Poupatempo lança serviço de atendimento voluntário para pessoas com deficiência visual

Novo programa pretende ajudar no acesso à informação e na inclusão desses cidadãos

seg, 10/05/2010 - 15h00 | Do Portal do Governo

Todo cidadão tem direito à cultura e à informação. Mas no caso das pessoas com deficiência visual, este acesso é, muitas vezes, limitado e até impossível. Afinal, algumas ainda não tiveram a oportunidade de aprender a ler em Braille e as que sabem nem sempre encontram publicações nesse sistema de leitura. Também é pequena a quantidade de obras em audiolivro.

Buscando uma alternativa para a inclusão dessa parcela da população, o Poupatempo Itaquera lança o Voz amiga, programa que vai ajudar no acesso à informação e inclusão de pessoas com deficiência visual. De acordo com o último censo do IBGE, o Brasil conta com mais de 16 milhões de pessoas com deficiência visual, das quais cerca de 2,6 milhões vivem no estado de São Paulo.  

O novo programa conta com atendimento feito por voluntários, a exemplo do trabalho que é realizado há mais de oito anos com o Escreve Cartas. A ideia nasceu de um cidadão que há anos toma emprestadas as mãos dos voluntários do Escreve Cartas do Poupatempo Itaquera para redigir ou endereçar suas missivas. Petrúcio Ramos da Silva, 65 anos, tem deficiência visual desde a adolescência. Ele é alfabetizado em Braille, mas sabe das dificuldades em encontrar qualquer tipo de publicação com o método de leitura que utiliza a sensibilidade tátil.

O Voz Amiga funciona assim: o atendimento é individualizado e realizado através de agendamento por telefone. Na data e hora marcada, o cidadão vai ao Poupatempo Itaquera levando o material para leitura, que é feita por um voluntário durante 30 minutos.

“Estamos realizando este novo atendimento desde abril do ano passado, como um projeto piloto. De lá pra cá, contamos com a ajuda de Petrúcio, idealizador do Voz Amiga, para formatar o serviço e definir o perfil desejado para a escolha dos voluntários leitores”, conta o gerente do Poupatempo Itaquera, Marcelo Pedrosa.

Segundo Pedrosa, a seleção dos voluntários tem que ser minuciosa: “Cinco características são fundamentais para quem quer se tornar um voluntário leitor: boa dicção, leitura clara e pausada, atenção, concentração e imparcialidade”.

Fim dos obstáculos 

Nedina da Silva, 43, se alfabetizou em Braille assim que descobriu que perderia a visão por completo, há sete anos. Há alguns meses, resolveu se inscrever em um curso profissionalizante, para facilitar a busca por um emprego. Logo, Nedina começou a encontrar obstáculos: “Entrei no curso, que utilizava o sistema de apostilas, mas não havia publicação em Braille”, diz.

Determinada a se dedicar aos estudos e com um gravador em punho, Nedina começou a abordar pessoas nas calçadas para ler os textos das apostilas de seu curso. “O que eu ouvia em sala de aula não era suficiente para estar preparada”.

Por meio de amigos, Nedina descobriu que podia tomar emprestada a voz de voluntários do Poupatempo Itaquera para continuar os estudos e chegar à tão sonhada faculdade. “Para nós [pessoas com deficiência visual], é a melhor coisa que a sociedade tem a oferecer. Nós não queremos o peixe, queremos aprender a pescar”.

Do Poupatempo