Policiais Militares criam biblioteca na zona sul com o apoio da população

Base Comunitária do Jardim Ranieri já desenvolveu diversos projetos sociais na região; esse beneficiará 51 mil habitantes

sex, 19/10/2007 - 12h15 | Do Portal do Governo

A frase grafada no muro ao lado da Base Comunitária da Polícia Militar do Jardim Ranieri, bairro carente da zona sul da capital, chama a atenção de quem passa: “Um país se constrói com livros”. Ali será inaugurada, em novembro, biblioteca criada a partir do empenho dos 25 policiais que compõem a 4a Companhia do 37o Batalhão. Com mais de 8 mil livros doados, beneficiará os 51 mil habitantes da região.

Os PMs tomaram essa iniciativa quando constataram que a população não tinha acesso aos livros, já que a biblioteca mais próxima fica a 12 quilômetros de distância do bairro. A própria comunidade pedia que alguma coisa fosse feita, assim encontrou na Base Comunitária parceiros interessados no projeto.

Durante quatro meses, os militares receberam doações de livros e materiais de construção para erguer a biblioteca. Escolas da região e ONGs, como o Instituto Sou da Paz e Reviver, do Capão Redondo, também colaboraram. Só a Reviver doou 5 mil exemplares. A comunidade contribuiu e ajudou na construção do espaço. Além disso, a Subprefeitura de M’Boi Mirim prometeu doar 11 computadores e prateleiras.

A biblioteca terá dois andares: no térreo, ficarão as publicações e os computadores; no piso superior, espaço para leitura. “A Base Comunitária do Jardim Ranieri não trabalha somente na área de segurança, mas também na parte social. Procuramos atuar em conjunto com outros órgãos, como a subprefeitura, e mediar soluções para os problemas das pessoas mais necessitadas”, diz o sargento Milton Vieira da Silva, coordenador do projeto da biblioteca.Comunidade faz planos – Toda a população poderá usufruir da biblioteca, mas o destaque do projeto são as crianças e os adolescentes. “O principal são as crianças, que convivem com a realidade violenta de perto. O objetivo é que retornem da escola e possam ir à biblioteca fazer trabalhos e pesquisas, além de ter acesso aos computadores e à Internet”, afirma o sargento.

Outra preocupação dos policiais é quanto ao tempo ocioso dos jovens. “Os pais saem para trabalhar e não sabem se os filhos vão para a escola; as crianças ficam sem fazer nada e à mercê de marginais. Chegamos à conclusão de que seria interessante a existência de uma biblioteca para termos contato com esses menores”, explica.

Os futuros freqüentadores concordam com a posição do sargento. Bruno, de 13 anos, conta que está fazendo um trabalho para a escola sobre saúde e que gostaria de ter mais informações a respeito do tema. “Se eu tivesse como ler outros livros saberia mais sobre o assunto. Ler é importante porque desenvolve o aprendizado”, constata.

Ansiosa para a inauguração, Juliane Ribeiro, 13 anos, sabe o que quer ler. “Adoro livros de investigação, como os de Sherlock Holmes. Já pensou ter a coleção inteira pra ler? Vai ser muito legal”. Afirma que não tem Internet em casa e que estuda muito longe. “Fica difícil pesquisar alguma coisa a mais”, diz a adolescente.Menos violência – Contribuindo com a educação, os policiais do Jardim Ranieri ajudam a diminuir a violência. De nove anos para cá, a taxa de homicídios caiu 80%, e projetos semelhantes a esse podem reduzir esse número ainda mais. Com o lema Combater a violência com inteligência, os policiais desejam colaborar para o futuro dos jovens. “A população da região é carente de informação, de cultura, e eu acredito que para mudar isso só mesmo com educação. Educação é essencial para a redução da criminalidade”, completa o sargento.

Moisés Augusto da Silva, líder da associação dos moradores, afirma que a biblioteca ampliará o interesse da população por livros. “Acho importante, porque aqui não temos acesso a nada disso. É bom ter cultura”, opina.Prêmios – A 4a Companhia do 37o Batalhão da Base Comunitária do Jardim Ranieri sempre desenvolveu projetos sociais e ganhou prêmios por isso. Uma das grandes idéias foi o Projeto Canteiros, realizado em 2006. Os policiais colocaram canteiros na Estrada do M’Boi Mirim para evitar acidentes de trânsito, que ocorriam com freqüência.

Além disso, dez policiais foram conhecer uma base comunitária em Tóquio, no Japão, para trocar experiências. Nessa viagem de 15 dias, em agosto de 2006, o sargento Vieira pôde adquirir novos conhecimentos e aplicá-los em sua comunidade, garantindo maior atenção da polícia aos aspectos sociais.

O líder da associação dos moradores acredita que, para a comunidade, a imagem da polícia mudou. “Com esses projetos, a população passa a ver a PM de forma mais positiva”, afirma. A base tem 12 policiais, dos quais oito trabalham de dia e quatro à noite.Maria Fernanda Teperdgian

Da Secretaria de Segurança Pública / Agência Imprensa Oficial

(C.C.)