Presas da Penitenciária Feminina superam passado com a arte

Desde abril do ano passado, 30 detentas participam de espetáculos teatrais

dom, 17/01/2010 - 13h00 | Do Portal do Governo

“Foi um trabalho complicado refletir sobre nossa história; a história de nossa terra. Uma possibilidade de se reencontrar com tudo”, definiu a reeducanda Helena Kalbacova, quando perguntada sobre o processo de construção da peça teatral “Tantas histórias tão mais, tão menos graves”. A obra foi encenada em conjunto com o espetáculo de dança e música Almas em Movimento na Penitenciária Feminina da Capital (PFC) para uma entusiasmada platéia, formada por presidiárias, funcionários e parceiros do projeto. Cerca de 30 detentas participaram do espetáculo.

O grupo vem trabalhando textos teatrais, desde abril do ano passado, com a Cia. Coexistir de Resignificações Teatrais, dirigida pela psicóloga e diretora de teatro Patrícia Teixeira. As prisioneiras foram estimuladas a contar suas histórias pessoais, compondo as fábulas que foram apresentadas em formato de peça teatral. Um processo difícil, mas gratificante, tanto para as reeducandas, como para as atrizes voluntárias. É o que explica uma delas, Luana Costa: “Para nós atores, foi uma experiência sem igual: lançar um olhar para dentro do muro e derrubar o mito de terror que a sociedade tem sobre quem está aqui”, enfatiza. Nas palavras da detenta Susana de Morais, “redescobrir-nos foi um trabalho de crescimento”.

Performances 

Descoberta de si e também da cultura popular brasileira e de outros países do mundo. Seja por meio do cacuriá maranhense ou de uma dança típica de Moçambique, no espetáculo Almas em movimento, as prisioneiras protagonizaram momentos emocionantes. Principalmente quando Melanie Lloyd, da África do Sul, cantou uma composição própria intitulada Painful love (Amor doloroso).

A professora Mônica Jurado, que também participou do espetáculo tocando percussão e conduzindo o coro, era uma das mais entusiasmadas com o talento das suas alunas. As explicações que acompanhavam cada dança e ritmos eram traduzidas, a fim de que todas entendessem o contexto das apresentações. Para este ano, a perspectiva é dar continuidade ao trabalho, tanto de música e dança, como de teatro, com a participação de mais reeducandas.

Da Agência Imprensa Oficial e da Secretaria de Administração Penitenciária