Prevenção reduz casos de mordidas de cães em carteiros

O ideal é que o carteiro entregue a correspondência sem colocar as mãos além dos portões

sex, 16/05/2008 - 11h01 | Do Portal do Governo

Profissionais que fazem entregas domiciliares enfrentam um problema sério em sua atividade: as mordidas de cães. A partir da análise das ocorrências de mordedura animal, que atingem carteiros da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), a médica-veterinária Maria de Lourdes Reichmann coordenou a elaboração de um Programa de Prevenção Contra Ataques de Cães. A conseqüência foi a queda de 62,5% na gravidade desse tipo de caso.

“As mordeduras continuam acontecendo. Porém, os resultados do programa mostram que entre 2000 e 2004 a gravidade das mordidas diminuiu, assim como a curva de dias parados em virtude desse problema”, relata a veterinária.

Os dados foram apresentados na tese de doutorado da pesquisadora, defendida na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP). Maria de Lourdes é assessora técnica da diretoria do Instituto Pasteur, vinculado à Secretaria de Estado da Saúde, que se dedica à pesquisa científica sobre a raiva animal.

Por volta do ano 2000, a diretoria da ECT (regional São Paulo) procurou o Instituto Pasteur, em busca da solução para o problema. Na Grande São Paulo, 80% dos afastamentos de carteiros (dias parados por acidentes de trabalho) tinham como causa as mordidas de cães ocorridas durante a entrega de correspondências.

A partir de entrevistas e reuniões com carteiros e outros funcionários dos Correios, uma equipe do instituto liderada por Maria de Lourdes analisou as ocorrências. Foi então elaborado o programa, que tem como base principal a prevenção e envolve ações direcionadas aos carteiros, às chefias e aos donos de animais.

Um manual técnico passou a ser usado nos cursos de formação e treinamento de carteiros. Foram trabalhadas 168 unidades operacionais da Grande São Paulo. “Atualmente, o programa, da forma como foi criado, está sendo implantado em todo o Brasil, pois o problema com esses profissionais é o mesmo em qualquer região”, revela a pesquisadora.Invasão de território – A mordedura ocorre quando o cão identifica a ação de uma pessoa como invasão de território. Isso acontece, por exemplo, quando o carteiro passa a mão entre ou sobre as grades do portão para colocar as correspondências na caixinha. “O animal entende que seu território está sendo invadido. Então, para defendê-lo, ataca”, explica Maria de Lourdes.

A recomendação é que o carteiro passe a entregar a correspondência sem colocar as mãos além dos portões. O dono do bicho deve instalar uma caixa de correspondência com abertura do lado de fora ou aumentar as grades. Se isso não puder ser feito, é preciso afastar o animal do portão ou mantê-lo preso durante a entrega de correspondência.

Cabe ao carteiro comunicar a ameaça aos seus superiores para que o dono do animal seja informado sobre o problema, orientado sobre como proceder e prazo para resolver a situação. “Em último caso, se o risco de mordedura persistir após notificado e orientado, o dono do cão passará a retirar as próprias correspondências na agência dos Correios mais próxima de sua residência”, afirma Maria de Lourdes.

Para a ECT, uma das recomendações foi a de registrar essas ocorrências como “mordedura animal” e não como “acidente de trabalho por causa externa”, como era feito antes de o programa ser iniciado. Com isso, ficou mais fácil dimensionar e acompanhar o problema.SERVIÇO

Mais informações, pelo e-mail mlreichmann@uol.com.br

Da Agência USP de Notícias