Pontal do Paranapanema aposta no cultivo de urucum como alternativa

Assentamentos da Fundação Itesp deverão expandir lavouras na região, que tem clima propício

qua, 16/01/2008 - 9h48 | Do Portal do Governo

Assentamentos do Pontal do Paranapanema produziram na safra do ano passado 80 mil quilos de sementes de urucum, do qual é extraído o pigmento bixina, usado como corante em queijos, iogurtes, salsichas, carnes, doces e cosméticos. O nível de pigmentação das sementes na região foi de 6,7%, enquanto a média nacional é de 2,8%.

A multinacional dinamarquesa CHR Hansen, com sede em Valinhos, na região de Campinas, compra a produção dos assentados. O urucum é usado como corante natural, em substituição aos sintéticos, e comercializado no Brasil e no exterior. No total, 41 famílias do extremo Oeste paulista cultivam a planta nos assentamentos da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp).

A CHR Hansen está expandindo as lavouras para 150 assentados de Mirante do Paranapanema, Sandovalina, Rosana e Santo Anastácio. Atualmente, são cultivados 200 hectares de urucum. Para a próxima safra estão previstos 360 hectares.

A produção de urucum começou em Monte Castelo, perto de Tupi Paulista. Na safra anterior, a CHR Hansen comprou R$ 4 milhões em sementes ali produzidas. “A região do Pontal tem o clima e a terra em condições totalmente favoráveis a essa cultura”, diz o supervisor de vendas da CHR Hansen, Plínio Péricles Mansim.

“Queremos mostrar que pode existir uma parceria entre as indústrias e os pequenos produtores”, afirma o coordenador regional da Fundação Itesp no Pontal do Paranapanema, Marco Túlio Vanalli. Para ele, há a possibilidade de expansão do urucum e também de outras culturas na região.Diversificação – O diretor-adjunto de Políticas de Desenvolvimento da Fundação Itesp, João Carlos Corsini, explica que essa é mais uma opção de cultura da região: “Num momento em que se fala em combate à monocultura, o urucum vem como alternativa para a diversificação no Pontal”.

Mansim se reuniu com vereadores e técnicos do Itesp em Mirante do Paranapanema. No encontro foram discutidas formas de desenvolvimento da cultura do urucum nos assentamentos. A prefeitura de Mirante ofereceu-se para adquirir as máquinas e emprestá-las para uso no beneficiamento da semente e preparo do solo. O Itesp vai contribuir capacitando seus técnicos e os produtores, promovendo cursos e elaborando projetos para a conquista de recursos. O representante dos assentados, José Montemor, afirma: “Estamos produzindo e vendendo, isso é tudo o que um produtor quer”.Baixo custo – Um arbusto rústico e de baixo custo de produção, o urucuzeiro não exige grandes cuidados. Os baixos custos para iniciar uma lavoura tornam a atividade atraente. Para cada hectare são recomendadas 250 mudas da árvore, com espaçamento de cinco metros e corredor de oito metros. Somente lavouras de porte médio ou grande exigem uma máquina para debulhar o grão, que custa cerca de R$ 1,5 mil.

Ao término de dois anos, as árvores começam a produzir. Em um hectare é possível colher 750 quilos. O preço dependerá do teor de bixina, componente que dá a cor ao urucum. Quanto mais alto o índice desse carotenóide, maior o preço pago ao produtor.

Do Itesp

(M.C.)