Preço da cesta básica cai 0,53% em abril

O valor passou de R$ 262,85 para R$ 261,46

qua, 14/05/2008 - 19h15 | Do Portal do Governo

O valor da cesta básica de abril apresentou queda de 0,53%, revela pesquisa da Fundação Procon-SP, órgão vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, em convênio com o Dieese. O preço médio da cesta era de R$ 262,85 em 31 de março e passou para R$ 261,46, em 30 de abril.

Dentre os produtos que compõem o grupo Alimentação, destacamos os que registraram as maiores quedas de preço, neste mês: feijão carioquinha – pac. 1 kg. (-21,92%); batata – kg (-10,60%) e ovos brancos – dz (-5,48%). Os produtos que apresentaram a maior alta de preços no período foram: cebola – kg (13,19%); farinha de trigo – pac. 1 kg (9,15%) e arroz – tipo 2 – pac. 5 kg (7,50%).

Dos 31 produtos pesquisados, na variação mensal, 15 apresentaram alta, 12 diminuíram de preço e 04 permaneceram estáveis. Neste mês, o grupo Limpeza foi o que registrou a maior variação positiva (3,89%), seguido pelo Higiene Pessoal (1,21%). Alimentação registrou queda de 1,26%.

A variação no ano é de 1,11% (base 27/12/07) e, nos últimos 12 meses, de 21,04% (base 30/04/07).

É importante salientar que os aumentos ou quedas de preço dos produtos que compõem a cesta básica nem sempre estão atrelados a algum dese- quilíbrio entre oferta e demanda, motivado por razões internas (quebras de safra, política de preços mínimos aos produtores, conjuntura econômica do país, etc.) ou por razões externas (mudanças no cenário internacional, restrições políticas ou sanitárias às importações brasileiras, etc.).

As alterações de preços, especialmente as de pequena magnitude, podem refletir tão somente procedimentos adotados por determinados supermercados da amostra, seja para estimular a concorrência, para se destacar em algum segmento, ou simplesmente para desovar estoques com rebaixamento temporário dos preços.

A análise a seguir pretende focalizar os produtos com maior participação na variação do valor médio da cesta básica deste mês.

Feijão

O longo período de estiagem que atingiu a região sul, notadamente o Estado do Paraná – um dos maiores produtores de feijão carioquinha do País – provocou atraso no plantio. Em conseqüência disso e da redução da área plantada, a oferta foi restrita e os preços atingiram patamares muito altos nos últimos meses de 2007. Em janeiro deste ano os preços continuaram em alta, tendo em vista que problemas climáticos nas principais regiões produtoras provocaram quebra de um percentual significativo da safra.

No mês de fevereiro os preços do feijão começaram a declinar, graças ao aumento da oferta com as safras em Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Goiás e São Paulo. Em março, as condições climáticas favoreceram a secagem e a colheita do feijão em Capão Bonito, Itaí e Itapeva (calor com ocorrências de chuvas constantes e bem distribuídas).

Os preços recuaram ainda mais em abril, com o início da colheita da segunda safra do Paraná – principal Estado produtor. Na pesquisa da cesta básica, o feijão carioquinha apresentou a maior variação negativa mensal desde fevereiro de 2000 (quando registrou queda de 22,12% em relação ao mês anterior).

Batata

A batata é um produto bastante sensível a doenças e é exigente quanto às condições do solo e do clima. Isso pode explicar as alterações bruscas de preço que apresenta ao longo do ano.

Em fevereiro, a batata foi o produto que apresentou maior queda de preço na cesta básica; em março, por outro lado, foi responsável pela alta mais significativa dentro do grupo Alimentação. Em abril o preço voltou a cair, representando a 2ª maior queda do mês (perdendo apenas para o feijão)

Alguns produtores de Vargem Grande do Sul (SP) iniciaram o plantio da safra de inverno de batata no final de março e a safra de Cristalina (GO) iniciou-se em abril. O mercado, portanto, encontra-se abastecido, tendo como resultado o rebaixamento dos preços.

Ovos

O ano de 2008 iniciou-se com um processo de recuperação de preços do setor, graças a uma adequação da produção em relação à demanda. A produção tem sido reduzida gradativamente, com o descarte de galinhas.

No entanto, a fase de exuberância de preços, observada em fevereiro e março, parece estar ficando para trás. Em abril, o ovo extra branco comercializado no atacado paulista alcançou preço médio inferior ao registrado no mês anterior. Os custos de produção vem se elevando progressivamente, com a alta dos preços médios do milho (principal ingrediente da ração das galinhas). Além disso, a demanda voltou a se estabilizar, depois do incremento pontual do consumo em março, por ocasião da quaresma.

Na pesquisa da cesta básica, o movimento dos preços dos ovos repete o comportamento verificado no primeiro quadrimestre de 2007. Queda em janeiro, seguida de duas altas consecutivas, voltando a cair em abril.

Cebola

No início do ano, os preços na região sul e sudeste encontravam-se valorizados, em função da redução na área de plantio – em relação à temporada anterior – e da queda da produtividade, por conta de adversidades climáticas. A oferta só voltou a se estabelecer com a entrada do produto argentino.

A importação brasileira deveria ter se intensificado na segunda quinzena de março, mas a greve dos fiscais federais agropecuários atrasou a liberação das carretas, prejudicando a entrada do produto. Além disso, a greve dos produtores rurais interferiu na livre circulação dos veículos. Esses acontecimentos acabaram por comprometer a oferta no mês de abril, elevando os preços do produto.

Na pesquisa da cesta básica de abril, a cebola foi o produto que teve a maior variação positiva mensal (13,19%). Também representou a maior variação positiva acumulada no ano (49,28%).

Trigo

Os preços do cereal estão registrando forte valorização no mercado internacional. Importantes países produtores, como a Austrália, tiveram problemas climáticos na safra 2006/07 e, por conta disso, os estoques mundiais estão declinando rapidamente. Além disso, o governo argentino decidiu cessar, no fim de novembro passado, os registros de exportação, obrigando o Brasil a recorrer ao trigo de outros mercados (EUA, Canadá e Europa). No início deste ano, a Camex (Câmara de Comércio Exterior) reduziu a zero a TEC (tarifa externa comum) do trigo comprado fora do Mercosul.

A produção brasileira atual é de cerca de quatro milhões de toneladas. O restante do consumo é suprido com as importações, cada vez mais problemáticas num momento em que a demanda por trigo aumentou em todo o mundo e há quebra de safra na China – o maior produtor e também importador. O maior fornecedor do Brasil nessa área, a Argentina, revelou-se pouco confiável, tornando-se o grande pesadelo dos moinhos do País.

Os estoques do cereal no Brasil, que está na entressafra, devem atingir níveis mínimos no final de maio, segundo fontes da indústria. Com a elevação do preço do grão, muitos agricultores do Paraná e Rio Grande do Sul – maiores produtores de trigo no País – pretendem aumentar a área de plantio, apesar do encarecimento dos insumos.

Preocupado com a alta dos preços do trigo e dos derivados no mercado interno, o governo decidiu adotar um conjunto de medidas, entre as quais elevar os preços mínimos e o limite de financiamento para os produtores. A maior oferta de crédito faz parte da política em direção à auto-suficiência no abastecimento de trigo.

Na pesquisa da cesta básica de abril, o preço da farinha de trigo – pac.1 kg apresentou a maior variação positiva mensal desde junho de 2004 (quando registrou alta de 9,45% em relação ao mês anterior). Segundo a Abima (Associação Brasileira das Massas Alimentícias), os preços dos derivados do trigo não devem cair antes do segundo semestre de 2008.

Arroz

Depois de sofrer com o impacto da alta do feijão nos últimos meses, o consumidor começa a sentir no bolso o peso de outro produto básico na mesa do brasileiro: o arroz.

A alta mundial dos preços do arroz, provocada pelo aumento da demanda – por ocasião do aumento da renda, não só no Brasil como em outros países emergentes – foi recentemente agravada pela seqüência de anúncios de suspensão de exportações do cereal em diversos países (Camboja, Malásia, Cazaquistão, Vietnã, Índia, Indonésia e Egito). Segundo especialistas, o aumento do consumo e a redução na oferta mundial devem manter a tendência de alta nos preços até o fim de 2008.

No Brasil, os preços subiram em plena safra, já que não tivemos uma produção suficiente para elevar os estoques domésticos, diante de uma economia aquecida. Além disso, os dois países que nos abastecem para equilibrar a oferta – Argentina e Uruguai – também elevaram os preços.

Para evitar uma disparada nos preços do cereal e garantir o abastecimento no mercado doméstico, o governo vem tomando medidas, como suspender temporariamente as exportações e leiloar os estoques públicos de arroz, administrados pela CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento.

Na pesquisa da cesta básica, o preço do arroz tipo 2 apresentou a maior variação positiva mensal desde outubro de 2006 (quando registrou alta de 8,54% em relação ao mês anterior).

Do Procon-SP