Preços agropecuários de 2008 fecharam em alta de 4,12%

É o que aponta o balanço anual realizado pelos pesquisadores do Instituto de Economia Agrícola

sex, 09/01/2009 - 17h06 | Do Portal do Governo

O ano de 2008 apresentou dois momentos nos preços recebidos pelo produtor paulista: um aumento durante o primeiro semestre e acentuado decréscimo a partir de setembro, com os primeiros sintomas da crise econômica mundial. É o que aponta o balanço anual realizado pelos pesquisadores do Instituto de Economia Agrícola, órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.

Durante todo o ano, a equipe de pesquisadores realiza o Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR). Em 2008, os índices dos produtos de origem vegetal (IqPR-V) e animal (IqPR-A) apresentaram variação positiva de 3,58% e 4,62%, respectivamente. Quando a cana-de-açúcar (principal produto) é excluída do cálculo, o IqPR fica em 1,01% e o IqPR-V fica com variação negativa de 3,38%.

Na comparação entre dezembro de 2007 e 2008, seis produtos registram alta: tomate de mesa (299,14%), arroz (46,69%), carne bovina (12,13%), cana-de-açúcar (7,89%), soja (3,18%), leite tipo B (1,67%). O tomate de mesa, que nas últimas quadrissemanas de dezembro de 2007 tivera queda expressiva em função da boa oferta, associada à baixa qualidade do produto (o clima na época da produção comprometeu a qualidade), apresenta uma grande elevação devido ao excesso de chuvas nas regiões produtoras. Também o arroz, no final de 2007, estava mergulhado numa conjuntura de preços muito baixos e desestimuladores para os produtores, que viram as cotações se recuperarem em 2008.

Os produtos que apresentaram maiores quedas de preços no período foram feijão (56,54%), milho (43,61%), amendoim (42,36%), laranja para indústria e mesa (40% e 39,56%), batata (34,91%) e banana nanica (28,18%). Segundo os pesquisadores, na situação inversa ao arroz e tomate de mesa, o feijão – que era o vilão da cesta de alimentos no final de 2007 – apresenta queda, refletindo uma continuidade da redução que ocorre desde o final de setembro e, ainda que chuvas tenham castigado as regiões produtoras do Sul e Sudeste, a oferta se mostra crescente, pressionando para baixo os preços recebidos pelos produtores.

Para os pesquisadores, os preços dos produtos agrícolas de 2008 não estiveram entre os que mais pressionaram os índices de inflação, pois o IqPR, incluindo produtos de origem vegetal e animal, tiveram variações anuais que devem ser menores que os acumulados anuais do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), medido mensalmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que mensura a inflação oficial.  Eles ressaltam, no entanto, que o comportamento dos preços não foi o mesmo durante todo o ano.

Nos primeiros seis meses verificou-se uma escalada de aumento de todos os índices de preços agropecuários. No período, houve preocupações com a exacerbada elevação dos preços dos alimentos no mundo. A partir de setembro, os indicadores de preços despencaram para níveis que, conquanto ainda superiores aos observados no início do ano de 2008, são muito menores que os verificados no final do primeiro semestre do ano. Isso porque os preços internacionais de commodities reduziram-se expressivamente em decorrência da crise econômica.

A trajetória dos indicadores de preços agropecuários em 2008 mostra que, no período de decisão de plantio da safra de verão, no final do primeiro semestre, os patamares de remuneração do produto de lavouras e criações estavam no pico – o que de forma concomitante ocorreu com insumos como fertilizantes e óleo diesel – e com o passar do tempo, em que muitos produtores já haviam feito o preparo o solo e/ou semeado e não mais tinham como reverter a decisão de plantio sem perdas, os indicadores diminuíram abruptamente. Isso configura na safra de verão 2008/2009 uma situação de descompasso entre preços e custos afetando a rentabilidade da agropecuária.

Da Secretaria de Agricultura e Abastecimento