Primeira delegada do Estado de São Paulo completa 32 anos de profissão

Ivanete Velloso festejou com seus colegas da polícia seus 69 anos de idade, 43 deles de atividade policial

qua, 04/07/2007 - 9h00 | Do Portal do Governo

A primeira mulher a assumir o posto de delegada no Estado de São Paulo está completando em agosto 32 anos de profissão. Na última sexta-feira, dia 29, Ivanete Oliveira Velloso festejou com seus colegas da polícia seus 69 anos de idade, 43 deles de atividade policial. Antes de ser empossada no cargo, ela exerceu por 11 anos a função de investigadora da Polícia Civil.

A delegada, que trabalha hoje na Divisão de Processo Administrativo da Corregedoria da Polícia Civil, gosta de lembrar de sua experiência e prefere não pensar no dia que terá que deixar a corporação. “Vai ser difícil ter que se aposentar ano que vem (aposentadoria compulsória aos 70 anos), eu sou uma apaixonada pela polícia”, declarou a delegada.

A antiga professora primária se tornou investigadora em 1964, quando decidiu investir na carreira de delegada. “Era muito perigoso para uma mulher estar sempre na rua, na delegacia é mais tranqüilo e, além disso, adoro fazer os inquéritos policiais”. Tornou-se bacharel em direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e prestou o concurso para delegado duas vezes. “A primeira vez que fui fazer a prova, eu estava no final da gravidez do meu primeiro filho e fiquei esperando do 12h até 20h para fazer o exame porque acharam que havia vazado o gabarito”, lembra Ivanete.

As dificuldades não a impediram de realizar seu desejo em 1974. Ela tomou posse em 75, junto de outros 21 delegados. A delegada conta que apesar de ter recebido apoio de seus colegas, algumas autoridades não gostaram muito da novidade na corporação, como o secretário de Segurança da época, o coronel Antônio Erasmo Dias. “Ele achou ruim, dizia até que já que deixaram uma mulher passar, não tinha como impedir a sua permanência”, conta Ivanete.

Durante os 32 anos como delegada, ela nunca saiu da Grande São Paulo, mesmo assim, transferências não faltaram. “Houve um período de uns cinco anos que eu mudei umas dez vezes de delegacia, eu não agüentava mais levar minha plantas de um lugar para outro”, brinca ela.

De um estágio na delegacia de menores, Ivanete foi para o Deic (Departamento de Investigações sobre Crime Organizado), onde trabalhou na repressão de entorpecentes. Além de muitos distritos policiais, passou por duas Delegacias da Defesa da Mulher (DDM), inaugurou a 1ª Delegacia do Idoso, na Capital, foi para São Bernardo do Campo atuar na Delegacia do Meio Ambiente e voltou para trabalhar no Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital).

Ivanete conta que foi muito difícil para uma mulher trabalhar na delegacia de entorpecentes. “Na década de 70 não tinha muita apreensão, mas víamos muitos jovens com drogas e suas mães iam lá, sofriam em ver os filhos num estado ruim, meu coração sentia demais”.

Em 1985, no governo de Franco Montoro e por iniciativa do então secretário da Segurança Pública, Michel Temer, instaura-se a primeira Delegacia de Defesa da Mulher. No ano seguinte, Ivanete foi para a DDM de Santo Amaro, onde ficou por três anos e meio. “Havia muitos casos de incesto e lá eu via as mulheres sofrendo por amor. Acabava fazendo um papel de assistente social, como acontece até hoje nas DDMs.”, disse a delegada.

O seu exemplo foi seguido por outras mulheres. Após a posse de Ivanete Velloso em 1975, elas se tornaram cada vez mais presentes na polícia paulista. Hoje, Ivanete tem como sua maior seguidora a agente de telecomunicação do Decap Eliane Oliveira Velloso, que pretende, em breve, tornar-se delegada. “Eu sempre falo para ela, ‘mãe, o que eu vou fazer para ter a importância que você tem?’ Mas não tem como alcançá-la”, orgulha-se a filha.Marília Taufic

Da Assessoria de Imprensa da Secretaria da Segurança Pública

(R.A.)