cultivada menor do que a esperada na segunda safra.

O embargo imposto por alguns países à importação de frango do Rio Grande do Sul, após o registro da doença de Newcastle, acabou travando a comercialização de milho no Estado.

A intensificação da colheita de milho safrinha no Paraná também pressionou as cotações. Como se não bastasse esse aumento da oferta, também as importações do Paraguai foram favorecidas pelo câmbio.

O mercado externo, por outro lado, vem dando suporte aos preços internos. O Irã é um dos maiores responsáveis pelo aumento das exportações brasileiras de milho.

Dois fatores contribuíram para a tendência de alta no último trimestre do ano: a diminuição dos estoques nos estados produtores (Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso), provocada pelo aumento no volume das exportações nos meses de julho a agosto; a valorização da carne de frango e carne suína – tanto para exportação, quanto no mercado interno – cuja produção tem no milho um de seus principais insumos.

Passada a euforia da soja, o milho vai aos poucos recuperando seu prestígio entre os produtores do interior de São Paulo. Seu custo de produção é maior que o da soja, porém ganha na produtividade.

Para o milho está previsto crescimento mundial do consumo, forçado pelo aumento da demanda por etanol (óleo combustível) dos Estados Unidos.

O preço da margarina (pote 250 g) teve variação anual de -1,32%; o preço do biscoito de maizena (pac. 200 g) teve variação anual de -4,12%.

OVOS

Após apresentar queda de preço logo no início do ano, atribuída a uma retração da demanda, por conta do período de férias escolares, o preço do ovo voltou a cair em março.

Bastos, cidade do interior paulista e a maior produtora de ovos do Brasil, vem sentindo os efeitos das oscilações de preço desse mercado.

A queda dos preços dos ovos se deve ao excesso de oferta, causado pelo aumento da produção. A forte alta nos preços a partir de 2004 levou as granjas locais a aumentar a capacidade produtiva, mas o consumo não absorveu o excedente.

A concorrência com as carnes também foi apontada, pelos granjeiros, como fator de pressão sobre as cotações dos ovos.

Em meados de maio, as vendas apresentaram uma pequena melhora por ocasião do dia das mães, ajustando a oferta. No final do mês, porém, o consumo voltou aos patamares anteriores e houve sobra do produto no varejo.

Ao longo do segundo semestre, o mercado operou com ofertas mais ajustadas e os preços apresentaram tendência de alta.

Esse ajustamento da oferta foi o resultado da ação de algumas granjas, que buscaram alternativas para baixar custos e driblar a crise, que vem afetando a cadeia produtiva de ovos no país. Investimento na verticalização do sistema produtivo, descarte de matrizes e redução dos alojamentos de pintos são algumas das estratégias usadas.

O preço dos ovos brancos (dúzia) teve variação anual de -2,74%.

SOJA

Quebra da safra, preços em queda e o dólar desvalorizado são fatores que levaram os produtores a ter prejuízo com a soja ao longo do ano.

No mercado internacional, o complexo soja – que inclui farelo, óleo e grãos – continua sendo um dos principais produtos de exportação do agronegócio. No primeiro trimestre, porém, o Brasil enfrentou restrições à exportação de farelo e óleo de soja para a China. Os chineses passaram a dar preferência à soja em grãos, pois estão instalando indústrias de processamento em seu próprio país.

Internamente, a partir do segundo semestre, começou a se observar a redução da área plantada, como forma de ajuste às crises sucessivas de lucratividade.

Os focos de ferrugem asiática, presentes em municípios do Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Goiás vêm causando preocupação aos produtores. A instalação precoce de muitas lavouras ajuda no controle, já que a doença se dissemina com maior rapidez no período de chuvas.

O governo federal tem tomado medidas para apoiar a comercialização de parte da safra 2006/07, garantindo antecipadamente a venda da produção, antes da colheita. Na prática, os produtores saberão quanto vão receber pelo produto que ainda estão plantando.

Nos últimos meses do ano, a comercialização de soja em grão, produzida no Brasil na safra 2005/2006 chegou em sua reta final.

O período de entressafra, a oferta cada vez mais escassa e a valorização no mercado internacional ajudaram a oferecer suporte às cotações, aumentando os preços no mercado interno.

Impulsionada pela alta no preço da soja no atacado, a inflação medida pelo Índice Geral de Preços (IGP – DI) acelerou em outubro.

A queda do estoque americano de milho (por conta da forte demanda para biodiesel) e a redução da oferta global de trigo (devido à seca na Austrália) têm ajudado a sustentar os preços do complexo soja. No Brasil, os preços acompanharam a Bolsa de Chicago e também subiram.

O preço do óleo de soja (900 ml) teve variação anual de 23,93%

TRIGO

No primeiro trimestre do ano o país importou um volume maior de trigo, em relação ao mesmo período do ano anterior. A partir de março houve um recuo, face às medidas tomadas pela Argentina para desestimular a exportação de grãos.

O período de estiagem prolongada afetou a produção paranaense, comprometendo também a oferta.

Com a alta do preço do trigo, a partir do segundo semestre, houve elevação do preço do macarrão e do pão francês.

O frio acentuado desde os últimos dias de agosto e as geadas, no início de setembro, prejudicaram as lavouras de trigo do Rio Grande do Sul, especialmente porque o trigo é uma cultura extremamente sensível às condições climáticas.

A quebra da safra, associada à valorização dos preços internacionais – face à redução da oferta global de trigo – mantiveram os preços em alta.

O preço da farinha de trigo (pacote de 1 kg) teve variação anual de 17,39%; o macarrão c/ ovos (pacote de 500 g) variou -4,07%.

GRUPO LIMPEZA

Neste grupo água sanitária cândida (l) foi o único produto que apresentou variação positiva no ano, equivalente a 1,95%, alterando seu preço de R$ 1,54 para R$ 1,57. Já o produto que apresentou a maior variação negativa anual foi o sabão em pó (pac. 1 Kg) , -3,94%.

GRUPO HIGIENE PESSOAL

Neste grupo o único produto que apresentou a maior variação positiva no ano, foi o papel higiênico fino branco (pac. 4 unid.), equivalente a 10,60%, alterando seu preço de R$ 1,51 para R$ 1,67. Já o produto que apresentou a maior variação negativa anual foi o absorvente aderente (pac. 10 unid.), -13,51%.

Do Procon